sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Meio Ambiente


Assoreamento dos Canais de Macapá

Reinaldo Coelho
Da Reportagem

A ação humana polui o ambiente. E muita dessa poluição tem seu fluxo transportado para igarapés e canais que cortam Macapá.  Com essas atitudes desencadeamos sérios problemas sócias, partindo do centro e desembocando nas grandes ressacas locais, causando assim uma serie de transtornos aos moradores.

Diversos estudos realizados mostram que à medida que a cidade se urbaniza, de modo geral, ocorrem os seguintes impactos: aumento das vazões das águas pluviais e o escoamento através de condutos e canais; impermeabilização das superfícies através de asfaltamento; aumento da erosão devido a desproteção da superfície e a produção de resíduos sólidos- lixo;deterioração da qualidade da água, devido a lavagem das ruas, transporte de material sólido e as ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial.

Esses processos estão fortemente interligados quanto aos impactos indesejáveis sobre a sociedade. As enchentes aumentam de freqüência não só pelo  vazão, mas também pela redução de capacidade de escoamento provocada pelo assoreamento dos condutos e canais.

Macapá tem seis grandes canais que recebem as águas pluviais e as devolvem as grandes ressacas ou ao Rio Amazonas. Os canais do Perpetuo Socorro; Mendonça Junior; Beirol; Nova Esperança; Santa Inês e Jandiá estão todos assoreados e causando poluição, pois os moradores de seus arredores os transformam em lixeiras públicas.

O executivo municipal tentam manter  a limpeza e capinação dos referido canais porem não acontecem a dragagem, o que vem trazer transtornos quando em época de chuvas ocorrem o agravamento social. Os canais transbordam causando inundação e trazendo os dejetos ali jogados de volta as residências em forma de doenças.

Macapá tem nos canais do Beirol, que inicia nas Pedrinhas, Jandiá e o do Perpetuo Socorro  o maior fluxo de pessoas e de transportes, tanto terrestres quantos marítimo, além de que é grande  o numero de residências em suas margens. Os canais são utilizados para trafego de embarcações vinda das ilhas da costa do Pará e Amapá, para comercialização de madeiras e grande fluxo comercial.

A profundidade do canal do Perpetuo Socorro é uma importante questão que surgiu da necessidade criada pelos embarcadiços que trazem suas mercadorias e atracam no cais. Atualmente, o canal está com seu leito quase intrafegável dificultando o fluxo de ida e vinda das múltiplas embarcações que ali aportam.

De acordo com os especialistas, não são apenas causas naturais, como a hidrodinâmica do Rio Amazonas, que contribuem para o assoreamento do canal, a falta de controle ambiental pelo poder público e pelas comunidades que ali residem ou trabalham que utilizando o espaço de uma forma irregular, jogando  lixos, entulhos  durante muito tempo, ajudam no assoreamento, causando um problema para os próprios usuários.

Os canais destinados ao tráfego de embarcações e recebimento das águas pluviométricas e de esgotos ganharam uma função a mais, mesmo que indevidamente. No Jandiá ou nas Pedrinhas não é difícil encontrar barcos abandonados, ocupando espaços para atracação e até servindo de depósito para as larvas do mosquito da dengue.
  
O caso do canal do bairro do Perpetuo Socorro tem outra demanda, quando ele chega  ao centro do bairro se torna uma lixeira publica. A Secretaria de Manutenção Urbanística - SEMUR já identificou os pontos onde constantemente ocorre esse problema, existe por parte do poder publico responsável um trabalho rigoroso para manter minimamente esse local habitável, porem a falta de consciência por parte dos moradores ou não é o que permite que o local seja abrigo de lixo e animais nocivos a saúde humana.  

O Canal da Mendonça Junior, o principal de Macapá que recebe a maioria das águas pluviais e que deságua direto no Rio Amazonas está no seu limite. Totalmente assoreado, e o pior com obras de urbanização paralisada a mais de dois anos e sem perspectiva de continuidade.  Recentemente O secretario de Infraestrutura do Estado, Joel Banha, decretou que não seria possível realizar o aprofundamento do seu leito, pois traria problemas estruturais nas residências construídas em suas margens.

No caso do Canal do Beirol, que inicia no Canal das Pedrinhas, o acúmulo de lixo por toda a sua extremidade é absurdamente inadimissivel,  muitas vezes jogado pelos próprios moradores e outras por pessoas que ao passarem na área contribuem com a sujeira. O funcionário público Antonio Candico Morais é morador do local, há mais de quinze anos,  destaca que:  “a quantidade de lixo e mato aqui é bem grande. 

Muitas pessoas que moram aqui no canal têm esse costume de jogar lixo aí. Mas tem muita gente que passa de carro e joga latinha, embalagem de biscoito, garrafa plástica, tudo para dentro do canal”, afirma.
Este mesmo canal está totalmente assoreado, como informam os moradores. “Se chover mais forte tudo aqui vai para baixo”, contou um morador.

O Canal do bairro Nova Esperança não é diferente, ocorrem os mesmos problemas causados pelos mesmos motivos. Casos de dengue também foram detectados. No canal do Jandiá – desde a entrada, no Rio Amazonas, até próximo da ponte Sérgio Arruda –, as carcaças de embarcações estão espalhadas, se deteriorando pela ação do sol, chuva e da própria maré.

Sujões
O município vem tentando manter a cidade limpa, tenta manter regular coleta de lixo domiciliar, além de atender às solicitações feitas pelos moradores. Apesar de todos esses serviços, algumas pessoas insistem em jogar lixo em locais impróprios. Como forma de reprimir essa prática, a prefeitura poderá notificar e multar os infratores.

As secretarias envolvidas nas atividades de limpeza e manutenção da cidade, assim como as de segurança vem tomando atitudes fiscalizadoras contra os que desrespeitam as normas de limpeza urbana previstas no Código de Postura do Município e depositam resíduos domésticos, entulhos e vegetação em locais não permitidos.

Fiscais da Semur, Semdur e GMM tem notificado e autuado pessoas flagradas jogando lixo em vias e áreas públicas. Locais como as proximidades das escolas, canais do Beirol, Perpétuo Socorro, Nova Esperança, praças e outros pontos que foram monitorados. A partir de agora, quem cometer essas infrações primarias de educação jogando lixo em local proibido será notificado pela prefeitura e o mesmo poderá ser acionado pela promotoria pública ou encaminhado ao Ciosp.

Eraldo Trindade ressalta que não deveria ser preciso esta ação, mas quem insistir em criar lixões na cidade ficará sujeito a notificação e multa. “Na verdade, gostaríamos que isso não fosse necessário. Ninguém gosta de sujeira, mas é preciso que todos entendam que manter a cidade limpa é algo que depende tanto do poder público como da própria população. As pessoas que não concordam com os sujões também devem ajudar na conscientização dessas pessoas”, diz o secretário.
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Assoreamento
As fontes de poluição das águas dos canais resultam, entre outros fatores, dos esgotos domésticos, despejos comerciais, escoamento da chuva das áreas urbanas. O assoreamento é a obstrução, por sedimentos, areia ou detritos quaisquer, de um estuário, rio, ou canal.
No Brasil é uma das causas de morte de rios, devido à redução de profundidade. Os processos erosivos, causados pelas águas, ventos e processos químicos, antrópicos e físicos, desagregam solos e rochas formando sedimentos que serão transportados. O depósito destes sedimentos constitui o fenômeno do assoreamento.
O assoreamento é um fenômeno muito antigo e existe há tanto tempo quanto existem os mares e rios do planeta, e este processo já encheu o fundo dos oceanos em milhões de metros cúbicos de sedimentos.
Porém o homem vem acelerando este antigo processo através dos desmatamentos, que expõe as áreas à erosão, a construção de favelas em encostas que, além de desmatar, tem a erosão acelerada devido à declividade do terreno, as técnicas agrícolas inadequadas, quando se promovem desmatamentos extensivos para dar lugar a áreas plantadas, a ocupação do solo, impedindo grandes áreas de terrenos de cumprirem com seu papel de absorvedor de águas e aumentando, com isso, a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial e das grandes emissões gasosas.

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