segunda-feira, 21 de maio de 2012

Lixo, mau cheiro e abandono, esse é o Canal da Mendonça Júnior

por Fabiana Figueiredo

Canal na década de 1950
Foto: Arquivo G4  
Quem transita pelo centro da cidade de Macapá já deve ter notado o abandono que se encontra o Canal da Mendonça Júnior. Com essa situação de descaso, surgiram vários problemas sociais provocados pelo despejo do lixo de residências e de lojas que se situam ali perto, pelo crescimento do mato ao redor e dentro do canal, e pelo escoamento dos dejetos, sem projeção de nenhum tratamento químico.

Canal na década de 1970
Foto: Arquivo G4  
Com as suas obras paradas há mais de três anos e a correria do dia-a-dia dos que por ali circulam, a situação poderá sequenciar vários problemas: com a falta de sinalização deficientes visuais e físicos (cadeirantes) podem cair no canal ou sofrer um acidente de trânsito, pois a calçada e o meio-fio que o rodeia estão destruídos e o espaçamento é muito estreito, aumentando os riscos; os veículos e bicicletas podem parar dentro do canal também, pela ausência da barreira que foi derrubada na época da obra de revitalização; como não há o tratamento dos dejetos que são despejados, o mal-estar gerado pelo insuportável odor no local incomoda constantemente a população; a falta de iluminação também gera um desconforto, assim como o grande mato que está na beira do canal, dificultando a visão do que pode estar escondido; dentre tantos outros problemas.

O projeto de revitalização do Canal foi apresentado em 2008 e iniciado no final daquele ano. Meses depois, já no ano de 2009, houve a paralisação das atividades na obra. No ano de 2010, por determinação do Governador em exercício na época, Pedro Paulo Dias, a obra voltou à ativa, com previsão para acabamento em outubro daquele ano. Entretanto, a obra paralisou novamente e hoje se encontra abandonada sem perspectiva de retorno, pois a verba existente para os serviços retornaram aos cofres da União.
Canal nos dias de hoje, lixo, abandono
 e principalmente descaso sofre o local atualmente 

Com o objetivo de revitalização, urbanização e melhorar o paisagismo e a estrutura física do local, a tentativa da empresa responsável pela execução dos serviços, RTR Engenharia e Comércio Ltda., foi praticamente em vão, pois milhões de reais foram destinados para essa empreitada só para criar mais problemas à sociedade.

Foi dito que o serviço incluía a revitalização do canal, passeio público (calçada, meio fio e sarjeta), instalações elétricas, pintura em geral e mobiliário urbano com a instalação de bancos e lixeiras; incluía, ainda, a criação de um sistema de drenagem urbana sustentável em todo o percurso do Canal, além da recuperação urbanística, através da pavimentação de ruas e avenidas adjacentes e drenagem pluvial. Porém, percebe-se que nada disso foi feito, pois lindo ficou nos projetos, porém a realidade hoje é outra e muito pior do que antes.

A reportagem do Tribuna Amapaense entrou em contato com a SEINF para atualização dos dados relacionados às verbas destinadas para a obra, porém, até o momento do fechamento desta edição, o secretário Joel Banha estava viajando e não pôde dar declarações.

De acordo com a entrevista dada a este Jornal em 2011, onde analisou a situação dos convênios federais firmados com o Governo do Estado do Amapá nos últimos anos, o Secretário declarou que uma grande parte foi perdida. Entre os convênios perdidos, estavam os recursos destinados à revitalização do Canal da Mendonça Júnior.

Na época, o Secretário afirmou que o desafio era recuperar esses recursos, pois "o dinheiro retornou à União por uma decisão do antigo gestor. Foi o próprio Estado quem desistiu de fazer uso dos recursos por conta da burocracia imposta".

Quanto aos serviços feitos no Canal da Mendonça Júnior, a SEINF informou, ainda no ano passado, que não tinha condições de prosseguir com as obras, as quais estavam orçadas em mais de R$ 8 milhões. Os recursos disponíveis para o serviço eram do Governo Federal (de quase R$ 5 milhões) e do Governo do Estado do Amapá, cuja contrapartida chegou a R$ 3 milhões na gestão do então governador Waldez Góes (PDT). 

O local está abandonado, e restos de materiais deixados pela empresa contratante continuam no local. Os moradores estão revoltados com a situação.

O que a população diz?
O morador da Avenida Mendonça Júnior, Protásio Frazão, lembra que foram retiradas, também, as árvores que ficavam ao redor do canal, assim como o corrimão, que dava todo o apoio à quem passava pelo canal, tudo foi derrubado. "Isso mostra a incompetência da construtora, porque 90% do orçamento foi gasto sem retorno para a comunidade. Fizeram tanta propaganda da resolução desse canal, que ia beneficiar tanta gente e, na verdade, nada disso aconteceu. Hoje, se encontra uma obra abandonada e sem perspectiva nem por parte do governo e nem por parte de ninguém" completa seu Protásio. Ele diz que a construtora é tão irresponsável quanto o governo: "A empresa é de última qualidade! Os funcionários trabalhavam sem nenhuma segurança. É uma firma irresponsável. Tanto a empresa quanto quem forneceu toda essa verba para ser aplicada à toa."

Decepcionado, Protásio desabafa: "Sinceramente, hoje é uma vergonha dizer que existe um canal aqui que não sirva simplesmente para receber dejetos sanitários, só para isso que serve e nada mais. É interessante porque fica no centro da cidade. Agora você vê essa vergonha que nós temos aqui, mas infelizmente esse é o nosso governo né? Fazer o que?!".

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