terça-feira, 25 de setembro de 2012

Suspensa a greve na Unifap


por Gabriel Fagundes

Docentes e discentes da Unifap reunidos em assembleia discutiram
os novos rumos que o movimento grevista deve seguir

Depois de mais de quatro meses de reivindicações e negociações infrutíferas com o Governo Federal, a decisão pela suspensão da greve nas Universidades Federais brasileiras foi divulgada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) no domingo (16). No Amapá, a pausa por tempo não determinado do movimento grevista foi anunciada na última segunda-feira (17), em assembleia organizada pelo Sindicato dos Docentes da Unifap (Sindufap) na porta de entrada da instituição, onde concentraram-se docentes e discentes ansiosos para saber os resultados e novos rumos da greve.

Na opinião do presidente do Sindufap, Iuri Cavilaqui, a opção pela suspensão da greve no cenário nacional foi analisada com base na atual conjuntura do movimento. "O mecanismo (de greve) que antes estava fortalecido e nos impulsionava a negociar com o GF, agora encontra-se desgastado. Por essa razão o Andes optou suspender de forma unificada o movimento", disse.

Dirigentes sindicais fazem um balanço dos 4
meses de greve que as federais do Brasil passaram
Ainda de acordo com Iuri, um balanço geral da greve mostra resultados positivos e negativos. "Tivemos uma politização muito grande do movimento, o número de sindicalizados aumentou e os debates foram bastante produtivos. No Brasil afora professores se engajaram mais, tanto aqueles que entraram recentemente nas instituições quanto os que já trabalham nestas há algum tempo", destaca Iuri, "Por outro lado, o GF, de forma muito forte, conseguiu passar o seu Plano de Carreira, o que significa que nós, docentes das UF's, efetivamente não conseguimos que nossas pautas fossem aprovadas, não conseguimos sequer negociá-las", lamenta.

O presidente do Sindufap ressaltou ainda que a classe está mais mobilizada, e que os parlamentares federais serão procurados para dar apoio ao movimento, além de ser dada a continuidade na discussão das propostas não atendidas através de outras assembleias.

Também é o que pensa o professor e historiador Paulo Cambraia, membro do Sindufap, que ao discursar na assembleia argumentou que a suspensão da greve não implica no fim dos debates que tem como foco os anseios de docentes e discentes das UF's de todo o Brasil. "A saída da greve não representa o fim do movimento, pelo contrário, a luta continua", afirmou.
Suany Rodrigues, acadêmica do
curso de Pedagogia da Unifap 

Ponto de vista acadêmico
Na opinião da acadêmica do curso de Pedagogia da Unifap e membra Comando Local de Greve Estudantil (CLGE), Suany Rodrigues, a greve representa a luta de professores e acadêmicos por uma educação pública de qualidade. “Essa luta põe em evidência toda a realidade precária que as UF’s do Brasil vivem hoje. Isso pode contribuir para a compreensão por parte dos acadêmicos da posição que o GF adota diante desse quadro. Espero que as aulas retornem logo, mas, ainda assim, temos que continuar envolvidos na luta”, declarou.


Retorno das atividades
Em nota, o Conselho Superior da Unifap (Consu) divulgou a data de retorno as atividades na última segunda-feira (17), e as aulas na instituição iniciaram-se na terça-feira (18). O novo calendário ainda será definido e poderá ser divulgado até janeiro de 2013. Uma das propostas de calendário que foi enviado ao Consu e que ainda não foi aprovada recomendava que as aulas se estendessem até o final de novembro, passando por um recesso de 40 dias.


Professor-doutor da Unifap, Arley Costa,
que também faz parte do Sindufap

Avaliação da proposta governamental
Sobre a proposta que o GF conseguiu aprovar, o professor-doutor da Unifap, Arley Costa, que também faz parte do Sindufap, comentou que o Projeto de Lei, pelo menos na visão governamental, reorganiza a carreira dos docentes das Instituições Federais. "O PL 4582 encaminhado pelo governo bagunça ainda mais a nossa carreira. Primeiro, ele aponta a questão de reajustes percentuais, mas não define o que para a categoria seria importante: uma matriz remuneratória, que nada mais é do que a definição de percentuais para a progressão do docente em sua carreira. No passado tínhamos percentuais fixos, por exemplo, se o professor possuísse mestrado ele receberia um percentual de 37,5% de aumento, ou seja, o docente saberia exatamente quanto de acréscimo ele deveria receber. Hoje o GF altera essas porcentagens ao bel prazer", afirmou.

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