Frase da semana: “Sexo pra mim é como ações de caridade – eu sei o que é, já fiz muito, dei dinheiro algumas vezes, tenho amigos que fazem sempre, alguns fazem sem contar pra ninguém e outros preferem que todos saibam. E hoje eu quase não faço por falta de gente caridosa”.
Desculpe, mas não bebo!
Basta esta frase e uma avalanche de outras vem em seguida: Sua religião não permite? Mas porque? Algum motivo especial? É trauma de infância? Alguém bebe na sua família? Você é de Peixes (o signo)?
Há quem ainda, num soslaio, pergunte se faço parte do AA (Alcoólatras Anônimos), em franca e permanente recuperação. Durante muito tempo, quando ainda amanhecia em botecos com bons amigos, eu desconversava. Sabe, a feijoada de ontem, hoje estou com azia... amanhã preciso acordar cedo... Mas era desconfortável. Passei para a segunda fase: tentar gostar. Quem sabe, educando o paladar, eu parasse de me sentir um E.T recebendo olhares desconfiados. Mas foi como tentar comer sal no deserto. Não teve jeito. E depois destas duas etapas distintas, resolvi assumir mesmo, na cara dura, como se pecado fosse desperdiçar tal preciosidade: "Não, obrigado, eu não bebo!".
E logo que deixei de me incomodar com as toneladas de perguntas sobre este meu insano vício de viver sóbrio, foi a vez de observar melhor a reação das pessoas diante da minha declaração, quase juramento, de que nada há de errado comigo. Bem na verdade, apenas uma coisa: eu não gosto de bebida alcoólica. Simplesmente. Não, ninguém bebeu ou bebe de ficar "alto" na minha família...Não, eu nem sei se tenho de fato, uma religião, apesar de freqüentar religiosamente a Igreja Batista, onde me batizei. Felizmente nunca passei por alguma situação em minha infância que justifique um trauma (mas confesso que quase fiquei traumatizado pelo fato de não beber) E finalmente, eu declaro, a quem interessar possa, que não freqüento o AA.
Não que isto signifique uma certidão autenticada em cartório, de que estou falando a verdade. Mas este fato não é o mais inoportuno. Chatice mesmo, daquelas de querer cortar os pulsos, é alguém tentando convencer (a ele mesmo?) de que "aquela" bebida em especial você há de gostar! "É leve, meu irmão trouxe da Indochina, é feita artesanalmente, uma raridade. Mas nem um golinho?" É dose!!
Isto, sem falar que sempre sou eleito por unanimidade, para levar todo mundo para casa no final da festa! O que realmente não me aborrece nenhum pouco. Mas seria bem mais agradável se o agradecimento fosse feito com a isenção de perguntas e insistências. Ou para quando você ousa dar uma gostosa gargalhada, e a sua simplória coca-cola com gelo e limão, se transforma na piada da noite!
Mas como aprendi, que quando alguma coisa não nos controla temos que carregá-la, levo a minha sina de ser sóbrio e tento fazê-la com bom humor. Hoje quando algum desavisado começa a sabatina toda de novo, já respondo de antemão, parafraseando Clarice Lispector: "Não, obrigado. Já nasci embriagado!". E enquanto o ébrio pensa o que isto pode significar, trato logo de ir mudando de assunto.
Do baú do Barão de Itararé
O advogado, segundo Brougham, é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.
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