No dia 20 de maio de 2006, circulava pelo Estado a primeira edição do
jornal Tribuna Amapaense. Neste mês, portanto, comemoram-se seis profícuos anos
de saber e veracidade, ora gritados, ora sussurrados, ora bem acolhidos, ora
sufocados por oposições que, inevitavelmente, sempre surgem.
Seja em meio a louros ou embargos, o fato é que o triunfo desta
publicação semanal já está ratificado, vemo-lo claramente representado ao longo
de quase uma década de existência. Muita coisa foi escrita, debatida, criticada
e aclamada por entre estas páginas. Muito foi visto, ouvido e registrado aqui.
E, se este jornal pudesse falar por si, o que será que diria?
Na verdade, o jornal fala. Ainda que existam indivíduos a moldá-lo -
articulistas, editores, colunistas, repórteres, corretores, enfim, uma densa
equipe por detrás -, o jornal tem voz e vida próprias. Há quem afirme ser uma
vida efêmera, voz fugidia. No entanto, ambas se renovam a cada nova edição.
Se os periódicos falam por si, tal qual organismo vivo, dotado de recursos
linguísticos tão próprios, eis agora o nosso Tribuna Amapaense, servindo de
tribuna a si mesmo, pronto para desenrolar ante os olhos dos fiéis leitores
todas as suas experiências jornalísticas.
Eis-me agora em primeira pessoa, porque então quem fala sou eu, eu,
Tribuna Amapaense, palpável, consciente. No correr dessa meia-dúzia de anos, vi
grandes monumentos políticos ascenderem e declinarem. Registrei a trajetória de
muitos nomes, contive em minhas páginas algumas intrigas, segredos professados,
escândalos expostos.
Mas também houve em mim espaço para o que não era político, de caráter
quase animalesco, bestial. Ao contrário, carreguei também, e com excelência,
registros emocionantes sobre pessoas inspiradoras, histórias sobre a gente
deste Estado. Grafei, semana após semana, sentimentos, sensações, mesmo com
toda a objetividade e concisão próprias de minha estrutura.
Falei de curiosidades, de absurdos, de belezas, de tristezas. Expus a
esta terra, aos olhos que a habitam, tudo aquilo que consegui apreender. Em
todas as chances de falar dadas a mim, falei. Não deixei a desejar um só
milímetro de verbo exposto.
Contei causos, contei a vida de indivíduos que ajudaram a construir o
Amapá, os decanos que conservam na memória um banco de dados inestimável, e que
soberanamente o dividiram comigo, entre minhas dobras.
Mudei de capa, vesti nova roupagem. Talvez um de meus maiores feitos
tenha sido a oportunidade que dei a hesitantes jovens escritores, os quais,
mesmo em toda a sua timidez literária, persistiram e perduraram, triunfaram
juntamente comigo, e ainda estão aqui, neste coração de papel. Em muito ajudei
a esses talentos emergentes, também em muito por eles fui auxiliado.
Assim, posso dizer que, semana após semana, ano após ano, tenho
cumprido a função que me foi dada. Essa destinação vai muito além do mero dever
de informar. Um jornal tem, essencialmente, a tarefa de integrar a sociedade e
os fatos, leitores e artigos, pessoas e emoções, impressões, ideias,
apontamentos. Tal enlace literário, ao mesmo tempo realista, mas para muito
além da frieza jornalística, acontece da seguinte maneira: homem e papel se
fundem, se confundem, se integram, formando um algo muito maior.
Aí está o grande mistério de um bom periódico: Não apenas sobrevive ao
correr dos anos, corroído, mofado, relegado ao segundo plano, suplantado por
mídias digitais, ou o que seja. O
encanto do jornal está em sua essência, conservada por poucos. E o modo pelo
qual um jornal conserva essa sua essência viva, é quando carrega pessoas vivas,
palavras vivas, verdades vivas em seu conteúdo, em seu miolo, no coração.
Eis a verdade. Muito prazer. Jornal Tribuna Amapaense.
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