segunda-feira, 19 de março de 2012

Luto no jornalismo Tucuju: A imprensa amapaense perde Bonfim Salgado

por Reinaldo Coelho


Uma data que passa a marcar o jornalismo amapaense, 12 de março de 2012. Faleceu neste dia, em um leito do Hospital de Emergência de Macapá, o jornalista e consultor político, José Antonio Bonfim Salgado, o Marquês de Bonfá, aos 64 anos.
O choque da noticia, correu as redes sociais e agitou as redações, gabinetes políticos e institucionais, podendo assim confirmar, como era conceituado e querido o grande escriba amapaense. Acentue-se aqui que era duas vezes amapaense, pois nasceu no município de Amapá.
Oriundo do antigo jornalismo, onde ainda utilizava a máquina de escrever. Trabalhava no radio, por muitos anos nas rádios Educadora e Difusora, onde defendeu suas ideias. Mais se adaptou rapidamente as novas tecnologias: Na Internet, utilizava soberbamente o Twitter, onde saudava seus seguidores em francês, português, inglês e espanhol. Escrevia também  no Facebook onde tinha uma pagina.
Tinha o famoso “faro jornalístico” e escrevia sem bajulação ou ataques, brigava pela democracia e pela distribuição de renda; lutava pelo crescimento do Estado do Amapá e a ética na política. Foi um dos líderes estudantiis na época da ditadura militar e atuou com a competência que lhe era peculiar,  naquilo que sempre acreditou.
Bonfim tinha 64 anos, 43 destes dedicados ao jornalismo no rádio, TV e jornal impresso. Também atuava como Técnico em Comércio Exterior, era consultor de empresas e especialista em assuntos da Amazônia.
Bonfim deixou filhos, netos e a esposa Judite Salgado, com quem estava casado há 22 anos. Bonfim sempre chamou as enteadas de filhas, pois tinha um enorme amor pelas meninas que criou.
O marques de Bonfá, como era chamado pelos amigos gostava de uma boa leitura e de um bom vinho, que cansou de degustar nas “Quintas TA”, nos encontros no Tribuna Amapaense, onde atuou como articulista e tinha uma coluna política, Amante de um bom peixe assado à beira do Rio Pedreira, onde tinha uma pequena propriedade.
Bonfim Salgado deixa um vácuo no jornalismo do Amapá, porém com certeza é um exemplo aos que estão engatinhando na trilha de um Jornalismo ético e profissional, sério e competente. Um adeus e felicidades juntos aos que se foram e seja bem recebido pelos nossos confrades que lhe antecederam.


DEPOIMENTOS

João Silva, Jornalista
Parece que tristeza chama tristeza. Avisado por amigos, fui ao Hospital de Emergência visitar, na segunda-feira (12/03), 10h30, o JORNALISTA Antônio Bonfim Salgado (doto) e  encontrei chorosas a mulher, Judite, companheira de 22 anos, uma amiga do casal e a filha esperando o médico concluir o atestado de óbito do meu companheiro de Colégio Amapaense, de Rádio Educadora e grande mestre do jornalismo do Amapá, que acabara de falecer aos 63 anos de idade. Eu chorei, não nego. Ultimamente era o mestre BONFA que resolvera migrar para a Internet, para o blog, para o twitter, para o facebook, para as redes sociais, cansado dos maus empresários de rádio, jornal e TV que o contratavam, mas não honravam seus compromissos. Foi vítima dessa gente que só gosta de si mesmo. Em pleno regime de exceção, no golpe militar de 64, Bonfim foi protagonista de um embate inesquecível nas ondas do rádio com o poeta, cronista e jornalista Alcy Araújo, um pela Rádio Educadora, outro pela Rádio Difusora de Macapá; um defendendo reformas, a redemocratização do País, outro por dever de ofício defendendo o governo de plantão (o Alcy era redator lotado no Gabinete do Governador). Que Antônio Bonfim Salgado descanse em paz.


Alcinea Calvalcante, Jornalista e blogueira


A morte do querido amigo e confrade Bonfim me deixou sem palavras. Com a noticia fiquei cá com meus botões lembrando de tantas coisas que curtimos juntos ao longo de décadas, como aquela vez, em 1968, numa passeata estudantil que Bonfim – que era um dos líderes -   me fez subir no muro do Grêmio Ruy Barbosa para discursar contra a ditadura. E eu era ainda uma pré-adolescente. Vai em paz, amigo Bonfim. Qualquer hora, quando eu estiver refeita do susto da tua brusca partida, contarei tuas peripécias aqui no meu blog e o quanto foste importante para o Amapá, para o jornalismo e o quanto dezenas de jornalistas aprenderam contigo tão boas lições. Adeus, meu querido “Marquês de Bonfá”. Aqui, nós jornalistas, consternados e tristes noticiamos teu falecimento. Mas lá no céu, teus velhos companheiros de imprensa, como o meu pai Alcy Araújo, estão noticiando o teu nascimento.

João Lazaro, radialista e jornalista. 

A morte de Bonfim Salgado, tão prematuramente, nos causou um grande choque. Convivemos com ele, mais diretamente, no início do funcionamento da Rádio Educadora São José de Macapá, de 1968 até 1970, mais ou menos. De lá pra cá, nos distanciamos devido a outras atividades assumidas, mas, mesmo de longe, sempre acompanhávamos o trabalho dele na imprensa.
Após passar um longo período no Rio de Janeiro, voltou a Macapá e desenvolveu atividades em vários veículos de comunicação, sempre com a mesma postura crítica e inteligente.
Um cidadão culto, metódico, mas, de um talento ímpar na exposição das suas ideias e de suas convicções.
A imprensa Tucuju perde um grande Jornalista. E nós um estimado amigo...
O nosso insofismável Mestre BONFÁ.

Maria Judite dos Santos, viúva

A dor é grande, o vazio na minha alma é imenso, pois perdi um grande homem, um marido exemplar e profissional que atuava dentro da ética. O homem que tive como esposo, tinham caráter inigualável, pois não é qualquer um que se dispõe a assumir um relacionamento com quatro filhos para criar e ele fez isso, adotou os meus filhos e os nove netos que se seguiram e um bisneto, como totalmente seus e eles o assumiram como verdadeiro pai. Durante esses 22 anos de relacionamentos que tivemos, ele acompanhou desde a infância até ao casamento, educou e nunca levantou a mão ou a voz para um ato de violência, era só AMOR.

Como profissional ele sempre foi integro e ético, pois sempre dizia “Eu não vou me vender para depois não poder falar ou escrever, pois esses atos são a minha vida e profissão.”
Como homem e marido ele vai fazer muita falta para mim , meus filhos e netos, principalmente para os netos que ele sempre falava serem seus segundos filhos. Minha dor e imensa, porem meu amor por ele é maior ainda.



Um comentário:

  1. No dia 5 de novembro de 1985 eu nasci... convivi com meu pai apenas 3 anos da minha vida, mas quando eu o reencontrei, através das redes sociais, um ano antes de seu falecimento, fiquei muito feliz em saber que o meu pai era uma pessoa que se importava com o seu povo, seu país. Fez história e deixou boas lembranças aos seus... Elidiane de Sales Salgado.

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