Qual o tamanho do amor que você dedica aos seus filhos? Pergunta difícil não é? Eu diria até que é praticamente impossível de responder, principalmente quando temos mais de um filho e eles resolvem competir entre si pelo amor que sentimos por cada um, ai fica mais complicado ainda.
Meus filhos, Marco Kayke, Ana Ariel e Miguel Benjamim, nasceram do meu coração, mamãe e papai construíram a minha fabrica com defeito e eu nunca pude ter filhos naturais. Adota-los foi uma decisão fácil, o difícil é enfrentar o meu medo diário de perdê-los.
Quando o Marco veio para nossa casa e eu o olhei pela primeira vez com os olhos de mãe fiquei com a voz estrangulada, um medo terrível de não ser capaz de educa-lo, olhava para ele, tão indefeso, tão dependente de mim que meus olhos enchiam de lagrimas e eu implorava a Deus "Senhor me dá sabedoria e coragem para ser uma boa mãe".
Marco foi tão protegido que só teve permissão de atravessar a rua sem a nossa supervisão quando tinha 12 anos, a distância entre a porta do meu quarto e a do quarto dele era de menos de três metros, mas eu ia pelo menos duas vezes por noite ver se estava coberto, se não estava com febre ou precisando de mim.
Protegia tanto o meu filho que o sufocava. Claro que o Marco cresceu e, como todo adolescente, passou por situações de perigo em que não pode contar com a nossa proteção, mas ele se saiu bem, conseguiu levar uma vida tranquila, sem drogas, sem excessos com o álcool ou com o cigarro, seu único vício eram as mulheres, mas essa é outra historia.
Meu amor por ele era tão intenso que eu tinha certeza que se algum dia ele corresse perigo real, com risco de morte, meu coração de mãe me avisaria, quando ele foi atropelado eu não senti nada. Fui ao Hospital de Emergências enquanto ele estava lutando pela vida e meu coração de mãe novamente não me avisou.
Marco partiu fazem sete anos e eu hoje vivo com o medo de perder Ariel e Benjamim. Eles estão crescendo, Ariel está com 15 anos e Benjamim com 05. Ariel já está aprendendo a dirigir o meu carro e Benjamim já se acha com direito de namorar.
Não quero cometer com eles os excessos que cometi com o Marco, acho que a maturidade está me deixando mais comedida, continuo com meus medos, continuo com a minha proteção, mas já permito algumas concessões que não permitia com o Marco. O Benjamim já dormiu na casa do tio, Ariel já viajou só, o Marco nunca foi autorizado a fazer isso.
Claro que vou continuar apavorada todas as vezes que um deles adoecer, ou se machucar, ou que precisar de mim e eu não estiver por perto, mas sei que eles terão um monte de gente que está disposta a tomar conta e ajuda-los quando precisarem.
Minha experiência com Marco me mostrou que não sou eterna, que todos nós temos que partir um dia e quem fica, por mais que sofra com a dor da ausência, vai seguir em frente porque esse é o ciclo natural da vida.
Tenho uma família linda, sou amada e os amo incondicionalmente, somos felizes, aprendemos juntos, com a dor da partida do Marco, que somos uno, mas não insubstituíveis e, quando partirmos, seremos felizes de outra maneira, só espero que agora o Papai do Céu permita que as coisas aconteçam naturalmente e que eu me vá antes deles.
Até semana que vem!
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