por Gabriel Fagundes
Docentes e discentes da Unifap reunidos em assembleia discutiram os novos rumos que o movimento grevista deve seguir |
Depois de mais de quatro meses de reivindicações e negociações infrutíferas com o Governo Federal, a decisão pela suspensão da greve nas Universidades Federais brasileiras foi divulgada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) no domingo (16). No Amapá, a pausa por tempo não determinado do movimento grevista foi anunciada na última segunda-feira (17), em assembleia organizada pelo Sindicato dos Docentes da Unifap (Sindufap) na porta de entrada da instituição, onde concentraram-se docentes e discentes ansiosos para saber os resultados e novos rumos da greve.
Na opinião do presidente do Sindufap, Iuri Cavilaqui, a opção pela suspensão da greve no cenário nacional foi analisada com base na atual conjuntura do movimento. "O mecanismo (de greve) que antes estava fortalecido e nos impulsionava a negociar com o GF, agora encontra-se desgastado. Por essa razão o Andes optou suspender de forma unificada o movimento", disse.
Dirigentes sindicais fazem um balanço dos 4 meses de greve que as federais do Brasil passaram |
O presidente do Sindufap ressaltou ainda que a classe está mais mobilizada, e que os parlamentares federais serão procurados para dar apoio ao movimento, além de ser dada a continuidade na discussão das propostas não atendidas através de outras assembleias.
Também é o que pensa o professor e historiador Paulo Cambraia, membro do Sindufap, que ao discursar na assembleia argumentou que a suspensão da greve não implica no fim dos debates que tem como foco os anseios de docentes e discentes das UF's de todo o Brasil. "A saída da greve não representa o fim do movimento, pelo contrário, a luta continua", afirmou.
Ponto de vista acadêmico
Na opinião da acadêmica do curso de Pedagogia da Unifap e membra Comando Local de Greve Estudantil (CLGE), Suany Rodrigues, a greve representa a luta de professores e acadêmicos por uma educação pública de qualidade. “Essa luta põe em evidência toda a realidade precária que as UF’s do Brasil vivem hoje. Isso pode contribuir para a compreensão por parte dos acadêmicos da posição que o GF adota diante desse quadro. Espero que as aulas retornem logo, mas, ainda assim, temos que continuar envolvidos na luta”, declarou.
Retorno das atividades
Em nota, o Conselho Superior da Unifap (Consu) divulgou a data de retorno as atividades na última segunda-feira (17), e as aulas na instituição iniciaram-se na terça-feira (18). O novo calendário ainda será definido e poderá ser divulgado até janeiro de 2013. Uma das propostas de calendário que foi enviado ao Consu e que ainda não foi aprovada recomendava que as aulas se estendessem até o final de novembro, passando por um recesso de 40 dias.
Professor-doutor da Unifap, Arley Costa, que também faz parte do Sindufap |
Avaliação da proposta governamental
Sobre a proposta que o GF conseguiu aprovar, o professor-doutor da Unifap, Arley Costa, que também faz parte do Sindufap, comentou que o Projeto de Lei, pelo menos na visão governamental, reorganiza a carreira dos docentes das Instituições Federais. "O PL 4582 encaminhado pelo governo bagunça ainda mais a nossa carreira. Primeiro, ele aponta a questão de reajustes percentuais, mas não define o que para a categoria seria importante: uma matriz remuneratória, que nada mais é do que a definição de percentuais para a progressão do docente em sua carreira. No passado tínhamos percentuais fixos, por exemplo, se o professor possuísse mestrado ele receberia um percentual de 37,5% de aumento, ou seja, o docente saberia exatamente quanto de acréscimo ele deveria receber. Hoje o GF altera essas porcentagens ao bel prazer", afirmou.
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