As eleições, daqui para
diante, serão regidas pelas batutas da moralidade, da eticidade, da
transparência e do comunismo. E essa exigência da sociedade encontra razão no mau
comportamento de políticos que ocupam cargos no legislativo e no executivo. Desses
a credibilidade se despediu faz tempo. Os políticos estão em xeque e precisam
se esforçar para provar de forma concreta que são, por assim dizer, ficha
limpa, portanto, merecedores de crédito.
A imprensa tem tido o
mérito de revelar a sociedade o comportamento enviesado das autoridades nacionais
no trato da coisa pública. Não são poucas as notícias revelando conluios de
gestores públicos com empresários corruptos para surrupiarem o dinheiro da
nação. Este comportamento abominável causa uma contradição nacional, a produção
de riqueza e sua distribuição. O Brasil é a 6ª economia global, no entanto é o
84º colocado quando o assunto é Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Essa
anomalia nacional, aos olhos do mundo, é vergonhosa.
Então é fácil perceber
que produção de riqueza não é nosso maior problema. E nem poderia, pois um País
com as dimensões geográficas como o Brasil, com uma biodiversidade fabulosa,
não poderia ter dificuldade de transformar essas potencialidades naturais em
dinheiro. Nosso problema é o tipo homem que se produz neste País. Onde enganar,
se apropriar indebitamente da coisa pública virou, para muitos, sinônimo de
esperteza.
Passados tantos séculos
não conseguimos assegurar ao homem o direito natural invocado por John Locke,
que defendia a todos o direito a vida, a liberdade e a propriedade. Neste País
são tantos desafortunados condenados a morte por pura irresponsabilidade de
quem foi eleito para lhe assegurar condições dignas de vida. São tantos
desgraçados que perdem sua liberdade por ser empurrados para marginalidade,
através da miséria imposta pelos políticos ladrões que pululam gabinetes Brasil
à fora. E tantos descamisados e pés descalços que perambulam nas cidades sem um
teto, e outros tantos que peregrinam na zona rural em busca de um pedaço de
chão para cultivar.
Na sua defesa do
liberalismo, Locke defende o direito da desobediência aos governos que não
atendam aos interesses elementares dos cidadãos. Com o avanço das sociedades e
as mudanças de regimes, como a que vivemos, a forma de demonstrar a
insatisfação é o voto.
O Brasil tem pouco mais
de 500 anos, e estamos formando uma sociedade mais justa, mais equilibrada e equitativa.
Esse amadurecimento tem custado caro aos brasileiros. Estamos a aprender com
nossas contradições. E a receita para nos tirar deste estado sorumbático é a
dor, a dor que dói no lombo de cada um que insiste em errar no momento da
escolha eleitoral. Este remédio amargo, de sabor ruim, tem provocado súbita
tomada de consciência no cidadão. Estamos em doses homeopáticas nos curando do
estágio inercial que nos foi imposto pelos mais variados tipos de mandonismo,
de coronelismo, onde as únicas palavras aceitas eram: Sim, senhor! Não, senhor!
Está sendo lenta essa tomada
de consciência, mas leis de iniciativa popular, como a da Ficha Limpa, vão
dando à moribunda sociedade brasileira a crença de que ela tem cura. E a cada
dia, a cada ano vamos vendo o semblante macambúzio dar lugar a um ar mais
vivaz, saudável a sociedade brasileira.
Nas eleições municipais
deste ano, onde de forma legal e moral o Supremo Tribunal Federal disse que a
Lei da Ficha Limpa vale, só resta ao cidadão aplicá-la na plenitude, pois as
filigranas da lei possibilitam aos “fichas sujas ainda não oficializados” a
entrarem no processo. Aí, cabe ao rigoroso crivo do eleitor fazer a última
peneira entre os candidatos. Ficha suja não, quem deve a sociedade não pode
representá-la. Não podemos ter um Brasil de poucos que aparece na “Revista
Caras”, em detrimento de outro que é manchete dos noticiários jornalísticos,
onde a notícia é o crime do tráfico, do assalto, do assassinato, da falta de merenda
nas escolas, da falta de escola e etc. Divisão de classes sempre vai existir,
mas podemos diminuir o fosso entre a riqueza e a miséria nesse País rico e
abençoado por Deus.
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