sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Espaço Saudável: Interação droga X nutrientes

Freqüentemente é preciso lançar mão do arsenal farmacológico para tratar as mais diversas doenças, desde um resfriado ou uma dor de cabeça, passando pelas infecções, até as doenças crônicas, como o câncer, o diabetes ou a obesidade. E durante qualquer tipo de tratamento, prestar atenção às interações entre os medicamentos e os alimentos que consumimos é importante para que tanto o tratamento quanto a alimentação não sejam prejudicados.

A interação droga-nutrientes é um assunto relativamente recente e as informações a respeito ainda são um pouco escassas, mas vêm crescendo nos últimos tempos. O tema é de interesse tanto dos médicos como dos nutricionistas, bem como dos pacientes. Sobretudo nos tratamentos longos, um acompanhamento nutricional pode ser desejável, pois é fato que, assim como os efeitos (terapêuticos e adversos) das drogas podem ser afetados pela dieta ou pelo estado nutricional, a administração de drogas pode também, como conseqüência final, afetar o estado nutricional da pessoa.
Contudo, esse artigo não visa ser um inventário das interações droga-nutriente já conhecidas, pois a assunto é complexo e longo; visa, isto sim, esclarecer os tipos de interações que podem ocorrer e seus exemplos mais comuns, seus fatores de risco e os mecanismos gerais envolvidos, de modo a dar o leitor um panorama geral e torná-lo mais atento a sua alimentação nos momentos em que precisa 
As interações droga-nutriente são muito comuns e podem ocorrem em vários níveis: na ingestão do alimento, na absorção da droga ou do nutriente, no transporte por proteínas plasmáticas, durante os processos de metabolização e de excreção. As conseqüências indesejáveis dessas interações podem ser a deterioração do estado nutricional, a redução ou exacerbação do efeito terapêutico ou o aumento da toxicidade da droga. Entretanto, há alguns fatores de risco que tornam essas interações mais previsíveis. O problema é mais frequente no caso das doenças crônicas, nas quais a desnutrição causada pelo uso de drogas é comum. E essa desnutrição ocorre com mais freqüência em pacientes que já tenham histórico recente de deficiência energética ou de algum nutriente específico.
Outro fator que potencializa a interação entre drogas e nutrientes é o consumo simultâneo de vários medicamentos. A composição orgânica do indivíduo também influência a resposta a uma droga, sendo comum por exemplo, o acúmulo de drogas lipossolúveis no tecido adiposo. De modo geral, pode-se dizer que as populações de risco para esse tipo de interação são, em primeiro lugar,  os idosos e os pacientes de doenças crônicas, seguidos das mulheres grávidas, dos lactantes e dos fetos em desenvolvimento.
A composição da dieta e o tipo de alimentação podem alterar a absorção dos medicamentos, aumentando-a, diminuindo-a ou apenas retardando-a. No caso de uma absorção diminuída ou retardada, o resultado é que a droga pode não atingir os níveis eficazes na corrente sanguínea, no caso de uma absorção aumentada, esses níveis podem ser mais elevados do que o desejável, potencializando efeitos colaterais.
Dependendo do tipo de alimento ingerido a velocidade de esvaziamento gástrico pode variar, afetando a absorção de uma droga. As drogas básicas, por exemplo, são melhor absorvidas quando o esvaziamento gástrico é retardado.
De forma geral, as drogas são transportadas na corrente sanguínea através de proteínas plasmáticas, entre as quais se destaca a albumina. Os níveis séricos de albumina podem estar diminuídos por desnutrição ou por enfermidade do fígado, o que altera toda a farmacocinética da droga, ou seja, sua distribuição, metabolismo e eliminação. Assim sendo o transporte reduzido pode levar a um aumento da concentração da droga na sua forma livre, levando a efeitos indesejáveis ou a ausência de qualquer efeito. 
O metabolismo das drogas pode ser alterado pela composição da dieta, nos estados de deficiência ou pela manipulação nutricional. O fator dietético mais importante é o teor de proteínas. Uma dieta rica em proteínas e pobre em carboidratos aumenta a taxa de metabolização de um grande número de drogas, enquanto que uma dieta hipoproteica e hiperglicídica diminui esta metabolização.
Um grande número de drogas e nutrientes é metabolizado no fígado através de sistemas enzimáticos específicos. Dentre os componentes nutricionais que participam desses sistemas estão as proteínas, lipídios, ácido nicotínico, ácido ascórbico, vitaminas A e E, cobre, cálcio, ferro, zinco entre outros, portanto, deficiências destes nutrientes podem levar a uma metabolização mais lenta.
Os efeitos farmacológicos de uma droga dependem tanto de sua absorção quanto de sua excreção eficiente. 
Procure uma nutricionista para receber orientações.

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