Outro dia, enquanto assistia a um filme em que, após muita luta e sofrimento, o mocinho e a mocinha ficavam juntos, comecei a imaginar como seria a vida desses dois personagens depois que as luzes se apagassem e eles passassem a viver no mundo real que todos nós enfrentamos diariamente.
Não que eu queira dizer que o casal vá se separar ou então que, ao menor dos problemas, o amor entre eles vai acabar. O que eu quero dizer é... Como seria a história deles? A vida propriamente dita.
Na verdade, penso nisso quase que diariamente. Em como será a história que cada um de nós irá deixar, em como nossas escolhas afetarão o nosso futuro e o de outras pessoas, pois as nossas decisões não influem somente em nós mesmos, mas em quem está ao nosso redor também.
Talvez tudo isso seja devido ao fato de que História sempre foi uma das coisas que mais me interessou, ou porque pensar nisso nos torna pessoas mais conscientes. Mas, em todo caso, verdade seja dita: todos nós vamos deixar alguma coisa pela qual seremos lembrados, um jeito de falar, uma risada, ou até mesmo aquela maneira engraçada como fulano andava.
Ainda que seja estranho pensar, é importante lembrar-se dessas coisas uma vez ou outra. E tal exercício é engraçado até. Principalmente quando chegam as férias e você tem a chance de descansar e refletir sobre tudo o que já aconteceu e imaginar as inúmeras aventuras e situações que ainda vão acontecer. Pensar nas histórias que cada um vai ouvir e contar para os amigos, e sobre as coisas que você fez e não fez, já que as coisas não feitas são importantes também.
São esses pequenos momentos rememorados os que mais importam. Quando você ouve aquela piada sem graça e ri, só para “não perder a amizade”. Quando esquece o que ia falar e os seus amigos riem com você. Quando vocês estão todos juntos e isto basta. São dessas situações que você vai se recordar no futuro e pensar em como é bom viver coisas assim, em como é divertido.
E tais fatos fazem com que eu também me lembre de um poema chamado "Memórias", mostrado a mim, um dia, por minha professora de redação, do autor Gabriel Garcia Márquez: “A vida não é a que a gente viveu/ E sim a que a gente recorda/ E como recorda para contá-la”. Estes três versinhos tão profundos me fizeram pensar muito.
Pensar que, querendo ou não, o mais importante não é como a história aconteceu, mas como ela será contada posteriormente. Quantas vezes nós ouvimos alguma coisa e pensamos: “isso não é verdade”, ou então “não deve ter sido assim que isso aconteceu”?!
Cada um tem a chance de escrever a sua própria história, do jeito que quiser, e, acima de tudo, quando quiser. Podendo começá-la a qualquer momento, e a todo instante reescrevendo-a, afinal de contas, qual seria a graça de produzir a sua própria história se você mesmo não pode fazê-la do seu jeito?
É por isso que podemos tornar tudo diferente, mais divertido. Aproveitando o momento. Por exemplo, as férias, que já estão pela metade e tantas coisas ainda podem ser feitas, tanto ainda pode ser dito. E é aí que a gente se lembra daquele casal de mocinhos do início desta história, e das situações que, assim como nós, eles ainda vão viver e enfrentar. E das outras histórias que eles vão contar e até mesmo das que vão inventar, afinal, o que seria da vida sem um pouquinho de imaginação? Bem mais sem graça, imagino. Ou melhor, afirmo.
Assim, é sempre bom pensar no futuro, no que ele nos reserva, e em como ele será. Aprendendo com o passado, mas sem se esquecer do presente, pois, como diz o ditado, “bola pra frente que atrás vem gente” (meu pai sempre fala).
E, quando terminarem as férias e todos voltarem às suas rotinas, sempre haverá aquela luzinha no final do túnel, aquela esperança e certeza de que, no fim do ano, as férias voltarão e a gente poderá pensar em tudo isso de novo.
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