A infecção pelo Papilomavirus Humano (HPV) se destaca como uma das doenças sexualmente transmissíveis (DST) mais comuns no mundo. Estudos epidemiológicos têm sugerido que aproximadamente 10% das mulheres no mundo sejam portadoras de infecção pelo HPV em algum momento de suas vidas.
Prevalência e incidência da doença variam amplamente, em consequência dos numerosos fatores associados à infecção pelo vírus.
Ainda que mais de 100 tipos de HPV tenham sido descritos, alguns destes são de especial interesse clínico, como por exemplo, os 16, 18 e 45 considerados de alto risco, devido à associação com o desenvolvimento de doença maligna, principalmente o câncer do colo do útero. Essa associação da infecção pelos tipos virais de alto risco e lesão do colo uterino é necessária, porém não suficiente para o desenvolvimento do câncer. O conhecimento da epidemiologia desta infecção em relação aos fatores de risco nas diferentes faixas etárias são aspectos importantes para o aumento da vulnerabilidade feminina ao desenvolvimento da carcinogênese. Fatores sociodemográficos, comportamentais, imunológicos, reprodutivos, sexuais e virais podem influenciar no risco para infecção inicial e eliminação do HPV.
A infecção genital pelo HPV na mulher é predominantemente adquirida na adolescência, independente do tipo viral, atingindo seu pico abaixo dos 25 anos. Na maioria das vezes essa infecção é transitória, podendo ser suprimida ou até curada.
Estudos epidemiológicos recentes, descreveram um segundo pico de prevalência da infecção em mulheres de idades mais avançadas, em torno dos 50 anos ou mais, destacando-se aquelas com maior número de parceiros sexuais ao longo da vida.
Atitudes comportamentais podem constituir importantes fatores de risco. A antecipação do início das atividades sexuais, o maior número de parceiros sexuais recentes e parceiros promíscuos favoreceriam a exposição a infecções oportunistas que atuariam como facilitadoras para novas infecções pelo HPV. De forma semelhante, a breve duração dos relacionamentos reforça a associação entre infecção pelo HPV, tanto na mulher quanto no homem, e o número de parceiros sexuais durante a vida, principalmente no último ano.
O conhecimento da distribuição do HPV na população é essencial para identificar os grupos de maior vulnerabilidade e risco para a doença, e assim avançar em estratégias para sua prevenção e controle. Prevenção, hoje, já disponível sob a forma de vacinação contra os vírus HPV de alto risco, proporcionando proteção de até 100% contra os principais precursores do câncer do colo do útero.
Dra. Kátia Jungo de Campos
Ginecologista
CRM 427 / RQE 42
Nenhum comentário:
Postar um comentário