sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Diretoria do Cristal abandona atletas após fiasco no Amapazão


“Sua ilusão entra em campo no estádio vazio,
Uma torcida de sonhos aplaude talvez,
O velho atleta recorda as jogadas felizes,
Mata a saudade no peito driblando a emoção.

Hoje outros craques repetem as suas jogadas,
Ainda na rede balança seu último gol,
Mas pela vida impedido parou,
E para sempre o jogo acabou,
Suas pernas cansadas correram pro nada,
E o time do tempo ganhou.

Cadê você, cadê você, ...”



 
Esses versos da música de Moacir Franco, cujo título da canção é o nome do próprio homenageado pelo artista, Mané Garrincha, talvez se adéqüe a realidade em que vivem hoje treze jogadores do Clube Atlético Cristal contratados de fora do Estado para disputarem o campeonato amapaense de profissionais pelo clube.

Moacir Franco em sua letra retrata o fracasso de Garrincha, o “Anjo das Pernas Tortas” que encantou o mundo com seus dribles desconcertantes e acabou na indigência da vida em virtude do vício do álcool. Já os atletas do Clube Atlético Cristal vivem o drama de melancolia e da decepção com essa etapa do futebol em que vivem no Amapá em função da irresponsabilidade dos dirigentes e patrocinadores do Clube.
Após o fracasso no campeonato, os atletas foram abandonados a própria sorte. Moram em uma residência cujo aluguel está atrasado e vivem o drama do despejo. Dormem em colchonetes pelo chão e passam fome. Sofrem assédio moral, através de ameaças veladas, feitas pelo presidente do Clube o professor Edson Monteiro, via telefone. Na conversa gravada pelo jogador Dôglas, Edson avisa ao atleta que eles vão receber a passagem aérea e que receberam R$ 5 mil para dividir entre dez atletas, ou seja, cada um receberá a importância de R$ 500 a título de indenização.
Quando o atleta argumenta sobre os salários atrasados, o presidente se mostra aborrecido com a resistência do jogador e diz que se eles dificultarem não terão nada e ficaram no Amapá por conta própria. Acompanhem trecho do diálogo entre o jogador Dôglas....meio campista e o presidente Edson Monteiro: “
*  Edson- A lista de quem vai viajar. Quem não for viajar não coloca o nome na lista.
# Jogador - Mas todo mundo aqui vai viajar!
* Edson - Então põe o nome.
segunda feira quando eu receber. Eu não vou comprar as passagens pra vocês quando chegar o dinheiro. Vocês foram enganados pelo (incompreensível), a culpa não é minha. Vocês tinham que ganhar pra exigir dinheiro. Quem quiser ir embora vou tentar ajudar....”
 Essa é a tônica da relação hoje existente entre os jogadores, o presidente do Clube e o Promotor Moisés Rivaldo, que embora tenha passado em ata a presidência do Clube para o professor Edson Monteiro, ele continua mantendo contato com os
# Jogador - E o dinheiro?
- Edson - Dinheiro eu não tenho, eu tenho só aquele R$ 5 mil que o menino ficou de me antecipar, esse é o dinheiro que eu tenho, enquanto as passagens eu estou fechando com um cara.
- Jogador - Aí você compra a passagem pra nós irmos 2ª feira e vamos sem dinheiro?
- Edson - Não, vocês vão com aqueles R$ 5 mil.
- Jogador - Pra 10 pessoas?
- Edson - E tu quer que eu pague quanto? Eu já estou comprando a passagem, cada uma vai ficar com 500 reais!
- Jogador - E você acha que está bom?
- Edson - Ta melhor do que outros!
- Jogador – Não! meu, olha! Só nós estamos até agora segurando a bronca pra vocês, não abandonamos o barco!
- Edson - Eu estou segurando uma bronca que o (incompreensível) deixou! Eu já falei que o (incompreensível) enganou vocês e eu não posso deixar.....
-Jogador  O senhor não quer mais correr atrás de nada?
- Edson - Eu não vou dar nada pra vocês, por que eu não posso, não tenho condições.
- Jogador - Quando o senhor terá esse dinheiro?
- Edson - Hoje eu vou atrás do cara, se não até jogadores. Na entrevista dada a reportagem do Tribuna, Carlos Alberto, o Paulista,  porta voz do grupo afirma que eles eram 22 jogadores, contando com atletas locais.
Destes 19 moravam na casa alugada pelo clube, hoje somente 13 permanecem na concentração. Paulista, Maicon, Felipe, Laion, Felipe Maranhão, Rodrigão, Padilha Ezequiel, Douglas, João, Negueba, Cristiano.
Paulista afirmou de forma categórica que a palavra financeiro não é usada naquela concentração. Ele alega que há quatro meses não recebem. A dívida do clube é alta, levando em consideração que os salários acertados com os atletas variam de R$ 1,5 a 2 mil.
O presidente questiona junto aos atletas o baixo rendimento no campeonato, porém o jogador diz que nunca tiveram apoio do clube. Principalmente na questão habitação e alimentos. Ele diz que desde que chegaram a alimentação não corresponde as necessidade mínima de um atleta. “Tínhamos uma senhora que fazia a limpeza e alimentação que não está mais vindo desde o dia 23, pois de acordo com o promotor Moises era o último dia do aluguel que a partir de hoje (24) deveríamos sair senão seriamos despejados.”
A reportagem do jornal esteve na concentração do clube e constatou que os dormitórios são pequenos e chegou a acomodar mais de 11 jogadores onde caberia apenas cinco. A maioria dorme no chão. Essa condição alega o jogador, são os reais motivos do nosso baixo rendimento nos jogos.
Paulista mostrou a reportagem  um pacote de bolacha de água e sal, um café ralo, sem leite que seria o café da manhã de 13 homens. Isso ocorreu no dia 24, quarta-feira, dia em que a reportagem visitou os atletas.
Paulista que fala pelo grupo diz que iam para o treino caminhando e que a falta de condições para desempenharem seus trabalhos atrapalhou, mais ainda assim conseguiram alguns resultados positivos. “Nossa equipe tem qualidade técnica, aqui não tem ninguém bobo, só tem gente rodada e com história pra contar do futebol brasileiro”
O jogador diz que o promotor Moisés Rivaldo e o presidente Edson Monteiro alegam que em função dos elevados gastos no futebol profissional do ano passado eles não têm condições e nem interesse de investir no futebol este ano.  Segundo Paulista eles alegam que dependiam do repasse do Estado,  porém, diz o atleta, “só informaram isso depois de já estarmos em Macapá e termos fechado com eles. Ficamos no aguardo do dinheiro, mas não recebemos noticia  se foi repassado esse dinheiro a eles.”
“O que nos informaram é que o dinheiro do governo está preso por motivo de dividas trabalhista, eles tiveram a coragem de dizer que só iríamos receber se tivéssemos resultado positivo no Campeonato e o nosso contrato com eles foi para aturamos como jogadores profissionais e não estabelecemos cláusulas de vitorias ou títulos. A gente assina contrato para trabalhar e não para ganhar ou perder, e sim pelo que a gente faz que seja jogar futebol. Se todos os clubes acompanharem essa idéia, os jogadores dos noves clubes que perderem o titulo não receberiam.”
Um detalhe todos os jogadores alegam que não assinaram nenhum documento contratual com o clube. Se existe é falsificação de suas assinaturas.
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Entrevista com Arlindo Moreira
Com referência ao repasse dos recursos do Governo do Estado Amapá e recebidos pelo Oratório Recreativo Clube, para os dez clubes que disputam o Campeonato Amapaense de Futebol Profissional desta Temporada (2011), alguns deles tinham problemas com a Justiça Trabalhista. Os advogados dos jogadores que tinham pendência naquele Poder Judiciário acionaram a justiça  e eu fui intimado a bloquear os valores pendentes dos clubes e depositar na conta judiciária em nome desses jogadores, e foi isso que eu fiz.
A cota de cada clube foi de R$ 47 mil e desse valor foram descontados os valores pendentes das causas trabalhistas. Eu evito citar nome dos clubes com pendências judiciais por questão de ética.
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Ação na Justiça Trabalhista
Mas se o presidente Edson Monteiro e o Promotor Moisés Rivaldo pensam que vão sair ilesos dessa situação, enganam-se. Os atletas estão sendo assistidos pela advogada Luana Cristina Barros de Sá que conversou com a reportagem do jornal e afirmou está tomando todas as providencias jurídicas para garantir o direito dos atletas em todas as instãncias da justiça.
Acompanhem o que diz a advogada: “A situação dos referidos atletas é vexatória e deprimente. Estão alojados em uma residência se nenhum conforto, o local é abrigo de insetos e ratos,  alimentação fornecida não é adequado a um atleta de rendimento, e principalmente a profissionais como eles que já atuam no futebol brasileiro e passaram por diversos clubes.
Esses atletas não procuraram o clube, foram requisitados através de olheiros, inclusive o Tota que hoje ajuda a coagir os atletas.  Foram chamados para atuar num campeonato estadual, nesse caso, o Amapá, com a promessa de futuro e com promessa de seriedade das quais não foram cumpridos. Eles vieram pra cá de vários estados, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, entre outros. Chegaram com intuito de trabalhar durante  4 meses, desde então eles vêem  cumprindo com suas obrigações, mas não estão tendo a contra partida. No caso salário, local de moradia salubre e alimentação adequada a sua profissão.
No momento que foram chamados pelos dirigentes do clube cristal, foi-lhes prometido  de pagar  R$ 1,500 até 3 mil, na entrevista particular. Nada foi pago até a presente data e eles vêm sofrendo ameaças e assédio moral.
Os jogadores pediram pra então eu representá-los junto a Justiça Trabalhista. Passei então a mover uma ação junto à justiça do trabalho, como ela é uma ação trabalhista, já pode se caracterizar como assédio moral, porque os dirigentes estão dando pressionado eles para irem embora sem receber seus salários.
A advogada diz que a carteira de trabalho não foi assinada no valor real dos salários. “O clube assinou a carteira com o valor de um salário mínimo, mas o acerto era outro.”  Informou.
Luana informou ainda que na segunda- feira irá requisitar o comparecimento do Ministério Público Trabalhista e da Delegacia Regional do Trabalho para que conste nos autos toda a situação que os trabalhadores estão passando e pediremos a urgência desse cumprimento dos direitos que eles possuem.
Eu só quero esclarecer que nós não queremos denegrir a imagem do Cristal, só queremos que os atletas possam ter os seus direitos garantidos.
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SABADO, 14 DE MAIO DE 2011
VIAGEM PARA MACAPÁ-AP

 Está confirmada minha viagem para Macapá no próximo domingo, dia 15 de maio. Minha ida está sendo patrocinada pelo CLUBE ATLÉTICO CRISTAL, ao qual faço parte da direção de futebol. O presidente Edson Monteiro já me enviou a ordem de passagem e estarei até o próximo dia 24 de maio na capital amapaense assessorando a montagem da equipe para o Campeonato Amapaense de Futebol.

O Clube continua com o patrocínio da Faculdade IMMES, porém, outros patrocinadores de peso - e de nível nacional, podem surgir. Esta, também, é uma das razões de minha ida a Macapá. Mesmo um clube sem muita expressão no futebol, está sendo melhor organizado que alguns clubes paraenses, clubes onde tem gente que acha que administrar futebol é o mesmo que administrar uma padaria. Coisa de gente que se diz ter visão de futebol, ter sido diretor (sem ganhar títulos), ter projetos magníficos mas que não coloca em prática. Coisa de gente sonhadora e amadora.
 Apesar da internet ser muito lenta em Macapá, postarei as fotos e notícias diretamente de Macapa-AP.
publicado por Luiz Paulo Pina às 01:29
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