sexta-feira, 29 de julho de 2011

Combate ao Caramujo Africano no Amapá


Reinaldo Coelho
Da Reportagem

De Norte a Sul do País, uma nova praga vem dando muita dor de cabeça para os brasileiros nesse verão: o caramujo gigante africano (Achatina Fulica). Com apenas 15 centímetros de diâmetro e pesando até 200g, o molusco pode provocar doenças em humanos e animais domésticos, contaminar a água e arrasar jardins e plantações. Capaz de se reproduzir de forma rápida, o caramujo africano se prolifera principalmente na região litorânea e já foi detectado em 24 dos 26 estados brasileiros.
Foi introduzido no Brasil com objetivo de ser cultivado para substituir o escargot (Helix ssp) nos restaurantes especializados em comidas exóticas. Como o objetivo não foi alcançado e, principalmente por falta de informação, criadores soltaram os caramujos no meio ambiente, o que gerou uma exponencial proliferação no território brasileiro. Esses moluscos têm comprovado sua ação nociva, pois estabelecem populações em vida livre e se tornam séria praga agrícola. São também considerados vilões juntamente com o desmatamento, na redução da biodiversidade do planeta.
O Brasil possui um excelente ambiente para sua proliferação, além de ter poucos agentes biológicos que possam controlá-lo. Na região Amazônica a preocupação é maior, pois o caramujo africano pode competir com a fauna nativa e causar desequilíbrio ecológico. Recentes estudos registram que mais de 500 tipos de plantas são devoradas por este molusco, além disso, comem papelão, isopor e até sola de sapato.
Especialistas confirmam que o caramujo africano pode de fato transmitir ao homem os vermes que causam peritonite e meningite. “Potencialmente, esse molusco pode hospedar dois parasitos. O primeiro deles é o Angiostrongylus cantonensis, responsável por um tipo de meningite que ocorre principalmente na Ásia, havendo alguns casos descritos em Cuba, Porto Rico e Estados Unidos”, resume. “Embora no Brasil não haja registro dessa parasitose, sua introdução é possível, principalmente em regiões próximas às áreas portuárias, através de ratos de navios que chegam de países asiáticos”, alerta.
Além da questão ambiental e da saúde humana e animal, esses caramujos são também considerados pragas agrícolas, pois se alimentam vorazmente de vários tipos de plantas ornamentais e de culturas de subsistência.
Por conta desses invasores o Ibama nacional criou a Coordenadoria de Manejo de Fauna na Natureza, o Comfan.  Com a criação do Comfan o Ibama pretende ampliar o combate e o controle das espécies prejudiciais ao homem e ao meio ambiente. As consideradas exóticas e invasoras, da qual se destaca o caramujo africano. A outra é o javali. Existe um plano de ação do Ibama para o controle e combate ao caramujo africano  que o está implantando em alguns municípios do país. Ao todo são 23 estados. Sem estrutura suficiente para atender a todos de imediato, O Ibama está  fazendo as visitas in loco para que assim possam  implantar o programa piloto em pelo menos um município por estado atingido.
No Amapá
O Caramujo encontra-se em Macapá e Santana. Mas, a Secretaria de Meio Ambiente, com suas quatro coordenadorias, está trabalhando para mapear todo o Estado, dando início ao projeto piloto, podendo subsidiar o Amapá para trabalhar com política pública. “Sabemos da necessidade de buscar vários órgãos para trabalhar no controle do caramujo gigante africano”, disse o secretário.
A Sema contará com parceiros, como a Semam, Semur, Anvisa, Infraero, Batalhão Ambiental, Sesa e CDSA.  Esta equipe esteve no mês de maio na Área de Preservação Ambiental (APA) da Fazendinha, com uma campanha de combate ao Caramujo Africano.
Primeiramente a campanha na APA da Fazendinha, por ser um dos pólos hortigranjeiros do Amapá e está predominando as denuncias da proliferação do caramujo africano na localidade, a equipe deu inicio a palestras de sensibilização, onde levou as  informações sobre as doenças que esses moluscos transmitem, como se deve agir diante desse molusco e mostrar qual o método de controle.
Agricultores da zona rural de Macapá estão preocupados com o ataque de caramujos africanos. Os caramujos africanos aparecem com freqüência na zona Urbana de Macapá. Agora eles começaram a aparecer num pólo agrícola, a dezesseis quilômetros da capital. O polo tem cerca de vinte produtores rurais, que abastecem com hortaliças o mercado local. As folhas viraram um banquete para os moluscos.

Os caramujos gostam de áreas sombreadas e úmidas. Como o primeiro semestre do ano é o período chuvoso no Amapá, eles estão mais ativos. “Nós lutamos contra eles através da lanterna. À noite a gente cata todos. Estamos conseguindo nos livrar um pouco, mas mesmo assim eles estão comendo muito as plantas, principalmente quando chove”, diz Raimundo Miranda, agricultor.
Zoonose
O coordenador de zoonoses do estado diz que já existe um procedimento padrão, estipulado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), para o controle e combate do caramujo africano. A recomendação de como lidar com o molusco não tem um grande segredo, ou produto eficaz para acabar com a praga.
Na fazendinha, no pólo hortifrutigranjeiro de Macapá eles estão comprometendo as plantações. O alimento predileto são hortaliças que agora não estão tendo a chance de crescer. Os caramujos estão invadindo também as áreas residenciais de Macapá. Em algumas casas os moradores não sabem mais o que fazer para se livrar do molusculo.

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MÉTODOS DE CONTROLE
Os especialistas na biologia do caramujo gigante africano recomendam os seguintes métodos para seu controle:
 1- catação manual (com luvas descartáveis ou sacos plásticos) do caramujo e seus ovos, colocando-os em sacos plásticos com sal e depois de mortos sendo recolhidos pelo serviço de coleta de lixo ou enterrá-los em um buraco de aproximadamente 80cm com adição de cal;
 2 - embalagens em sacos plásticos, colocar os caramujos em vasilhame com salmoura (5 colheres de sal para um litro de água) e depois de mortos, colocar para recolhimento pelo serviço de coleta de lixo em latões com adição de cal virgem ou enterrar em buraco de aproximadamente 80cm com a cal virgem em terrenos baldios. A cal evita a contaminação do solo e do lençol freático;
 3 – incineração, macerar os caramujos e enterrá-los em um buraco de aproximadamente 80 cm com adição de cal virgem ou com adição de cloro antes do enterramento.
ALGUMAS RECOMENDAÇÕES À POPULAÇÃO
1-      Não utilizar os caramujos gigantes africanos como alimento ou isca para pescar;
2-      Não tentar criá-los, pois há legislação proibindo;
3-       Não utilizar agro-químicos para exterminá-los, pois pode provocar intoxicações nas pessoas e a contaminação do meio ambiente;
4-       Não deixar crianças brincarem com os caramujos ou efetuar catação manual;
5-       Não jogar os caramujos vivos no lixo, terrenos baldios ou qualquer outro local;
6-       Efetuar a catação manual dos caramujos, protegendo as mãos com sacos plásticos ou luvas, evitando o contato da secreção do caramujo com a pele humana. Depois de efetuada a catação, os caramujos deverão ser sacrificados e descartados, conforme citado acima;
7-       A catação deve ser feita manualmente nas áreas endêmicas, pois essa é a única técnica possível conhecida e segura e repetida com freqüência, pois esses animais se reproduzem com muita rapidez;
8-       Em áreas endêmicas ao caramujo, desinfetar verduras, legumes e frutas em uma solução de água clorada (1 colher de sopa de água sanitária em 1 litro de água) deixando-as submersas por 30 minutos;
9-      Manter o quintal e terrenos de sua propriedade em boas condições de limpeza retirando entulhos, vasilhames velhos, madeiras, matos e fezes dos animais domésticos, evitando assim a criação e infestações por caramujos;
10-    Em locais sujeitos à infestação devem ser colocadas iscas das plantas preferidas ou iscas molusquicidas. As conseqüências da proliferação do caramujo gigante africano no território brasileiro ainda não são mensuráveis, mas os registros dos danos até o momento são extremamente preocupantes.

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