Uma
data que passa a marcar o jornalismo amapaense, 12 de março de 2012. Faleceu
neste dia, em um leito do Hospital de Emergência de Macapá, o jornalista e consultor
político, José Antonio Bonfim Salgado, o Marquês de Bonfá, aos 64 anos.
O
choque da noticia, correu as redes sociais e agitou as redações, gabinetes
políticos e institucionais, podendo assim confirmar, como era conceituado e
querido o grande escriba amapaense. Acentue-se aqui que era duas vezes
amapaense, pois nasceu no município de Amapá.
Oriundo
do antigo jornalismo, onde ainda utilizava a máquina de escrever. Trabalhava no
radio, por muitos anos nas rádios Educadora e Difusora, onde defendeu suas
ideias. Mais se adaptou rapidamente as novas tecnologias: Na Internet, utilizava
soberbamente o Twitter, onde
saudava seus seguidores em francês, português, inglês e espanhol. Escrevia
também no Facebook onde tinha uma
pagina.
Tinha o famoso
“faro jornalístico” e escrevia sem bajulação ou ataques, brigava pela
democracia e pela distribuição de renda; lutava pelo crescimento do Estado do
Amapá e a ética na política. Foi um dos líderes estudantiis na época da
ditadura militar e atuou com a competência que lhe era peculiar, naquilo que sempre acreditou.
Bonfim
tinha 64 anos, 43 destes dedicados ao jornalismo no rádio, TV e jornal
impresso. Também atuava como Técnico em Comércio Exterior, era consultor de
empresas e especialista em assuntos da Amazônia.
Bonfim
deixou filhos, netos e a esposa Judite Salgado, com quem estava casado há 22
anos. Bonfim sempre chamou as enteadas de filhas, pois tinha um enorme amor
pelas meninas que criou.
O
marques de Bonfá, como era chamado pelos amigos gostava de uma boa leitura e de
um bom vinho, que cansou de degustar nas “Quintas TA”, nos encontros no Tribuna
Amapaense, onde atuou como articulista e tinha uma coluna política, Amante de
um bom peixe assado à beira do Rio Pedreira, onde tinha uma pequena propriedade.
Bonfim Salgado
deixa um vácuo no jornalismo do Amapá, porém com certeza é um exemplo aos que
estão engatinhando na trilha de um Jornalismo ético e profissional, sério e
competente. Um adeus e felicidades juntos aos que se foram e seja bem recebido
pelos nossos confrades que lhe antecederam.
DEPOIMENTOS
João Silva, Jornalista
Parece que tristeza chama tristeza. Avisado por amigos, fui
ao Hospital de Emergência visitar, na segunda-feira (12/03), 10h30, o
JORNALISTA Antônio Bonfim Salgado (doto) e
encontrei chorosas a mulher, Judite, companheira de 22 anos, uma amiga
do casal e a filha esperando o médico concluir o atestado de óbito do meu
companheiro de Colégio Amapaense, de Rádio Educadora e grande mestre do
jornalismo do Amapá, que acabara de falecer aos 63 anos de idade. Eu chorei,
não nego. Ultimamente era o mestre BONFA que resolvera migrar para a Internet,
para o blog, para o twitter, para o facebook, para as redes sociais, cansado
dos maus empresários de rádio, jornal e TV que o contratavam, mas não honravam
seus compromissos. Foi vítima dessa gente que só gosta de si mesmo. Em pleno
regime de exceção, no golpe militar de 64, Bonfim foi protagonista de um embate
inesquecível nas ondas do rádio com o poeta, cronista e jornalista Alcy Araújo,
um pela Rádio Educadora, outro pela Rádio Difusora de Macapá; um defendendo
reformas, a redemocratização do País, outro por dever de ofício defendendo o
governo de plantão (o Alcy era redator lotado no Gabinete do Governador). Que
Antônio Bonfim Salgado descanse em paz.
Alcinea Calvalcante, Jornalista e blogueira

A morte
do querido amigo e confrade Bonfim me deixou sem palavras. Com a noticia fiquei
cá com meus botões lembrando de tantas coisas que curtimos juntos ao longo de
décadas, como aquela vez, em 1968, numa passeata estudantil que Bonfim – que
era um dos líderes - me fez subir no muro do Grêmio Ruy Barbosa
para discursar contra a ditadura. E eu era ainda uma pré-adolescente. Vai em
paz, amigo Bonfim. Qualquer hora, quando eu estiver refeita do susto da tua
brusca partida, contarei tuas peripécias aqui no meu blog e o quanto foste
importante para o Amapá, para o jornalismo e o quanto dezenas de jornalistas
aprenderam contigo tão boas lições. Adeus,
meu querido “Marquês de Bonfá”. Aqui, nós jornalistas, consternados e tristes
noticiamos teu falecimento. Mas lá no céu, teus velhos companheiros de
imprensa, como o meu pai Alcy Araújo, estão noticiando o teu nascimento.
João Lazaro, radialista e jornalista.
A morte de Bonfim Salgado, tão prematuramente, nos causou um
grande choque. Convivemos com ele, mais diretamente, no início do funcionamento
da Rádio Educadora São José de Macapá, de 1968 até 1970, mais ou menos. De lá
pra cá, nos distanciamos devido a outras atividades assumidas, mas, mesmo de
longe, sempre acompanhávamos o trabalho dele na imprensa.
Após passar um longo período no Rio de Janeiro, voltou a
Macapá e desenvolveu atividades em vários veículos de comunicação, sempre com a
mesma postura crítica
e inteligente.
Um cidadão culto, metódico, mas, de um talento ímpar na
exposição das suas ideias e de suas convicções.
A imprensa Tucuju perde um grande Jornalista. E nós um estimado
amigo...
O nosso insofismável Mestre BONFÁ.
Maria Judite dos Santos, viúva
A dor é grande, o vazio na minha alma é imenso, pois perdi
um grande homem, um marido exemplar e profissional que atuava dentro da ética.
O homem que tive como esposo, tinham caráter inigualável, pois não é qualquer
um que se dispõe a assumir um relacionamento com quatro filhos para criar e ele
fez isso, adotou os meus filhos e os nove netos que se seguiram e um bisneto,
como totalmente seus e eles o assumiram como verdadeiro pai. Durante esses 22
anos de relacionamentos que tivemos, ele acompanhou desde a infância até ao
casamento, educou e nunca levantou a mão ou a voz para um ato de violência, era
só AMOR.
Como profissional ele sempre foi integro e ético, pois
sempre dizia “Eu não vou me vender para depois não poder falar ou escrever,
pois esses atos são a minha vida e profissão.”
Como homem e marido ele vai fazer muita falta para mim ,
meus filhos e netos, principalmente para os netos que ele sempre falava serem
seus segundos filhos. Minha dor e imensa, porem meu amor por ele é maior ainda.
No dia 5 de novembro de 1985 eu nasci... convivi com meu pai apenas 3 anos da minha vida, mas quando eu o reencontrei, através das redes sociais, um ano antes de seu falecimento, fiquei muito feliz em saber que o meu pai era uma pessoa que se importava com o seu povo, seu país. Fez história e deixou boas lembranças aos seus... Elidiane de Sales Salgado.
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