segunda-feira, 19 de março de 2012

Artigo do Gato - Campanha eleitoral

As eleições, daqui para diante, serão regidas pelas batutas da moralidade, da eticidade, da transparência e do comunismo. E essa exigência da sociedade encontra razão no mau comportamento de políticos que ocupam cargos no legislativo e no executivo. Desses a credibilidade se despediu faz tempo. Os políticos estão em xeque e precisam se esforçar para provar de forma concreta que são, por assim dizer, ficha limpa, portanto, merecedores de crédito.

A imprensa tem tido o mérito de revelar a sociedade o comportamento enviesado das autoridades nacionais no trato da coisa pública. Não são poucas as notícias revelando conluios de gestores públicos com empresários corruptos para surrupiarem o dinheiro da nação. Este comportamento abominável causa uma contradição nacional, a produção de riqueza e sua distribuição. O Brasil é a 6ª economia global, no entanto é o 84º colocado quando o assunto é Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Essa anomalia nacional, aos olhos do mundo, é vergonhosa.

Então é fácil perceber que produção de riqueza não é nosso maior problema. E nem poderia, pois um País com as dimensões geográficas como o Brasil, com uma biodiversidade fabulosa, não poderia ter dificuldade de transformar essas potencialidades naturais em dinheiro. Nosso problema é o tipo homem que se produz neste País. Onde enganar, se apropriar indebitamente da coisa pública virou, para muitos, sinônimo de esperteza.

Passados tantos séculos não conseguimos assegurar ao homem o direito natural invocado por John Locke, que defendia a todos o direito a vida, a liberdade e a propriedade. Neste País são tantos desafortunados condenados a morte por pura irresponsabilidade de quem foi eleito para lhe assegurar condições dignas de vida. São tantos desgraçados que perdem sua liberdade por ser empurrados para marginalidade, através da miséria imposta pelos políticos ladrões que pululam gabinetes Brasil à fora. E tantos descamisados e pés descalços que perambulam nas cidades sem um teto, e outros tantos que peregrinam na zona rural em busca de um pedaço de chão para cultivar.

Na sua defesa do liberalismo, Locke defende o direito da desobediência aos governos que não atendam aos interesses elementares dos cidadãos. Com o avanço das sociedades e as mudanças de regimes, como a que vivemos, a forma de demonstrar a insatisfação é o voto.

O Brasil tem pouco mais de 500 anos, e estamos formando uma sociedade mais justa, mais equilibrada e equitativa. Esse amadurecimento tem custado caro aos brasileiros. Estamos a aprender com nossas contradições. E a receita para nos tirar deste estado sorumbático é a dor, a dor que dói no lombo de cada um que insiste em errar no momento da escolha eleitoral. Este remédio amargo, de sabor ruim, tem provocado súbita tomada de consciência no cidadão. Estamos em doses homeopáticas nos curando do estágio inercial que nos foi imposto pelos mais variados tipos de mandonismo, de coronelismo, onde as únicas palavras aceitas eram: Sim, senhor! Não, senhor!

Está sendo lenta essa tomada de consciência, mas leis de iniciativa popular, como a da Ficha Limpa, vão dando à moribunda sociedade brasileira a crença de que ela tem cura. E a cada dia, a cada ano vamos vendo o semblante macambúzio dar lugar a um ar mais vivaz, saudável a sociedade brasileira.

Nas eleições municipais deste ano, onde de forma legal e moral o Supremo Tribunal Federal disse que a Lei da Ficha Limpa vale, só resta ao cidadão aplicá-la na plenitude, pois as filigranas da lei possibilitam aos “fichas sujas ainda não oficializados” a entrarem no processo. Aí, cabe ao rigoroso crivo do eleitor fazer a última peneira entre os candidatos. Ficha suja não, quem deve a sociedade não pode representá-la. Não podemos ter um Brasil de poucos que aparece na “Revista Caras”, em detrimento de outro que é manchete dos noticiários jornalísticos, onde a notícia é o crime do tráfico, do assalto, do assassinato, da falta de merenda nas escolas, da falta de escola e etc. Divisão de classes sempre vai existir, mas podemos diminuir o fosso entre a riqueza e a miséria nesse País rico e abençoado por Deus.
  


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