domingo, 29 de janeiro de 2012

As Feiras são “Malucas” e funcionam como “baiucas”
Autor: José Alberto Tostes

           Recentemente o tema das Feiras tem sido muito debatido e discutido pelos meios de comunicação, tal debate tem ocorrido principalmente em relação à Feira localizada na parte central da cidade às proximidades do Mercado central. Nenhum problema tem efeito sem causa a questão que envolve as feiras e venda de produtos alimentícios é um caso grave e não tem tido o tratamento adequado pelas autoridades, principalmente pelos próprios feirantes.
           A organização de qualquer área pública é de responsabilidade conjunta, poder público, associação dos feirantes, e a sociedade que usufrui dos serviços. Nas duas últimas décadas, as áreas de feiras foram decaindo em função do crescimento do setor de hortigranjeiros oferecidos pelas redes de supermercados. Na prática, as feiras foram aos poucos se constituindo em um espaço periférico e com condições de estrutura física bastante precária.
           São muitos os fatores que contribuíram para a deterioração do espaço público das feiras, das quais relaciono: o crescimento das redes de supermercados; controle superficial de Vigilância Sanitária; reduzida ação de planejamento integrado; fragilidade na manutenção, supervisão e fiscalização dos setores relacionados ao município; desorganização dos associados do setor e ausência de perspectiva da melhoria dos serviços. A somatória conjuntural de todos estes fatores resultou na desestruturação das áreas de feiras.
           As consequências deste quadro adverso têm gerado os seguintes efeitos: falta de higiene generalizada; falta de qualificação para tratar com o manuseio dos alimentos; local de armazenamento de alimentos totalmente inadequado; acumulo de lixo e resíduos sólidos; concentração de outras atividades fora da área de alimentos e por último, a desorganização espacial do lugar. Isso é preocupante quando se trata de uma área importante para sociedade.
            A prática do “Fazejamento” tem mostrado que primeira idealiza-se a estrutura física de um prédio, sem que seja viabilizado o treinamento, a organização, e principalmente a capacitação para lidar com um conjunto de diferentes relações que envolvem o trabalho com manuseio de alimentos. É comum, nas áreas de feiras, o feirante manusear os alimentos e o dinheiro ao mesmo tempo. Nesta feira às proximidades do Mercado Central, tornou-se um ambiente inóspito, a paralisação das obras do famigerado Shopping Popular, acabou criando uma anomalia maior ainda em relação ao lugar.
           Não é possível que no mesmo lugar que será realizado a obra ocupando a quase totalidade física do espaço, seja deixado no entorno uma feira, sem as mi mínimas condições de estrutura. Os feirantes tem sua parcela de culpa, nos dias atuais não cabe mais que uma categoria seja desorganizada, e apenas faça cobranças do poder constituído para que faça isso, ou aquilo, é preciso ter organização, ter projetos, perspectivas de qualificação e ter apoio de diferentes agentes institucionais, passa pela renovação de líderes, mudança de atitudes. O sentimento é de que a palavra chave é partilhar.
           A lógica da ação coletiva de acordo com autor norte americano Mancu Olson reside exatamente no grau qualificado de cada classe, não basta apenas ter o interesse em mudar algo, é preciso ter organização coletiva através de diferentes esferas, tudo começa no planejamento. Qualquer atividade econômica para ter êxito e sucesso, é fundamental estabelecer prioridades, metas e ter objetivos definidos. O caso das feiras em Macapá, antes de ser um problema puramente de natureza econômica, também é uma questão social, é responsabilidade de toda a sociedade. Locais públicos como feiras, não pode ser apenas do interesse dos feirantes, todos nós somos consumidores de produtos alimentícios.
         O que fazer diante de uma situação tão crítica? É preciso em primeiro lugar que os poderes constituídos não sejam personalizados.  Outro fator significativo é tratar a questão das feiras públicas como algo que faz parte da estrutura sistêmica de Planejamento Urbano. Como diz o estudioso Mancu Olson: “O principio da organização coletiva é partilhar informações, colocar na prática projetos coerentes e consistentes”. Assim como, outros problemas urbanos existentes na cidade, as feiras acabam sendo tão “malucas” que viram “baiucas”, ou, qualquer outro termo que implique em condições pejorativas para um setor tão importante para a sociedade.

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