sexta-feira, 22 de julho de 2011

Senador anuncia “aposentadoria” , mas ainda há quem duvide


Com 57 anos de idade na política brasileira, 24 deles como senador pelo estado do Amapá, o presidente do Senado e ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP), anunciou, recentemente, que sairá da vida pública em 2014, quando acaba seu mandato no senado.
Durante o lançamento, no Maranhão, do livro “Sarney, a Biografia”, escrito pela jornalista Regina Echeverria, ocorrida no último dia 18, tanto o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), quanto sua filha, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), afirmaram que não pretendem mais se candidatarem a cargos eletivos nas próximas eleições.
Sarney afirmou que o mandato atual, como senador, é o seu último. Após à vida política, o presidente do Senado pretende dedicar seu tempo à literatura. “Não vou participar de nenhuma eleição. Vou assistir como espectador às próximas eleições”, disse Sarney.
O anúncio feito no Maranhão, mas repercutiu, é claro, no Amapá, onde Sarney  obteve três mandatos de senador desde que deixou à Presidência da República. Para a oposição ao senador no Estado, a aposentadoria política de Sarney, representa o fim de uma era de forte influência política do ex-presidente no cenário político local. Já entre os aliados, à decisão, aos poucos ainda vai sendo assimilada. Enquanto alguns começam a pensar sobre a herança política, outros preferem aguardar até 2014, para  então confirmar a posição manifestada agora por Sarney.
O motivo para às  dúvidas, sobre a possível aposentadoria, reside nas declarações anteriores do senador em relação a disputa pela presidência do Senado Federal. Em outubro, de 2010, José Sarney declarou que não iria mais se candidatar à reeleição para à  presidência da casa no próximo ano. “Já dei minha cota de sacrifício”, disse o presidente.

Quatro meses depois, em fevereiro de 2011, o senador foi eleito para mais dois anos no cargo, afirmando aos jornalistas que os 70 votos, recebidos por ele, era uma prova de confiança dos senadores. Sarney venceu à disputa para à Presidência da casa, contra o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), 38 anos, declarando também,” que a vitória no pleito foi a maior emoção de sua vida”.
‘Acho que foi a maior votação que já houve em uma eleição com dois candidatos nesta Casa. Eu recebo como uma prova de confiança. Eu me emocionei como nunca na minha vida. Estou assumindo este mandato com o gosto da despedida, pois é, sem dúvida, meu último mandato” disse novamente Sarney.
Possíveis Sinais da aposentadoria   
Considerado pelos oposicionistas do atual governador do Estado, como a maior liderança local, Sarney já não mostrou o mesmo animo político no pleito passado. No primeiro turn,o não participou diretamente das eleições, alegando laços de amizade com a maioria dos candidatos ao governo. No segundo turno, teria apoiado o petebista Lucas Barreto, porém não apareceu no horário eleitoral.
A postura foi bem diferente da adotada em 2008, quando chegou ao estado no segundo turno das eleições e atuou diretamente na virada política que conduziu Roberto Góes a prefeitura da capital. O líder das pesquisas era Camilo Capiberibe, atual governador, derrotado por uma diferença mínima de votos. 
Para alguns analistas políticos, as circunstâncias das eleições de 2006, seria uma das razões, senão a principal razão, para à aposentadoria política. Diferente das duas eleições anteriores, quando disputou uma cadeira ao senado pelo Amapá, sem praticamente realizar grandes campanhas eleitorais em 2006, teve que sair as ruas, descer baixadas e pedir voto do eleitor no corpo a corpo. O risco de não conseguir a reeleição era eminente, tanto que a grande imprensa veio para o Estado acompanhar o resultado do pleito. Embora com o mais alto índice de rejeição, dentre os candidatos ao Senado pelo Amapá, nas pesquisas eleitorais, Sarney venceu o pleito e manteve-se no Senado com 53,8% dos votos válidos, contra 43,5% da segunda colocada, Maria Cristina Almeida (PSB), e 1,2% da terceira colocada, Celisa Capelari (PSOL).

Atuação
Para os aliados do senador, a passagem dele pelo Estado, trouxe bons  resultados, como a “Área de Livre Comércio de Macapá e Santana”,  “Zona Franca Verde” e a transferência das terras da União para o Estado. Já à oposição tem outro entendimento, entende que o peso político do ex-presidente, em Brasília, poderia ter alcançado resultados bem maiores e mais significativos aos amapaenses. 
Na prática, apenas o Partido Socialista Brasileiro no Amapá (PSB/AP), fez oposição ao senador nos últimos anos..
Sarney conseguiu ter entre os aliados até mesmo o PT e o PCdoB, antes oposição, enquanto ele ocupou à presidência da república.
Trajetória Política   
José Sarney ingressou na carreira política em 1954, quando filiado ao Partido Social Democrático (PSD), foi eleito suplente de Deputado Federal, sendo portanto, o parlamentar mais antigo em atividade no Congresso Nacional.  Não conformado com a liderança partidária de Vitorino Freire, migrou para a União Democrática Nacional (UDN), onde foi eleito Deputado Federal, em 1958 e 1962,  e em 1965, com o apoio do Presidente Castelo Branco, elegeu-se Governador do Estado do Maranhão ;..
Pelo Partido da Aliança Renovadora Nacional (ARENA), foi eleito Senador em 1970 e 1978. Presidiu à ARENA e depois o Partido Democrático Social –PDS,(que sucedeu  à  Arena), durante o governo de João Figueiredo. Na eleição presidencial brasileira de 1985, descontente com a candidatura de Paulo Maluf à presidência, Sarney retirou-se da presidência do PDS para criar o Partido da Frente Liberal (PFL), e assim, construir uma Aliança Democrática com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e concorrer à vice-presidência, junto à chapa de Tancredo Neves.
Após  transmitir a presidência em 15 de março de 1990, a Fernando Collor de Melo, Sarney transferiu seu domicílio eleitoral para o recém-criado estado do Amapá, antigo Território Federal do Amapá.  Candidatou-se e foi eleito senador no mesmo ano.
Segundo denúncias de imprensa da época, a transferência de domicílio eleitoral e sua eleição, seriam uma forma de impedir que Collor fizesse uma devassa no governo Sarney e atingisse seu antecessor, embora, curiosamente, o próprio Collor fosse afastado do cargo por motivo semelhante . Reeleito ao Senado em 1998 e 2006, é representante do Amapá há quase vinte anos.

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