Audiência pública
marcou a data em Macapá
por Reinaldo Coelho
A discriminação racial é um dos mais perversos fenômenos
sociais operantes na sociedade brasileira, principalmente, no que diz respeito
à Religião de Matriz Africana. Por conta disso, o Instituto Municipal de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial (IMPROIR), quis aproveitar o Dia
Internacional de Combate à Discriminação Racial (21 de março) promovendo uma audiência pública, na Câmara
de Vereadores de Macapá. O tema da audiência foi "O combate ao preconceito
e discriminação da religião de Matriz Africana".
Durante a audiência foram homenageados 28 pais e mães de
santo e personalidades da luta da causa negra no município de Macapá, que
receberam o título de Cidadãos Macapaenses. Números mostram que existem
atualmente no estado mais 160 templos de umbanda, mina e candomblé devidamente
cadastrados. Segundo a diretora-presidente do Improir Danniela Monteiro, a
programação e as discussões foram todas voltadas para a discriminação racial.
“Montamos essa programação visando chamar a comunidade para o debate e
evidenciar que ainda existe muito preconceito em relação às religiões africanas
e por isso esse é o foco principal”, disse.
A presidente do instituto, Danniela Ramos destacou na ocasião que é dever do Estado e
da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão
macapaense, independente da etnia ou cor da pele, o direito à igualdade social,
especialmente nas atividades políticas, econômicas, educacionais, religiosas,
culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores.
Outro ponto que nos dias atuais é discutido é o mundo
virtual, poís, muitos internautas que antes da popularização do conglomerado de
computadores interligados não tinham coragem de se manifestar, encontraram na
internet a ferramenta perfeita para alcançar o maior número de pessoas
possíveis a fim de divulgar seus pensamentos preconceituosos.
Neste sentido existem milhares de sites, blogs, comunidades
dos sites de relacionamentos que pregam o racismo, genocídio, neonazismo. As
pessoas aproveitam a facilidade de criar perfis falsos para disseminarem o ódio
racial e intolerância. Ainda segundo Danniela Monteiro, os assuntos mais recentes
também foram inclusos nos debates.
“aproveitaremos a oportunidade para evidenciar os temas mais atuais e a
internet foi um dos temas, pois, assim como contribui para idealizar lutas
contra as discriminações; ela também contribui para disseminar os ataques”,
declarou.
História - A Organização das Nações Unidas (ONU), instituiu
o dia 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da
Discriminação Racial em memória do Massacre de Shaperville. Em 21 de março de
1960, 20.000 negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar
cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam
circular. Isso aconteceu na cidade de Joanesburgo, na África do Sul. Mesmo
sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão e o saldo
da violência foram 69 mortos e 186 feridos. O dia 21 de março marca ainda
outras conquistas da população negra no mundo: a independência da Etiópia, em
1975, e da Namíbia, em 1990, ambos países africanos.
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