segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Artigo - Roberto Gato


Quimera eleitoral
A Revista Veja, publicou em sua edição 2233 /número 46, uma esclarecedora reportagem sobre voto distrital, intitulada “COMO AUMENTAR O PESO DO SEU VOTO”, assinada por Fábio Portela. Uma reportagem Pedagógica, eu diria. Com essa modalidade de votação, o quociente eleitoral vai pro espaço.
Sem a necessidade da equação matemática, cuja fórmula é (NVV – NVG = X), Número de Votos Válidos dividido pelo Número de Vagas, o resultado é o famigerado, quociente eleitoral. Com o voto distrital, essa operação matemática desaparece e, com ela, a corrida dos partidos atrás de bons nomes, para servirem de bucha eleitoral (pessoas que se candidatam apenas para ajudar a fazer o quociente eleitoral).
O atual modelo, penaliza o cidadão eleitor, que, incentivado pela maciça campanha midiática, patrocinada com dinheiro público, pelo TSE e TER´s,  é instado a votar, ou  melhor, é empurrado as urnas de forma coercetiva, pois se não comparecer, sofre uma série de penalizações, que vão da multa até ficar com seus direitos civis restringidos e, após toda essa parafernália,  vota num candidato,mas é outro que assume a cadeira, pois o candidato que ele escolheu, embora tenha sido mais votado,  foi barrado pelo  tal  quociente eleitoral. Quantos não estão no mandato, sem que a população, realmente, os colocasse na representação popular? Isso é frustrante.
Esse debate, sem muitos adeptos dentro do Congresso Nacional, é puxado por empresários e organizações não governamentais, que querem acabar com essa vergonha no Brasil. Mas, é óbvio, que o Congresso não vai levar em consideração esta proposta, para a reforma política que está sendo debatida. Até porque a maioria, digo a absoluta maioria,  ganhou uma cadeira de deputado federal ,exatamente pelo benefício dessa regra esdrúxula.
No Brasil, os partidos políticos inexpressivos, conseguiram adaptar-se a essa regra e dela tirar o melhor proveito. É o tal “jeitinho” brasileiro. O cardiologista Enéas (de saudosa  memória). que     celebrizou-se  na política pela inteligente sacada de marketing eleitoral, quando utilizou seu exíguo tempo no horário eleitoral gratuito na televisão, como uma metralhadora giratória. Disparando de forma rápida, o nome de seu partido, o número de sua candidatura e aos berros fechava: “Meu nome é Ennnnnnéeeeeeaaaaassssss! ” Ele, sozinho, levou  para Brasília mais 4 deputados, tudo por conta do famoso quociente eleitoral. Outro, do   tipo do  Enéas,  mas com abordagem diferente, porém não menos eficiente, foi Francisco Everardo Oliveira da Silva (PR). Com esse nome,  talvez você nem sonhe de quem se trata. Mais falo dele, do palhaço Tiririca. Isso mesmo “abestadooo.” Com o bordão: “vote no Tiiririca, pior do que está não fica”, e  com a frase, quando perguntado se sabia as obrigações de um  Deputado, respondeu:” não sei, mas vota em mim  que depois  eu te   conto”, ele, o autor da música  Florentina de Jesus, recebeu dos paulistanos a estrondosa votação de 1.354 milhões de votos, e, por conta do quociente eleitoral, levou junto para Brasília, Otoniel Lima (PRB), Delegado Protógenes (PCdoB) e Vanderley Siraque (PT).
E sabe quem teve a brilhante e rentável idéia? Waldemar Costa Neto, presidente do partido, aliás, um dos envolvidos, até o pescoço, na denúncia do mensalão, junto com o Guerreiro do Povo, José Dirceu.  Pode Freud?
Falo rentável, pois   o fundo partidário do PR, aumentou graças as votações de verdadeiros “pop star” eleitorais, como Tiiririca, Bebeto, Popó, Romário e etc.... Produção legislativa. Vá à merda, estamos falando do Brasil. Isso importa?

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