domingo, 29 de janeiro de 2012

Saúde Pública Crack assola o Estado do Amapá


De doze municípios pesquisados, sete já possuem incidência da droga.
Abinoan Santiago Sans
Da Reportagem

Muitos dizem que o mal do século é a depressão. Porém aqui no Brasil, podemos afirmar que o grande desafio a ser enfrentado está num “tiro”, ou seja, o crack, substância surgida nas Bahamas, na década de 1980. Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Municípios, 91% das cidades brasileiras já possui incidências da droga, o que corresponde a 4.430 dos 5.556 municípios brasileiros. Aqui no Amapá não é diferente, dos dezesseis, doze foram pesquisados, e sete apresentaram incidências de crack, são eles: Vitória do Jari, Mazagão, Macapá, Santana, Laranjal do Jari, Serra do Navio e Pedra Branca do Amaparí, apontou o estudo.

No Amapá
O Amapá está dentro de uma política nacional implantada pelo Governo Federal, com o intuito de combater o crack através de programas sociais. Uma das medidas de combate está na prevenção, como é o caso do Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD), que consiste numa ação conjunta entre o policial militar devidamente capacitado, chamado instrutor, educadores, estudantes, pais e a comunidade no sentido de prevenir e reduzir o uso indevido de drogas.“Precisamos trabalhar a repressão, mas a prevenção também é de suma importância (...), estamos levando (o PROERD) para o restante do Estado, pois precisamos trabalhar com as crianças para que elas não possam  enveredar para o caminho das drogas futuramente”, afirma o secretário de Segurança Pública, Marcos Roberto.

Outra medida tomada pela Secretaria de Justiça e Segurança (SEJUSP), foi a questão da investigação dos locais que proliferam o uso do crack. As ações têm à frente a Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), comandada pelo delegado Uberlandio Gomes. “No ano de 2011, nós tiramos de circulação 300% a mais de drogas em relação ao ano anterior. Assim como colocamos mais de 100 traficantes atrás das grades. E isso é positivo”, comemora Marcos Roberto.
Uma das causas para o aumento significativo de apreensões de crack deve-se a intensificação da DTE e a perda do medo que a população tinha de denunciar o traficante, como ressalta Marcos : “estamos recebendo um apoio da comunidade em geral, e também da imprensa. Mas precisamos estreitar ainda mais essa relação com a população”.

De acordo com Gomes, as áreas com maiores incidências de uso e de comercialização do crack são nas chamadas “baixadas”. “As áreas de ressaca são as de maior incidência da droga, pois  possuem muitas pessoas de baixa renda, e também  os traficantes se sentem mais a vontade para vender e armazenar as drogas”, afirma.
As “baixadas” da Macapá recebem um tratamento especial por parte da DTE, afinal, as estatísticas mostram que a cada ano, os números de delitos aumentam, e onde acontece  crime, é quase que certo a existência de droga. “A gente intensifica nossas ações no município de Santana e Macapá, pois nelas estão as maiores incidências para que haja um trabalho mais repressivo”, explica Gomes.
“Com base nisso, estamos implantando as nossas Unidades de Polícia Comunitária nas áreas de ressaca, onde existe um fluxo maior de drogas. E em breve vamos implantá-las em Macapá, nos bairros: Novo horizonte, Cidade Nova, Araxá, Pedrinhas, Igarapé da Fortaleza e em Santana, na Baixada do Ambrósio”, garante o secretario da SEJUSP.

O perito e especialista em toxicologia, Ciro Penido, corrobora quanto a presença da droga em locais menos favorecidos: “os usuários de crack são as pessoas de baixo poder aquisitivo. Então o que o dependente químico fará para poder comprar a sua droga? Ele vai roubar, irá também vender as coisas de dentro de casa, ele vai traficar, entre outros delitos com um único intuito, comprar o crack. Já o pessoal com o poder aquisitivo maior, não precisa praticar atos ilícitos, pois eles possuem dinheiro para adquirir a droga clorídrica (cocaína aspirada)”.
Uma das portas de entrada para as drogas são as fronteiras. Segundo Marcos, essas áreas também estão recebendo um tratamento especial, “junto com o Governo Federal, através da Estratégia Nacional de Fronteira (ENAFRON), e em Laranjal do Jari e Oiapoque, tiveram o seu quantitativo de delegados aumentado”, disse.
Monte Tabor
Uma questão muito importante no caso dos dependentes é o tratamento. Para Penido, existe um fator crucial para que o usuário fique livre desse mal, “o apoio da família é muito importante para a cura do paciente nas clínicas”, conta.
Aqui no Amapá, o Monte Tabor desenvolve um trabalho de suma importância neste aspecto. Comandado pelo psicólogo Tom Sobral, o centro de reabilitação desenvolve trabalhos de tratamento com o intuito de superar o vício da droga.
Hoje, o centro possui mais de 200 internos, destes, 80% são provenientes do crack. Sobral afirma que a taxa de recuperação deles é de 70%, e o trabalho é feito por especialistas e por ex-viciados recuperados, que ajudam os outros a vencer a dependência.
“Apesar das dificuldades, o Monte Tabor tem um trabalho voltado a iniciativa particular de uma maneira séria e responsável”, conclui Penido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...