Por Gabriel Fagundes
No
momento em que redijo este texto, o Impostômetro, painel eletrônico que calcula
a quantidade de tributos que os cidadãos brasileiros pagam e que são repassados
aos Municípios, Estados e à União, em sua plataforma online
(http://www.impostometro.com.br), registra uma arrecadação de mais de R$ 550 bilhões,
contando desde o dia 01 de janeiro de 2012. Ainda não chegamos nem à metade do
ano e já pagamos gigantesco valor em impostos, taxas e contribuições. Que
dúvida pode restar sobre o absurdo valor tributário que pagamos e que não faz
jus à realidade brasileira?
Diante
desse quadro foi que a presidente Dilma Rousseff propôs, na sua campanha eleitoral,
focar em reformas de diversas questões pertinentes para a sociedade brasileira,
incluindo a reforma tributária. Ficando somente na promessa, o ano de 2011
terminou sem nenhum avanço no debate concernente à reforma.
Em
2012, o diálogo retornou, e a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Nº
233/2008, de autoria do Poder Executivo, já está em tramitação no Congresso Nacional.
Tal emenda prevê a simplificação e racionalização do Sistema Tributário
Nacional,criando o
Imposto sobre o Valor Adicionado Federal (IVA-F),o combate à guerra fiscal entre os Estados, a
redução da carga tributária e a diminuição da sonegação fiscal. Na opinião do
Secretário de
Planejamento da Prefeitura Municipal de Macapá, Joselito Santos Abrantes, “Para
termos uma reforma verdadeira teríamos que mexer em nossa estrutura tributária
como um todo. Está tudo muito complexo e ineficiente Vivemos um período
economicamente bom, sem dúvida, mas ao mesmo tempo temos uma dívida pública
robusta e a necessidade de pesados investimentos em infra-estrutura, inclusive
por conta da Copa do Mundo e das Olimpíadas que se aproximam.”
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| Procurador da Fazenda Nacional, Evandro Gama |
Diversos
governos estaduais já demonstraram insatisfação com o que propõe a emenda que
tramita no Congresso. Sobre isso, o Procurador da Fazenda Nacional, Evandro
Gama, comentou que o grande entrave para que ocorra a reforma tributária se
encontra no campo político. “Os governadores dos Estados não aceitam que essa
reforma ocorra, principalmente aqueles dos Estados produtores, como São Paulo.
Hoje eles se beneficiam da atual legislação tributária, por exemplo, a partir
do Imposto sobre Circulação de Serviços e Mercadorias (ICMS), que é recolhido
na origem, onde se produz a mercadoria. Na reforma em questão, se propõe que o
ICMS seja arrecadado no destino, o que facilitaria e a ajudaria os Estados não
produtores a recolherem mais”. O receio dos governadores é que, segundo o
procurador, “que a nova reforma tributária reduza a arrecadação dos respectivos
Estados. Enquanto eles não sentirem uma segurança em relação ao mantimento do
nível arrecadado, para cada ente da Federação, mesmo alterando a sistemática de
tributação do país, não havendo consenso entre os governadores, prefeitos e o
Governo Federal, será difícil ocorrer a reforma tributária”, finaliza.
Para
a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), em documento
criado no mesmo ano de surgimento da PEC 233/2008, “Não há como desconhecer que
o resultado da combinação da criação de um mega-tributo de competência da União
com a perda do poder legislativo dos Estados sobre o Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS) produz uma grave ofensa ao pacto federativo.”
A reforma do Código Tributário de Macapá
Sobre a reforma
do Código Tributário da capital do Amapá, o secretário Joselito Santos Abrantes, declarou
o seguinte: “No que se refere ao município de Macapá, é importante destacar que
a partilha da Cota Parte do ICMS e do IPVA (tributos estaduais), ocorrem de uma
forma irregular, principalmente no que tange à avaliação do valor adicionado do
Município, que atualmente não vem sendo considerado na partilha do ICMS. A
despeito disso, os valores arrecadados a título de partilha da riqueza
estadual, compõe outro importante fator na arrecadação do Município.
Essa
situação de dependência econômica da União e do Estado, aliada à
vulnerabilidade decorrente das ações de combate às crises econômicas, exigem
muito mais criatividade e competência na gestão dos recursos públicos, visando
a sua racionalização e otimização.
A
proposta de reformar o Código Tributário do Município de Macapá decorre da
necessidade de dar maior autonomia financeira ao Município, permitindo uma
adequação da política tributária municipal à Constituição Federal, às Normas
Gerais de vinculação nacional e à realidade econômica local.
Desse
modo, a Prefeitura de Macapá, ao elaborar a citada reforma, pretende
estabelecer um marco em favor o desenvolvimento econômico do Município. É a
grande oportunidade para estabelecer uma política tributária que respeite as
diferenças entre contribuintes, decorrentes de suas capacidades tributárias. Por
outro lado, reconhecendo a forte participação das microempresas e das empresas
de pequeno porte, a prefeitura pretende propor à Câmara de Vereadores regras
tributárias que possam garantir o tratamento favorecido e diferenciado
consagrado na Constituição Federal de 1988.
Para
tanto, faz-se necessária a realização de um trabalho que possibilite o
mapeamento dos contribuintes do Município, definindo os vários perfis de
empreendimentos, com suas respectivas características. A grande meta a ser
alcançada é a elevação da arrecadação de forma sustentada, possibilitando ás
empresas e contribuintes em geral a consolidação de suas atividades,
estabelecendo critérios mais justos de contribuição, corrigindo eventuais
distorções legais e incentivando o surgimento de novos negócios.
Assim,
a Prefeitura de Macapá busca se firmar no papel de indutor do desenvolvimento
municipal planejado, antecipando uma postura necessária à diminuição da
dependência das transferências de recursos federais e estaduais, e tornando
mais justa a relação com o contribuinte municipal.”

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