sábado, 14 de abril de 2012

O pior e mais caro transporte aéreo do Brasil


por Roberto Gato

Infraestrutura aeroportuária do Amapá é zero
Em 2009 a empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) realizou um estudo diagnóstico nos vinte maiores aeroportos do País, identificando a necessidade de uma reforma nos terminais de embarque e desembarque de passageiros, e pistas para melhorar este serviço, tão criticado pelos usuários e que de fato está sucateado no Brasil.

Para melhorar este modo de transporte, cada vez mais utilizado pelos brasileiros, o foco não pode ser apenas os aeroportos, mas também as aeronaves comerciais precisam se ajustar a realidade, e dar melhor conforto as pessoas que usam o transporte aéreo. Com o aumento no volume de negócios e a expansão do serviço, é cada vez maior a utilização dos aviões para promover o deslocamento das pessoas no território nacional e para o exterior.

Os aeroportos citados pelo estudo são das capitais de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas, Pará, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina, Espírito Santos, Paraná e Bahia. Claro que o Amapá, não entra, pois o fator levado em consideração foi à movimentação de carga e passageiro. Porém, nenhum outro Estado da Federação Brasileira necessite com maior urgência de um Terminal de Embarque e Desembarque de Passageiro do  que o Amapá.

O aeroporto Internacional de Macapá que recebe o nome de um amapaense ilustre, de família tradicional e grande empresário, Alberto Alcolumbre, está funcionando de forma precária há muito tempo. A homenagem é justa, mas sinceramente, fica difícil acreditar que Alberto esteja feliz em emprestar o nome a um pardieiro, que recepciona mal os que nos visitam e chegam ao Estado por via aérea, e aos amapaenses que se deslocam para fora do Amapá pela mesma via de transporte.

A situação caótica
Em entrevista concedida ao jornal Tribuna Amapaense em julho de 2007, o então superintendente da Infraero, Júlio Kuenzo dizia que o aeroporto tinha uma estrutura de 40 anos e que não comportava mais nenhuma reforma e que apresentava uma defasagem de 40%, entre a procura e a sua capacidade de atendimento.

Passados cinco anos dessa entrevista, o superintendente da Infraero atual, David de Oliveira ainda consegue encontrar razão para dizer que a empresa está melhorando aos poucos, que o velho terminal e que a reforma do piso, dos banheiros e da climatização, conforta o desgraçado do passageiro que usa esse pardieiro até que o novo Terminal seja concluído.

Sua palavra deve imaginar, são bálsamos para aplacar a angústia do amapaense. David destaca a pista e o serviço de comunicação como sendo de excelência. Na fala do Superintendente fica claro o tanto que ele considera o amapaense. A pista de 1.200m, com ranhuras que permitem o fluente escoamento de água da pista e os maquinários com tecnologia de ponta, são senhor superintendente, exigências mínimas da Agência Nacional Aviação Comercial - ANAC para que um aeroporto funcione. Por tanto, obrigação da Infraero. Imagina se estes componentes também fossem de péssima qualidade e sem condições de funcionamento!

A sociedade amapaense se mostra ordeira, paciente ao extremo com situações que estão obrigadas a suportar pela falta de diligências de nossas autoridades. Os deputados amapaenses e senadores vão à Brasília e voltam pela via aérea e se deparam com esse Aeroporto vergonhoso e assistem impávidos, um elefante branco cuja obra se movimenta lentamente e ninguém consegue chegar ao Tribunal de Contas da União e dar uma basta nesta situação.

A previsão do governador Waldez Góes e do superintendente Júlio Kuenzo era de que o Terminal fosse inaugurado em 2008. Dizia Kuenzo que neste ano só estaria faltando acabamento e os banheiros.

“Operação Navalha”
O que ele e a sociedade amapaense não contavam era que naquele mesmo ano a obra seria incluída como objeto de investigação da chamada “Operação Navalha” desencadeada pela Polícia Federal para desmontar uma quadrilha que fraudava licitações de obras públicas. A obra do Amapá orçada em R$ 123 milhões, cujo consócio vencedor foi o composto pelas empresas Gautama/Beter, da Bahia e São Paulo, respectivamente. A Gautama do empreiteiro baiano, Zuleido Veras foi alvo principal da operação. Ele foi apontado como chefe do esquema de corrupção. Não deu outra, o Amapá saiu prejudicado com o desmonte da quadrilha, pois a Controladoria Geral da União em 20 de julho de 2007 considerou inidônea a empresa Gautama e por consequência determinou a suspensão dos serviços até que fosse sanado o indício de fraude detectada na Construção do Terminal de Passageiros do Amapá.

Andamos pouco
Desde a paralisação da obra andamos muito pouco com ela. Após a movimentação parlamentar. Sobretudo do Dep. Bala Rocha, e da atuação importante do Dr. Evandro Gama, à época na Advocacia Geral da União foi liberado recurso para a conclusão das obras do telhado. E só.

Aguardar a bagagem
Reim, reim, reim, reim. Não pensem que estou louco ou coisa que o valha. Uso a Onomatopeia, figura de linguagem que denota a repetição de ruído, para tentar reproduzir aqui o barulho insuportável que os passageiros são obrigados a ouvir enquanto aguardam suas malas rolarem lentamente sobre uma esteira velha. É uma vergonha, uma esteira velha recepciona as bagagens serem trazidas em uns carrinhos, amontoadas e manuseadas sem nenhum zelo.

Se alguém medir o nível de desenvolvimento do Amapá pelo aeroporto, já que a primeira impressão é a que fica. Vai acertar em cheio. Estamos mesmo caindo pelas tabelas e sem moral para resolver o menor problema que seja em prol da sociedade amapaense. A continuidade da obra do aeroporto deveria ser uma questão de honra para nossos parlamentares e para o governador.

Desconforto das aeronaves
Uma tese de doutorado, projetos de lei no Senado e na Câmara alertam as autoridades da ANAC para o desconforto nos acentos das aeronaves que podem provocar sérias doenças aos passageiros que se submetem a viagens longas. O Projeto de Lei do senador Cyro Miranda (PSDB/GO) que propõe alteração da Lei 7.565 (Código Brasileiro de Aeronáutica) no sentido de que autorize o poder público a definir padrões mínimos de salubridade e conforto nos voos comerciais.
Na proposta o senador sugere a alteração do artigo 66 do Código Aeronáutico, que se aprovada passaria a vigorar com a seguinte redação: “Art. 66 – Compete a autoridade da aviação civil promover a segurança e a salubridade de voo, bem como zelar pela higidez e conforto dos passageiros e tripulantes, devendo estabelecer os padrões mínimos:....
I ....
Parágrafo 3º - Em se tratando de voos comerciais, a autoridade de aviação civil se certificar-se-á de que a distância média entre as poltronas não seja inferior a 86 cm”
O senador justifica seu projeto reconhecendo que a partir da década de 90 o número de passageiros aumentou bastante no País. Um dos fatores que contribuíram para esse crescimento foi à redução no valor das tarifas, permitindo que pessoas de baixa renda optassem pelo avião, deixando de lado as longas viagens de ônibus. Ma na mesma proporção que aumentou a procura, as empresas passaram a dedicar tempo para encontrar fórmulas que pudesse minimizar custo e maximizar lucro. Um dos mecanismos utilizados foi sacrificar o usuário que teve de conviver com menor espaço entre as poltronas e a menor largura dos assentos.
A atitude das empresas denota a usura do empresário da aviação privada e tem custado caro aos passageiros. No bolso e na saúde, pois não são poucas as doenças adquiridas em função destes problemas. 

A ANAC já lançou o programa de Avaliação Dimensional que atribuirá uma etiqueta a cada aeronave, especificando as condições de conforto de cada aeronave para que os passageiros possam fazer comparações e optar pela melhor.

Infelizmente o Projeto do Senador ainda se encontra na Comissão de Constituição, Justiça e Redação do Senado, aguardando posicionamento do relator. Todos estão ferrados e pagando caro para viajar de avião, mas no Amapá a situação é pior. Se paga uma das passagens mais caras do Brasil e o tempo de espera é também no mais chulo aeroporto das capitais brasileiras. 

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