Por Gabriel Fagundes
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/AP) tem realizado no Amapá inúmeras pesquisas com o intuito de promover o desenvolvimento sócioeconômico do Estado. Quatro recentes pesquisas, com abrangência em segmentos distintos, como: área de floresta; desenvolvimento da agricultura familiar; área de aquicultura e pesca e atuação com populações indígenas do Oiapoque. Contando com cerca de 30 pesquisadores, tais trabalhos já estão sendo postas em prática e demonstram esse compromisso feito pela instituição.
O chefe geral da Embrapa Amapá, Silas Mochiutti, em entrevista concedida ao Tribuna Amapaense, comentou sobre o compromisso da Embrapa com o desenvolvimento do Estado e abordou como vem sendo feitas as pesquisas. "Os pesquisadores que hoje fazem parte da Embrapa tem o compromisso de gerar conhecimentos e criar tecnologias para alavancar o desenvolvimento rural do Amapá e da região amazônica. Para que aconteça a transferência tecnológica, existem oito analistas que fazem a ponte entre o conhecimento gerado e os órgãos e instituições que dão assistência técnica."
"Sobre as áreas das pesquisas, primeiro temos o trabalho com a agricultura familiar, onde entram questões como: fruticultura, grãos, mandioca. A tecnologia que a Embrapa utiliza e o Estado também é a do sistema bragantino".
Chefe-geral da Embrapa /AP, Silas Mochiutti |
Acerca do sistema bragantino e de sua utilização, explica Silas, surgiu porque "o agricultor costumava utilizar a terra, ou seja, fazendo o plantio, e depois de um ou dois anos do ciclo produtivo, o agricultor, percebendo a infertilidade do solo, o abandonava e ia queimar outras áreas de floresta. Após 10 ou 15 anos o mesmo agricultor retornava para a terra que fora infértil e que já se regenerara, e plantava novamente. Quando se tem muitas terras disponíveis, há um equilíbrio nesse ciclo. Acontece que aqui no Estado não existe tanta terra assim. Logo, o agricultor acabava por não dar tempo suficiente para que a terra repousasse e se recompusesse, causava danos ambientais. O sistema bragantino veio justamente para acabar com esse ciclo prejudicial ao meio ambiente e para focar a agricultura num ponto só. Agora o que acontece é o plantio direto, que ocorre sem a necessidade de utilização de tratores todos os anos". Silas também destacou que o sistema bragantino visa a produção de alimentos tanto para a subsistência do produtor que vive na zona rural, bem como gerar excedentes para venda em feiras e comércio local.
Outra linha de pesquisa que a Embrapa atua é na área florestal. Sobre essa área, Silas comentou que devido o Estado do Amapá ser o mais preservado do Brasil, com mais de 60% de florestas preservadas, é possível manter essas florestas e retirar produtos dela ao mesmo tempo, como produtos madeireiros e outros como castanha, andiroba, açaí, fibras e outras coisas. "De maneira geral, enxergamos a floresta como um patrimônio e como um potencial que pode ser explorado e mantido. As pesquisas nessa área são feitas tanto em florestas de várzea quanto em florestas de terra firme", comenta Silas.
A aquicultura e pesca também é uma área de pesquisa que a Embrapa atua, na verdade, a mais recente. Por conta disso, os resultados ainda não são muito visíveis. A equipe que atua nessa área foi montada em 2008 e estará completando cinco anos em 2013. Os projetos para a área de aquicultura e pesca ainda estão sendo feitos. Sobre isso, Silas disse: "Nós vislumbramos no futuro um melhoramento no manejo de alguns recursos pesqueiros do Estado, especialmente os que se encontram nas águas internas, e não marítimos, como o manejo do camarão, pirarucu em lagos e quelônios. Além disso, pretendemos incentivar a produção intensiva e o cultivo dos nossos potenciais, como o camarão regional, peixes como tambaqui e pirarucu, os quais deverão ser alimentados com ração e ser criados em tanques", finaliza.
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