Mesmo em crise, direção da cooperativa recebe valores significativos em plantões por mês
A falta de médicos, juntamente com a demora, para se obter uma consulta, o pouco número de leitos nos prontos atendimentos e no hospital da Unimed Macapá, é, na verdade, apenas a ponta do iceberg. Administrativamente, à situação é bem mais grave, do que os usuários do plano possam imaginar, e se nada for feito, à cooperativa médica pode estar com os dias contados.
De acordo com informações, e documentos obtidos com exclusividade pela reportagem do jornal Tribuna Amapaense, à atividade da operadora de plano de saúde (administração e assistência), apresentou prejuízo de R$ 111.427,00 (Perda Operacional). O resultado final negativo, apresentado no exercício de 2010, atinge o valor de R$ 1.765.524,00, composto da Perda Operacional (R$ 111.427,00), resultado Financeiro Líquido (R$ 1.584.312,00) e resultado patrimonial (R$ 69.785,00). As perdas acumuladas à partir de exercícios anteriores até o presente, são de R$ 5.778.422,00, retratando os seguidos prejuízos ao longo dos anos, sendo que as despesas administrativas, em 2010, foram de R$ 13.308.503,00 contra R$ 9.230.634,00, em 2009.
A cooperativa tem receita mensal de R$ 4.8 milhões, cerca de 180 cooperados, 408 funcionários e 34.786 usuários. Devido à crise, que já motivou intervenções da Agência Nacional de Saúde (ANS,) no referido plano, é que deverá ocorrer novamente, alguns médicos cooperados deixaram o plano. Aqueles que permanecem, sabem que podem ficar com os bens indisponíveis, caso seja decretada à liquidação da cooperativa.
Já há algum tempo, parte da dívida, vem sendo paga pelos médicos cooperados.
A ANS, através da instrução normativa nº 20, permitiu que o valor total da dívida de tributos já reconhecida, acumulada entre os anos de 2004 a 2008, no valor de R$ 11 milhões, fosse assumida pelos cooperados. Com isso, alguns profissionais médicos, optaram em deixar à cooperativa, e outros, contrariando a lei do cooperativismo, estão inscritos como pessoa jurídica e não como pessoa física.
Na contra mão da crise
Embora o sacrifício dos cooperados, signifique à salvação do plano, nem todos pensam assim. A cooperativa, paga cerca de 130 mil reais por mês de plantões médicos na Clinica Médica. Enquanto à maioria dos plantonistas, recebeu em média, de 4 a 7 mil reais, pelos plantões realizados, no período de 21 de abril à 20 de maio, o diretor do hospital, Alexandre Torrinha e o vice-presidente da cooperativa, João Barata, receberam, respectivamente, R$ 18,6 e 14,7 mil de plantões realizados no período.
O vice-presidente recebeu ainda R$ 3.3 mil por plantões na clinica pediátrica no mesmo período e o diretor do hospital, mais R$ 4mil por sobreaviso. A Unimed Macapá paga por mês, mais de meio milhão de reais, somente em plantões médicos. Entre 21 de janeiro e 20 de fevereiro passado, os gastos com plantões chegaram à R$ 549.760,00. No período seguinte, de fevereiro a março, foram mais R$ 534.440,00. Entre março e abril voltou a subir, ficando em R$ 566.840,00 e de abril para maio, em R$ 593.100,00.
Medidas e mais prejuízos
De acordo com um relatório recente da própria direção do plano, em 2009, o Hospital Laguinho, apresentou déficit de R$ 2.300.000,00 e o Hospital Marco Zero, déficit de R$ 1.322.396,00. Um dos motivos dos rombos nesses hospitais seria a utilização do plano por pessoas não credenciadas, utilizando carteiras de usuários e também à venda de planos para pessoas que aderem apenas para obter o período de carência, realizar o tratamento e depois deixam de pagar. O mesmo documento, aposta ainda na insatisfação dos próprios cooperados com a situação, e a quebra da confiabilidade e credibilidade na instituição.
A direção cooperativa assumiu uma série de compromissos para sanear o plano até dezembro de 2010, porém, alguns cooperados duvidam que às metas venham a ser executadas. Entre os compromissos, estariam o pagamento de 3.2 milhões de impostos à Prefeitura de Macapá, mais R$ 760 mil de impostos atrasados, outros R$2,1 milhões de intercâmbio, R$ 1,3 milhões de processos judiciais e R$ 700 mil de empréstimos bancários. O débito mensal de impostos com o município, é de R$ 30 mil, mais R$ 146 mil de um acordo de parcelamento de dívidas. Os tributos federais, mensais, chegam à aproximadamente R$ 476 mil, incluindo aí, FGTS, INSS, PIS, Cofins e outros.
Prejuízos
Além de causar prejuízos a milhares de amapaenses, associados ao plano há anos, à quebra da Unimed Macapá, poderia causar transtornos, ainda maiores, no setor saúde do Amapá. Atualmente, o Estado dispõe de praticamente dois planos de saúde; a Unimed e o PAS/São Camilo. Embora o Hospital São Camilo tenha melhorado e ampliado sua estrutura, O PAS não teria condições de absorver o número de usuários da Unimed. A única alternativa seria à rede pública de saúde, já estrangulada e, portanto, sem condições de atender mais pessoas.
Mesmo insatisfeitos com a situação do plano, médicos, que inclusive já deixaram à cooperativa, defendem a necessidade de se recuperar e manter em atividade à Unimed Macapá.
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