por Fabiana Figueiredo
Desde sua inauguração, por volta da década de 90, o Teatro das Bacabeiras se tornou o local preferido para a realização de espetáculos teatrais, de dança, musicais, formaturas e eventos governamentais e de negócios; não só pela estrutura que tem, mas por ser o único teatro mais adequado para a realização de eventos culturais. Por essas razões, o Tribuna Amapaense foi atrás de produtores culturais e do diretor do teatro saber como funciona a realização de um evento no local, quais as dificuldades e sobre a estrutura do prédio.
Ainda de acordo com Aroldo Pedrosa, o Conselho de Pauta é composto por 10 membros, sendo 5 nomeados pelo Governo do Estado, e 5 representantes culturais. "O conselho realiza três reuniões por mês, uma dessas reuniões nós votamos a pauta, e com dois meses de antecedência". Ele aproveita para justificar a demora na decisão para o início do ano que vem: "não votamos ainda as próximas pautas porque o teatro pode entrar em uma grande reforma no ano que vem, vai depender do governador".
Sobre as escolhas das pautas, o diretor afirma que "os critérios são a importância do evento, a solicitação que chegou primeiro, e o pedido munido de um bom argumento". Afirma, ainda, que o teatro acolhe todos os tipos de eventos, mas que o conselho prioriza os eventos culturais.
Muitos produtores culturais discordam dessa declaração de Aroldo Pedrosa: "O problema maior é quando se vai pro Conselho de Pauta, porque você tem que disputar com colação de grau, eventos do Governo, com eventos da igreja, e eventos de fora. Então, o artista amapaense acaba sendo preterido com relação aos outros eventos, porque pagam uma porcentagem maior que o artista local. Esse julgamento dá prioridade para os eventos de fora, espetáculos que não são culturais, que não deveriam estar lá", afirma Disney Silva, produtor cultural ("Bar Caboclo") e representante da Federação Amapaense de Teatro Amador.

Os produtores culturais também reclamam da insegurança com relação as datas escolhidas: "a gente faz requerimento de pauta, e podemos levar um 'não' a qualquer momento, porque são vários artistas requerendo pauta no mesmo dia. Para trazer uma atração de fora é complicado, porque depende de datas, passagens, hospedagem, alimentação e agenda do convidado", reclama Agesandro Rêgo, bailarino e realizador de Festivais no Estado. Se o produtor perde a pauta daquele dia, muitas vezes, não tem como recuperar o investimento que já foi feito. "O teatro foi feito pra eventos culturais não para encontros políticos, não para palestras, enfim. É muito triste ver que um artista amapaense ou nacional perde um dia de pauta no teatro pra um evento que não é artístico, e o pior de tudo, eventos que muitas vezes são cancelados", reclama Agesandro.
Janaína Pontes, professora de balé da Escola Conexão Aquarela e também produtora cultural, acredita que o conselho facilita para que os eventos nacionais sejam realizados no teatro. "Eu acho que eles facilitam bastante para realização de eventos que trazem convidados nacionais".
Com relação a estrutura, o Teatro das Bacabeiras é elogiado bastante, tanto por amapaense quanto por visitantes de outros Estados: "o palco tem um tamanho bom, a plateia é boa também. Não é um teatro enorme, mas é um bom teatro. O Palco é reto, tá bem conservado", afirma o primeiro solista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Cícero Gomes, em viagem ao Amapá.
Os produtores locais também falam da estrutura do Teatro das Bacabeiras: "Nosso teatro é muito bom, muito bonito, mas mal cuidado. Ele é um dos mais bonitos. Precisa de um período de manutenção, o que não pode ter porque só temos um teatro", ressalta Janaína Pontes; "O teatro é muito bom tecnicamente. Elogiado, inclusive por pessoas que vem de fora", lembra Disney Silva; "A acústica dele é boa, é um bom teatro, tem um auditório muito bom. Mas o teatro é muito antigo, precisa de uma reforma há muito tempo", conclui Agesandro Rêgo.
Apesar de elogios, o teatro precisa de uma reforma, pois os equipamentos utilizados para o funcionamento da casa cultural são antigos, e necessita de renovação do sistema, aquisição de equipamentos novos. "Essas coisas que realmente atrapalham a cultura do Amapá", finaliza Disney.
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