sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Cultura - Amapá na rota dos espetáculos nacionais



por Fabiana Figueiredo


Desde sua inauguração, por volta da década de 90, o Teatro das Bacabeiras se tornou o local preferido para a realização de espetáculos teatrais, de dança, musicais, formaturas e eventos governamentais e de negócios; não só pela estrutura que tem, mas por ser o único teatro mais adequado para a realização de eventos culturais. Por essas razões, o Tribuna Amapaense foi atrás de produtores culturais e do diretor do teatro saber como funciona a realização de um evento no local, quais as dificuldades e sobre a estrutura do prédio. 

Primeiro, vamos definir o que é pauta: é a solicitação feita por um produtor local ou nacional, que queira fazer um evento no teatro; em forma de ofício, seguido do resumo do espetáculo. Então, o Conselho de Pauta se reúne para decidir sobre essas solicitação, e escolhe quem ganha o privilégio de utilizar o espaço naquele dia. Segundo o diretor do teatro, Aroldo Pedrosa, existem dias que tem mais de uma solicitação de pauta para aquela data; por esta razão o Conselho decide qual evento será realizado no período. 

Ainda de acordo com Aroldo Pedrosa, o Conselho de Pauta é composto por 10 membros, sendo 5 nomeados pelo Governo do Estado, e 5 representantes culturais. "O conselho realiza três reuniões por mês, uma dessas reuniões nós votamos a pauta, e com dois meses de antecedência". Ele aproveita para justificar a demora na decisão para o início do ano que vem: "não votamos ainda as próximas pautas porque o teatro pode entrar em uma grande reforma no ano que vem, vai depender do governador".

Sobre as escolhas das pautas, o diretor afirma que "os critérios são a importância do evento, a solicitação que chegou primeiro, e o pedido munido de um bom argumento". Afirma, ainda, que o teatro acolhe todos os tipos de eventos, mas que o conselho prioriza os eventos culturais.

Muitos produtores culturais discordam dessa declaração de Aroldo Pedrosa: "O problema maior é quando se vai pro Conselho de Pauta, porque você tem que disputar com colação de grau, eventos do Governo, com eventos da igreja, e eventos de fora. Então, o artista amapaense acaba sendo preterido com relação aos outros eventos, porque pagam uma porcentagem maior que o artista local. Esse julgamento dá prioridade para os eventos de fora, espetáculos que não são culturais, que não deveriam estar lá", afirma Disney Silva, produtor cultural ("Bar Caboclo") e representante da Federação Amapaense de Teatro Amador. 

A porcentagem que Disney cita é a taxa paga para que um evento aconteça no Teatro das Bacabeiras. As formaturas que acontecem no espaço pagam a "taxa administrativa" de R$1100; para os eventos de teatro ou dança, o "borderô" para eventos locais gira em torno de 5% do arrecadado na bilheteria, e para eventos nacionais, a taxa é de 10% também do que é coletado na bilheteria. As taxas são definidas pelo novo regimento interno do teatro, definido após sua reinauguração. Segundo o diretor Pedrosa, a verba que o teatro recebe deve ser repassada para o Governo, porém, "o teatro está numa situação difícil e a Secretaria de Cultura permite que a gente utilize esse dinheiro na manutenção do teatro".

Os produtores culturais também reclamam da insegurança com relação as datas escolhidas: "a gente faz requerimento de pauta, e podemos levar um 'não' a qualquer momento, porque são vários artistas requerendo pauta no mesmo dia. Para trazer uma atração de fora é complicado, porque depende de datas, passagens, hospedagem, alimentação e agenda do convidado", reclama Agesandro Rêgo, bailarino e realizador de Festivais no Estado. Se o produtor perde a pauta daquele dia, muitas vezes, não tem como recuperar o investimento que já foi feito. "O teatro foi feito pra eventos culturais não para encontros políticos, não para palestras, enfim. É muito triste ver que um artista amapaense ou nacional perde um dia de pauta no teatro pra um evento que não é artístico, e o pior de tudo, eventos que muitas vezes são cancelados", reclama Agesandro.

Janaína Pontes, professora de balé da Escola Conexão Aquarela e também produtora cultural, acredita que o conselho facilita para que os eventos nacionais sejam realizados no teatro. "Eu acho que eles facilitam bastante para realização de eventos que trazem convidados nacionais". 

Estrutura do Teatro
Com relação a estrutura, o Teatro das Bacabeiras é elogiado bastante, tanto por amapaense quanto por visitantes de outros Estados: "o palco tem um tamanho bom, a plateia é boa também. Não é um teatro enorme, mas é um bom teatro. O Palco é reto, tá bem conservado", afirma o primeiro solista do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Cícero Gomes, em viagem ao Amapá. 

Os produtores locais também falam da estrutura do Teatro das Bacabeiras: "Nosso teatro é muito bom, muito bonito, mas mal cuidado. Ele é um dos mais bonitos. Precisa de um período de manutenção, o que não pode ter porque só temos um teatro", ressalta Janaína Pontes; "O teatro é muito bom tecnicamente. Elogiado, inclusive por pessoas que vem de fora", lembra Disney Silva; "A acústica dele é boa, é um bom teatro, tem um auditório muito bom. Mas o teatro é muito antigo, precisa de uma reforma há muito tempo", conclui Agesandro Rêgo. 

Apesar de elogios, o teatro precisa de uma reforma, pois os equipamentos utilizados para o funcionamento da casa cultural são antigos, e necessita de renovação do sistema, aquisição de equipamentos novos. "Essas coisas que realmente atrapalham a cultura do Amapá", finaliza Disney.

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