segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pioneirismo - Bernardo Rodrigues de Souza


"Um povo que não preserva, não respeita e não cultiva suas tradições e sua história é um povo sem futuro"

por Gabriel Fagundes

Foto da época em que professor era Secretário
de Fazenda do ex-Território Federal do Amapá

A história de um Estado não é constituída de fatos que agem por si só, pelo contrário, há sempre homens e mulheres que, seja de forma conjunta ou paralela, tomaram atitudes que resultaram em fatos memoráveis e que caracterizam a imagem dessa instituição permanente - o Estado. A editoria Pioneirismo desta semana traz à tona a história de um grande homem, estudioso e que, mesmo depois de aposentado, ainda possui uma vida ativa. Bernardo Rodrigues de Souza, mais conhecido como professor Bernardo, é daquelas figuras carismáticas que deixaram grande legado e contribuição para a construção do Estado do Amapá e que realmente merecem homenagem pela sua trajetória de vida.

Chegada ao Amapá, casamento e família
Nascido no Estado do Piauí, professor Bernardo migrou para o Amapá ainda cedo, quando tinha 13 anos, junto de seus pais e irmãos. "Chegamos aqui em 1953. Aqui eu cresci, estudei e constituí a minha família. Acredito que o Amapá vai ser, por assim dizer, a minha morada eterna", declara.

Professor Bernardo conta que se casou em 1967 com a também professora Maria Nazaré Pacheco de Souza, com quem teve quatro filhos e posteriormente adotou mais duas filhas. Pode-se perceber o brilho nos olhos do professor enquanto fala de seus descentes. "Tenho muito orgulho de todos os meus filhos, que graças a Deus obtiveram êxito em todos os aspectos de suas vidas, principalmente o acadêmico", afirma.

Carreira profissional
Com uma carreira profissional de tirar o fôlego, professor Bernardo detalha como tudo começou: "Eu comecei no Amapá estudando na Escola Industrial de Macapá. Lá tive meu ginásio, e naquela época a escola tinha o ensino industrial básico. Depois fui para Colégio Comercial do Amapá e tirei meu segundo grau. Posteriormente estudei o terceiro grau me formando em História. Sou historiador". 

Professor Bernardo mostra homenagem recebida por representar
o Amapá durante quase 12 anos no Congresso Federal de Contabilidade
Coincidência ou não, um historiador que marcou a história do Amapá também deixou seu legado para muitas gerações, inclusive as de hoje. "Fui professor de várias disciplinas, lecionei para três gerações e muitos dos profissionais que hoje estão atuando no Amapá foram meus alunos, passaram nos bancos escolares das escolas naquela época. Isso muito me orgulha, me faz feliz, e mesmo com 72 anos eu não estou parado, pelo contrário, continuo trabalhando".

Representante do Estado do Amapá no Conselho Federal de Contabilidade (CFC) há quase 12 anos, professor Bernardo comenta que está no terceiro mandato consecutivo e que recebeu um prêmio por sua atuação na área.

Sobre a carreira como docente, o professor lembra muito bem dos anos em que estudou e formou-se. "Fui professor de Educação Moral e Cívica, Introdução à Sociologia e tive a felicidade de ser professor no antigo Ginásio de Macapá, onde estudei e depois fui professor e diretor. A mesma coisa aconteceu no Colégio Comercial do Amapá, onde fui aluno e depois professor e diretor. Também lecionei no Colégio Amapaense e Santina Riole. Quando me aposentei tinha mais de 30 anos em sala de aula, isto é, três décadas de magistério. Fui professor-fundador do Centro de Ensino do Amapá (CEAP), onde fui professor, aluno de pós-graduação em Metodologia do Ensino Superior e vice-diretor dessa mesma faculdade.

Estive na Universidade Federal do Amapá (Unifap) também como professor da cadeira de História, embora num período de tempo muito curto".

De trabalhador braçal a governador
Um fato interessante na vida do professor Bernardo foi o grande salto que deu quando ainda estava se formando: de trabalhador braçal, professor Bernardo tornou-se governador do Ex-Território Federal do Amapá. "Entrei na vida pública em 1960, como trabalhador braçal nível um. E de lá fui sendo promovido, e ao mesmo tempo em que trabalhava eu estudava, até chegar ao nível que cheguei", relata.

Passando por diversas secretarias da época, como a de Educação onde ficou por quase 30 anos, depois a Secretaria de Fazenda e posteriormente na Secretaria de Finanças do Município. Professor Bernardo conta que foi "um dos funcionários dessa época que teve a felicidade de ser secretário de finanças do município e do Ex-Território Federal do Amapá, durante a transição, no ano de 1989 a 1990, quando o Amapá elegeu o seu primeiro governador depois da transformação em Estado".

Professor Bernardo conta ainda que como Secretário de Fazenda da época durante muitos anos exerceu o cargo de governador substituto quando o então governador Dr. Jorge Nova da Costa viajava.

Legado
Professor Bernardo atualmente também é
auditor do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-AP)
Exercendo o magistério e tendo uma carreira política que somam 60 anos de vida, professor Bernardo é um cidadão amapaense de coração, como ele mesmo coloca, "com uma larga folha de serviços prestados ao Amapá" e que realmente merece ter sua história preservada nas páginas deste jornal. Entretanto, certamente sua trajetória de vida será lembrada por todos aqueles que o conhecem e que tiveram a felicidade de conviver com ele. Quando solicitado para dar a sua opinião acerca do atual momento que o Estado do Amapá vive, professor Bernardo é categórico: "Como professor de história entendo que um povo que não preserva, não respeita e não cultiva suas tradições e sua história é um povo sem futuro. É lamentável que as autoridades que hoje dirigem o Estado pensem somente em si e no poder, e é mais lamentável ainda saber que essas mesmas autoridades vão passar sem deixar nenhuma contribuição para o seu povo", finaliza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...