sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sobrevivente - Maria Raimunda Silva dos Santos e Feliciano Sá França

“Nossa união em primeiro lugar, a discórdia não leva a lugar nenhum”
Maria Raimunda Silva dos Santos e Feliciano Sá França
Abinoan Santiago
Da Reportagem/Estagiário

O sobrevivente dessa semana é em dose dupla. Vamos falar de um casal no qual perpetua na base de união e respeito há mais de 50 anos, um casal que ainda criança vieram juntos para o Amapá com seus pais para a mesma cidade, Mazagão. Ela se chama Maria Raimunda Silva dos Santos e ele, Feliciano Sá França.
Maria Raimunda é mais conhecida no seu bairro (Trem) como prof. Raimundinha, nascida no dia 11 de junho de 38, 73 anos, natural de Afuá, no Pará. A prof. Raimundinha é uma dos 7 filhos que o casal de lavradores Manoel Vaz da Silva e da dona Francisca Rodrigues da Silva tiveram. A sobrevivente é uma pessoa com um jeito cativante, não tira o sorriso do rosto, e ainda disse que não consegue ficar parada, “Levanto cedo, faço o meu café, rezo o meu terço, saio para caminhar com duas amigas, nós damos 5 ou 6 voltas no estádio Glicério Marques, volto e vou comprar pão, eu não sei ficar parada”, afirma.
Feliciano Sá França, nascido no dia 17 de Outubro de 1936, é natural de Ajará (PA), filho dos paraenses, Firmo Estrela dos Santos e de Raimunda Ferreira Sá, seus pais lhe deram 11 irmãos. Na juventude, Feliciano França dividia seu tempo entre o trabalho e a vida de desportista, chegando jogar futebol em alguns dos principais clubes do Amapá, “Joguei pelo Amapá Clube, pelo Santana Clube, na seleção do município de Mazagão, pelo Fazendinha Esporte Clube, encerrando suas atividades como desportistas no  Cruzeiro, em Macapá”, concluiu.
Amor de vizinho
O matrimonio de Maria Raimunda e Feliciano França perpetua há 55 anos, um casal que na base de muito amor compreensão e união tiveram seis filhos, o Advogado Mário Fernando,  a professora Fátima Marize, a dentista Cristina Diorene, a assistente social Meri Fernanda e Fábio Silva dos Santos. Eles possuem 22 netos e 8 bisnetos.
O casal se conheceu no Amapá, no município de Mazagão, Maria Raimunda diz: “Éramos vizinhos, e amor de vizinho pega”, depois de  namorarem, casaram no dia 20 de setembro de 1955. Quando perguntamos sobre a receita para um casamento tão belo quanto o deles, foram diretos na resposta, “A compreensão mútua, o respeito em primeiro lugar, o amor mútuo, respeitar a opinião do outro e o espaço do seu companheiro”, afirmaram sobre o casamento de ouro.

Dedicação ao trabalho
O casal dedicou boa parte de suas vidas prestando serviços ao Estado Amapá, sendo que os dois se aposentaram no mesmo ano, 1991.
Maria Raimunda, “a prof. Raimundinha” passou 21 anos de sua vida lecionando em várias escolas do Amapá, chegou a trabalhar no Bailique, onde ficou mais de um ano com sua família, “Lá só tinha de doce as melancias e a água da chuva, afinal, lá era água salgada e estranhamos muito”, contou. Em Macapá, lecionou em escolas como Santina Rioli, Escola Evangélica de Macapá, na Escola Paroquial São José, em seguida foi transferida para Mazagão, lugar onde foi professora de crianças que hoje são autoridades daquele município, como o atual prefeito Carlos Augusto (Marmitão).
 O penúltimo município que trabalhou foi Calçoene, passando cinco anos naquele local. Antigamente os professores não tinham a escolha de onde queriam trabalhar, como conta a sobrevivente, “Naquela época eles não perguntavam para onde tu querias ir, eles ordenavam você lecionar  para tal lugar e tínhamos que ir, então muitos professores largavam filho, mulher, parentes quando não podiam levá-los, afirmou citando as longas e péssimas viagens pelo interior do estado, “Viajávamos em terras de chão batido, naqueles ‘pau de araras’, íamos em um dia e chegávamos no posteiror, muitas vezes”, concluiu. Depois de ter trabalhado em Calçoene, a prof. Raimundinha retornou para Macapá, por que seus filhos passaram para o segundo grau e na época, apenas a capital o possuía. A última escola que ela trabalhou foi na Castelo Branco, onde ficou até o ano de 1991, se aposentando por complicações de saúde.
Os anos dedicados a educação, a sobrevivente enche os olhos de orgulho pelo fato de ter sempre trabalhado de maneira honesta com os seus alunos, ”Eu trabalhei com muita honestidade e graças a Deus nenhum aluno meu foi para a diretoria, eu resolvia os meus problemas com eles dentro da minha sala de aula, tenho alunos que até hoje se lembram de mim”, concluiu com orgulho.
Depois da aposentadoria em 1991, ela ainda teve oportunidade de lecionar, mas conta que não aceitou, “Hoje em dia eu não entraria numa sala de aula nem pelo triplo do meu salário, por que os alunos de hoje não querem estudar, eles não tem amor ao professor que está na sala aula dando a sua disciplina e principalmente pelo os pais que batalham para que eles sejam alguém na vida”.
O seu Feliciano França começou trabalhar ainda menino com os pais e irmãos no trabalho braçal, ele se dividia entre os estudos e trabalho, “Nós estudávamos e quando chegava as férias tínhamos que ir para a lavoura  ajudar os meus pais”, disse.
Já em Mazagão, o sobrevivente dessa semana trabalhou na prefeitura daquele município como trabalhador rural, em seguida foi para o governo do estado, passando quatro anos prestando serviços também como trabalhador rural, chegando a ajudar na construção da estada Mazagão novo/Mazagão velho, saindo às 4hs da manhã de casa, caminhando 9 km pra ir e outros 9 km para voltar do local de trabalho.
Em 1966, ele foi indicado para a Guarda Territorial, onde permaneceu até 1991, ano de sua aposentadoria, foram 25 de serviços na guarda, onde trabalhou com honestidade, “Eu abracei a profissão que me ofereceu as melhores oportunidades, graças a ela eu consegui criar os meus filhos com dignidade”, afirmou.
No seu trabalho, ele era conhecido pela a sua dedicação e educação de como abordava as pessoas enquanto estava exercendo a profissão. O nosso sobrevivente conta com orgulho que diferentemente de muitos policiais, não teve nenhum processo contra ele, “Eu me aposentei sem ter sido punido ou chamado a atenção nenhuma vez enquanto trabalhava. Em anos dedicados a segurança pública do estado eu não levei nenhum processo. Todo mundo gostava de mim e do meu serviço” afirmou.
Aposentadoria
Ambos se aposentaram no mesmo ano, 1991, desde essa data os dois passaram a se dedicar aos filhos, netos e bisnetos, “Os avós são pais duas vezes”, conta o casal com um olhar de orgulho. Hoje em dia o casal aproveita a aposentadoria passeando por balneários da capital e do interior do Amapá e possuem apenas o desejo da continuação da paz familiar, assim como a  união, “Almejamos a paz na família e que ela continue unida”, finalizou o casal.

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