O descuido dura um momento, as marcas para toda a vida! Esse slogan da Sociedade Brasileira de Queimaduras é sucinto e extremamente conveniente. Dependendo da profundidade da queimadura, as cicatrizes resultantes podem ser desfigurantes e incapacitantes, quando não levam à morte. Temos uma triste realidade no mundo que é a queimadura. Todos os países apresentam casos dramáticos e o Brasil não está fora deste contexto.
Em muitos casos, as crianças são as grandes vítimas. Por desconhecerem os perigo e pelo ambiente domiciliar apresentar diversas armadilhas, muitas crianças sofrem graves queimaduras. Lembrando que, geralmente, não se trata de acidente, e, sim, de negligência ou imprudência de quem deveria estar responsável no momento.
Temos, também, uma realidade que nos deixa muito triste: as mulheres vítimas de violência doméstica. Ainda encontramos mulheres que sofrem queimaduras não como acidente, mas como agressão de homens (se é que podem ser chamados de homens). As cicatrizes são capazes de destruir a autoimagem e, consequentemente, a autoestima. Num país regido pela poesia de Vinícius de Moraes, que pede perdão, mas afirma que beleza é fundamental na mulher, a deformidade causada pelas queimaduras é cruel.
Outro perfil de pacientes vítimas de queimaduras é o das vítimas de acidente de trabalho. Além de todo sofrimento que estes passam, o número de dias de trabalho perdidos em pessoas no auge do seu potencial laboral é muito oneroso. Alguns casos exigem internação hospitalar de meses! Além de não produzirem, geram custos altíssimos para o tratamento, já que as medicações e curativos para queimaduras são caros.
Em 2008, tivemos 418 casos internados no HE. Em 2009, os casos reduziram para 319 casos. Em 2010, foram 327 pacientes. Em 2011, atendemos 365 pacientes. Infelizmente, este ano já atendemos 394 pacientes e ainda faltam mais de duas semanas para o ano terminar. Há duas maneiras de encarar este aumento de casos: cruzar os braços e balançar a cabeça ou decifrar o que há por trás destes números. Os dados estatísticos servem para compreender a realidade e traçar metas preventivas eficientes.
Os meios de comunicação me ajudaram bastante este ano. Mas a messe ainda é grande. Entenda que as queimaduras não estão tão longe de você. Ajudando na prevenção, você evita que alguma pessoa do seu círculo se queime. Informando outros, você diminui os custos públicos com queimaduras e libera mais recursos para doenças como o câncer, por exemplo. Faça a sua parte, todos saem ganhando!
Quer saber como é o dia a dia de um cirurgião plástico? Siga-me no Twitter: @AUGUSTOPUPIO.
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