De Tudo Um Pouco - Carmo do Macacoari - 4 anos depois.

A Professora Enimara Freitas, minha filha, é daquelas profissionais que abraça forte a profissão de ensinar. Ensinar, sim, por que educar é de responsabilidade da família, sendo a escola e o Poder Público, os entes que proporcionam a educação, o saber, o conhecimento.

A Professora Mara, como é conhecida entre seus colegas de profissão, pertence ao quadro de funcionários do governo do Estado, por meio de concurso público. Tem formação em Letras e Artes pela UNIFAP, pós graduação em Gestão Ambiental e outros conhecimentos mais. Como Professora exerce seu mister na modalidade de Ensino Modular, que se realiza em rodízio no interior amapaense. Em cada localidade indicada por sorteio na SEED, passa no mínimo 40 dias em uma localidade interiorana, seja no Oiapoque, nas aldeias indígenas, ou no Bailique, Jari, Vitória do Jari e nos demais municípios do Estado.

Os Professores do Modular não escolhem o lugar onde vão trabalhar, e cada um, com maior ou menor dificuldade de toda sorte, a cada partida renovam o  juramento do Professor - ensinar, ensinar sempre, por que esta é minha missão. É uma missão cheia de sacrifícios pessoais, familiares e profissionais. Esses Professores não tem o mínimo necessário custeado pelo Governo. Eles bancam tudo, do alimento a rede para dormir, por que os lugares aonde vão lecionar não possuem estrutura digna de recebê-los. As escolas, fisicamente, não possuem instalações dignas, faltam carteiras, material didático, não possuem biblioteca, merenda, uniforme escolar, e muitas coisas mais faltam ali. E os nossos heróis Professores do Modular, muitas vezes bancam tudo isso. E pior que isso, não são reembolsados desses custos.

O Ensino Modular é extremamente importante por que descentraliza da Capital esse módulo, e é necessário por que leva aos mais longínquos vilarejos do Estado, o ensino fundamental e médio, bases fundamentais de preparação do futuro acadêmico.

Se esses heróis Professores tivessem uma preparação eclética, isto é, tonando-os autodidatas e detentores dos mais variados conhecimentos das demais ciências afins a sua, como por exemplo, noções de administração e gestão ambiental, liderança comunitária, entre outras, certamente que os mais vitoriosos seriam os alunos e comunitários das localidades por onde eles passam, que receberiam deles ensinamentos sobre meio ambiente, urbanismo rural, primeiros socorros, formação de líderes comunitários, etc.... Isto não é utopia, é uma realidade que falta er concretizada e só depende do despertar de cada um professor do Modular. O Século XXI exige que o Professor seja um líder, um guia, um autodidata, um formador de pessoas, um educador na fé e um promotor do desenvolvimento cultural, educacional, ambiental, familiar, comunitário.....

Assim é que, quando a Professora Mara encerra seu tempo numa determinada localidade, principalmente as mais perto da Capital, convida parceiros os já parceiros LIONS CLUBE DE MACAPÁ -  MARCO ZERO DO EQUADOR, uma Equipe dos BOMBEIROS, coordenadores  do ALCOOLICOS ANONIMOS, acadêmicos de algumas Faculdades, o Biólogo RENATO BRASILIENSE, o Companheiro ULISSES, motorista da equipe do Lions. No encontro de um dia, cada equipe contribui com suas experiências de caráter profissional, humanística, comunitárias, dando ênfase aos objetivos de suas associações. É um encontro de diversidades de conhecimentos com um único objetivo - SERVIR A COMUNIDADE.

Neste desabafo de hoje, com o título Carmo do Macacoari - 4 anos depois, é para reforçar que os colegas Professores do Modular tem uma missão superveniente a sua, que é trabalhar a consciência dos comunitários, a fim de despertar neles a necessidade de participar da construção e do desenvolvimento de sua comunidade. A sala de aula é importante, mas, mais importante é o que está fora da sala de aula - a comunidade e o meio ambiente em que vivem e trabalham. A comunidade do Carmo do Macacoari está hoje  como estava quatro anos atrás. Nenhuma alteração aos meus olhos. Arruamento não existe; praça de lazer não tem; entretenimento nem pensar; a escola comunitária caindo aos pedaços, sem biblioteca, material didático, limpeza, asseio e conservação. Por que não incentivar a Comunidade ( comum + unidade ) a participar dessa e de outras atividades comuns aos moradores do lugar. Isto sim é educar com participação. Filhos e pais aprendendo e construindo seu futuro e da sua Comunidade.

O Lions Clube de Macapá -  Marco Zero do Equador fez doação de 20 carteiras escolares e diversos volumes de livros didáticos e de conhecimentos gerais  de outras ciências. É possível que inauguremos em setembro a Biblioteca Melvin Jones, na localidade de Carmo do Macacoari.

Aos meus colegas Professores do Modular, aquele abraço e meu respeito e admiração.

Para reflexão - Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.