terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Artigo do Tostes - Pensar o urbano através do Neo urbanismo


O urbanismo moderno absorvia um programa de longo prazo para as cidades aplicando os princípios de organização espacial (sob a forma de planos diretores, por exemplo), decorriam os planos de urbanismo visando o enquadramento da realidade futura em um quadro predefinido. Os planos e os esquemas eram destinados a controlar o futuro, a reduzir a incerteza, a realizar um projeto de conjunto (ASCHER,2010).

Diferentemente do urbanismo moderno, o Neo  Urbanismo se sustenta em atitudes mais reflexivas, adaptadas a uma sociedade complexa e a um futuro incerto. Além disso, elabora múltiplos projetos de natureza variada, esforça-se por torná-los coerentes, constrói uma gestão estratégica que visa uma ação conjunta, leva em consideração, na prática dos desdobramentos que ocorrem, a evolução prevista, as  mudanças que decorrem, revisando se necessário, os objetivos definidos ou os meios estabelecidos previamente para a sua própria realização. 

  No pensamento de Ascher (2010 ) estão contidas as questões estratégicas sobre o urbano, constitui a dificuldade crescente de reduzir as incertezas e o aleatório de uma sociedade aberta democrática e marcada pela aceleração da nova economia. Articula de forma inovadora as oscilações, o curto e o longo prazo, a pequena e a grande escala, os interesses gerais e particulares. É, ao mesmo tempo, estratégico, pragmático e com senso de oportunidade. 

 A noção moderna para este autor é que o projeto está mais do que nunca no cerne do urbanismo. Mas o projeto não é somente um desígnio acompanhado de um desenho, é também um instrumento cuja elaboração, expressão, desenvolvimento e execução revelam as potencialidades e as limitações que são impostas pela sociedade, pelos atores envolvidos, pelos lugares, circunstâncias e acontecimentos. O projeto é simultaneamente uma ferramenta de análise e negociação. 

 O planejamento estratégico urbano não é um urbanismo leviano com idéias sem valor; ele se opõe às teses espontaneístas, postuladas do caos criativo, ideologias simplistas do liberalismo de mercado. Mas esforça-se em explorar os acontecimentos e as mais diversas forças de maneira positiva, em relação aos seus objetivos estratégicos.

  Os estudos de Ascher (2010) destacam que: O Neo urbanismo derruba a antiga cronologia de diagnóstico, identificação das necessidades e a elaboração eventual dos cenários, a definição de programa, o projeto, a realização e a gestão. Ele substitui essa linearidade por uma gestão heurística, iterativa, incremental e recorrente, isto é, através de ações que servem simultaneamente para elaborar e provar hipóteses, com realizações parciais que reinformam o projeto e permitem procedimentos mais cautelosos e duráveis, pelas avaliações que integram o feedback e que se traduzem na redefinição dos elementos estratégicos. 

O Neo urbanismo não pode ser observado apenas sob o ponto de vista de uma técnica de estudo e intervenção física do espaço, pois quando de intervém na sua morfologia, ele necessita ser estudado e planejado conhecendo os aspectos sociológicos, filosóficos, históricos, etc.  Tal concepção é assegurada por Ascher ao colocar o Neo Urbanismo integra os modelos novos de produtividade e gestão, contribuições das ciências administrativas, tecnologias da informação e comunicação. Não busca simplificar realidades complicadas e se esforça, antes de tudo, em dar conta de territórios e situações complexas. Sua performance e sustentabilidade são obtidas pela variedade, flexibilidade e capacidade de reação.

 Na difusão dos princípios do Neo urbanismo é preciso gerar resultados é que haja esforços para produzir regras ao mesmo tempo incentivadoras e limitantes. Isto requer competências técnicas e profissionais muito mais elaboradas. São necessárias não só novas capacidades para definir projetos de maneira mais essencial e estratégica, mas também conhecimento e ferramentas para integrar as lógicas dos atores, avaliar suas propostas, julgar sua adequação em relação aos objetivos e sua eficiência para a coletividade, identificando e avaliando seus possíveis efeitos. O Neo urbanismo é também muito mais criativo, mobiliza inteligências variadas e múltiplas lógicas, particularmente aquelas dos atores que realizam operações urbanas.

 Neo Urbanismo integra modelos novos de produtividade e gestão, contribuições das ciências administrativas, tecnologias da informação e comunicação. Não busca simplificar realidades complicadas e se esforça, antes de tudo, em dar conta de territórios e situações complexas. Seu desempenho e sustentabilidade são obtidos pela variedade, flexibilidade e capacidade de reação. O Neo Urbanismo sugere a criação de mecanismos de controle social sobre a administração pública, no sentido de contribuir para minimizar ou solucionar os problemas e comprometer a sociedade de forma ampla e irrestrita. 

No contexto da política Neo Urbanística as soluções únicas e mono funcionais, frágeis  ou pouco adaptáveis, dão lugar a respostas multifuncionais e redundantes, capazes de fazer face à evolução, à variedade das circunstancias, às disfunções e as crises. Como evidencia os estudos de Ascher, os resultados urbanos estão muito mais fundamentados na articulação e coordenação de potenciais e as variedades que predominam sobre as economias em larga escala. 

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