sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Artigo do Gato - O Norte, o Nordeste e Centro-Oeste vão mal, obrigado


A Revista Veja, edição número 2.298 de 5 de dezembro trouxe uma reportagem de 6 páginas, cujo título é: "O DESTINO DO DINHEIRO DO EXTERIOR".

O repórter Otávio Cabral mostra na reportagem o Ranking de Gestão dos Estados Brasileiros, divulgado no final de novembro em São Paulo pelo Centro de Liderança Pública. O estudo feito pelo grupo Inglês "Economist" aponta quais os Estados brasileiros que são atrativos para o capital internacional que está fugindo da crise européia e estão em busca de Países emergentes como o Brasil e que leva uma vantagem por sediar a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016.

Bem, vamos ao que interessa: os três piores Estados brasileiros, pela ordem de classificação em 2012 são 25º - Maranhão; 26° - Piauí; 27º - Amapá. Os três melhores de 2012 são 3º - Minas Gerais; 2º - Rio de Janeiro; 1º - São Paulo. Novidade? Claro que não, nenhuma.

Houve mudança no Ranking do ano de 2011 para 2012. O Piauí que era o último passou a ser o penúltimo e o Maranhão perdeu a 24º colocação no ranking para o Estado do Acre.

Analistas maledicentes poderiam irresponsavelmente usar da falácia para confundir a cabeça do cidadão incauto afirmando, entre outras leviandades, que o governo de Camilo Capiberibe seria o responsável pela ida do Amapá para a última colocação. Mas não é verdade. Ele contribuiu, mas estabilidade política é fundamental nessa avaliação e, no Amapá, em 2010, tivemos governador, ex-prefeito, empresários e ex-primeira dama todos presos sob acusação de malversação do dinheiro público. O capital externo é nevrálgico. Quem vem investir num Estado que o governador e o ex foram presos por corrupção? Culpados ou não, são outros quinhentos. Até explicar que boi deitado não é vaca, o "gringo" já redirecionou seu investimento para outras plagas.

Mas seria leviano também atribuirmos esta posição angustiante do Amapá ao episódio das "Mãos Limpas". Afinal, o estudo analisa vinte e seis indicadores em oito categorias. (1) Ambiente Político; (2) Ambiente Econômico; (3) Infraestrutura; (4) Regime Tributário e Regulatório; (5) Recursos Humanos; (6) Políticas para Investimentos Estrangeiros; (7) Inovação e (8) Sustentabilidade.

Aí, tirando alguns poucos governadores, vamos creditar a situação do Amapá de ruim em Ambiente Político, Infraestrutura, Regime Tributário e Regulatório, Recursos Humanos e em inovação a vários governadores que já ocuparam cadeira no Palácio do Setentrião e pouco ou quase nada fizeram para que o Amapá fosse preparado para, transformado em Estado, ter uma boa condição de recepcionar investimento externo e interno. Nas demais categorias, ficamos entre os moderados.

Na minha percepção, essa radiografia brasileira é o indicador mais do que seguro para que o Brasil do discurso e da esmola se sensibilize de uma vez por todas que algo precisa ser feito para que as desigualdades social, econômica e educacional, mudem no Brasil. As regiões Sudeste e Sul possuem quase todos os Estados em condições entre as categorias muito boa e boa: São Paulo, Rio, Minas, Rio Grande, Paraná e Santa Catarina. Escapa para a classe dos moderados o Espírito Santo. Mas em quatro categorias suas condições são consideradas boas. Fica evidente que temos dois Brasis. E essa afirmação virou um clichê. O maior problema dessas regiões está em seus representantes no Congresso. Muitos subservientes ao Poder Central, outros corruptos que na hora de decidir entre a sociedade que representa e seu bolso, opta pelo segundo e na desunião entre os Estados que compõem esse mosaico mais pobre do Brasil. 

Estamos discutindo o Pacto Federativo, cujo modelo de distribuição foi considerado inconstitucional pelo STF, já encontramos solução? Não! A guerra fiscal, já foi encontrada solução? Não!

Então, o que temos, sobre tudo na Amazônia nortista, é a biodiversidade e um povo pra sofrer feito lombo de jumento. Vejam o caso CEA: ou se paga R$ 2,5 bilhões ou não federaliza. As terras do Amapá engessadas no Parque Montanhas do Tumucumaque valem isso, vale? Somos cidadãos de 2ª categoria para o Brasil rico. Vejam o acordo do Lula com o Nicolas Sarkozy. O Estado brasileiro não está na fronteira para desenvolvê-la, mas está para punir aqueles que desgraçadamente tentam sobreviver da forma que a vida lhe impõe. Não me surpreendo com o resultado da pesquisa. Mas nossos minérios e nossas terras servem para os desconfiados gringos. Só que eles negociam em Brasília e a nós só nos resta à mazela ambiental. Vide Serra e Lourenço. Paro por aqui. 

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