sexta-feira, 15 de julho de 2011

Balneário de Fazendinha: área de desinteresse turístico


Antes da criação de Território Federal do Amapá, por volta do final da década de 20 e início da década de 30, as terras onde atualmente se localiza o Distrito de Fazendinha era (como o próprio nome diz) uma fazenda a qual pertencia à família Coutinho, cuja origem é portuguesa e que imigrou para a região em busca de melhores condições de vida; o chefe dessa, adquiriu as terras da fazenda bem como várias outras nas ilhas próximas.
Os filhos do referido chefe de família: Mateus, João e Raimundo de Azevedo Coutinho herdaram as propriedades. Ressalta-se que a João couberam as terras nas quais hoje se localiza o balneário, e após seu falecimento tais terras passaram a pertencer a seus filhos que por serem menores de idade ficaram sob a tutela do Coronel Jovino Dinoá, o qual passou a ser o administrador da fazenda.
 A área foi dividida em lotes e alugada para seringueiros, agricultores e pescadores; em sua  maioria migrantes do nordeste e do interior do Pará, os quais vinham em busca de trabalho e dessa maneira terem melhores condições de vida; dando início ao povoamento da região.
O surgimento do Balneário foi no final da década de 60, em função da população de Macapá e Santana não ter muitas opções de lazer e por tanto passou a procurar a localidade para divertimento e banho, acabou encontrando e aproveitando a presença e as belezas naturais do rio Amazonas e da praia, com o passar do tempo veio a se chamar Balneário de Fazendinha. Desde então, chegaram mais famílias visando fixar residências no local, e foram assim surgindo os primeiros estabelecimentos comerciais e barzinhos ao longo da praia para atender aos banhistas.
A partir de então o Governo viu-se na obrigação de criar um lugar com mais infraestrutura de praia para atender às necessidades daqueles que procuravam a localidade e para tanto construiu: barraquinhas, estacionamento, calçadão, asfaltou a via que existe ali, e procurou melhorar também o sistema de transporte coletivo para que a população de baixa renda pudesse desfrutar deste lazer nos finais de semana.
Na década de 1970, o Governo do Território do Amapá contratou um escritório de arquitetura em Belém do Pará para apresentar um projeto de grande envergadura, a idéia inicial era integrar o espaço onde hoje funciona a EXPO-feira até a área do Balneário. Tal projeto não foi materializado, esse fator, talvez tenha sido decisivo para que esta área se transformasse em anos posteriores em uma área eminentemente residencial, descaracterizando a concepção inicial para qual foi criada.
A via de acesso ao balneário ocorre por uma rua, tida como uma das principais e mais bem estruturadas da área, apresenta muitos problemas tais como: a arborização inadequada devido ser uma espécie frutífera e com raízes que afloram para a superfície; não há a presença de calçadas destinadas ao passeio público, assim a população tem que caminhar no local destinado ao acostamento de veículos e pouco espaço para o pedestre caminhar que é tomado por jardins particulares; a faixa para o ciclista é inexistente e a sinalização tanto vertical como horizontal é precária.
No que concerne ao uso do solo, o Balneário da Fazendinha está classificado como residencial em um setor, Área de Interesse Turístico (AIT) em outro setor e também como Área de Interesse Comercial (AIC), sendo assim considerada por destinar o uso de residência, turismo e comércio do lugar. No balneário existem diversos bares, restaurantes e casas, sendo que muitas dessas residências são de uso misto. É uma área que tem um fluxo de pessoas e negócios no período de julho, quando se realiza o Macapá Verão, e em dezembro mês de férias. O restante do ano o movimento é baixo o que muitas das vezes traz muitos prejuízos aos comerciantes.
O crescimento das cidades de Macapá e Santana, e o aparecimento de outras fontes de entretenimento, desestimularam o aperfeiçoamento do Balneário da Fazendinha que foi sendo abandonado gradualmente e chegasse ao estado atual de decadência. Além disso, é distrito pertencente ao município de Macapá, fica localizado na parte Sul do município teve sua gênese como Área de Indução e Invasão e possui uma Reserva Biológica (REBIO) da Fazendinha (lado esquerdo do Balneário até o direito do Rio Fortaleza).
Com a duplicação da Rodovia JK, o Balneário de Fazendinha teve um acentuado desenvolvimento, uma nova organização social e política, porém, a duplicação da Rodovia JK, também ocasionou a desagregação dos costumes locais principalmente de moradores que residiam de frente para o rio, as comunidades mudaram completamente, descaracterizando o caráter que sempre movimentou a paisagem ribeirinha do Balneário da Fazendinha. Não houve para esta área o trato adequado de definir de fato como está no Plano Diretor de Macapá, Área de Interesse Turístico, na prática acabou se configurando como uma área de desinteresse turístico faltou investimentos estruturais definitivos para transformar o Balneário de Fazendinha de fato em uma grande atração da cidade de Macapá.

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