sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

De Olho na Folia - Solidariedade e Piratas da Batucada

por Fabiana Figueiredo

Solidariedade
A segunda escola a se apresentar na noite de 9 de fevereiro, sábado, é a Associação Recreativa Império de Samba Solidariedade, levando para a avenida Ivaldo Veras a fé e tradição da comunidade sambista, baseada no São Jorge Guerreiro, em sua mística e sincretismo religioso. Com 1500 componentes, divididos em oito alas, três carros alegóricos, 15 dançarinos na Comissão de Frente, Ala das Baianas, e mais 150 ritmistas que compõem a Bateria, o Soli - como é popularmente chamado - promete um desfile emocionante e inovador.

Tema: "Da Lança à Dança, da Espada à Fé: Amor, Ferro e Aço - Saravá São Jorge! És Ogunhê-Babá".
Compositores: Nonato Soledade e Aureliano Neck.
Intérprete: Nonato Soledade.
Cores: Verde e Vermelho.
Presidente: Jair Gomes Sampaio.

"Vamos abordar São Jorge no aspecto Ogum, em seu lado místico, no seu sincretismo religioso, através do Candomblé e Umbanda, que retrata ele como este Ogum. Quando os negros chegaram ao Brasil, não podiam cultuar seus orixás, suas divindades africanas, as quais são figuram humanas africanas; como eles não podiam cultuar seus santos, eles fizeram uma adequação: algumas virtudes e alguns traços característicos fisicamente e comportamentais, relacionaram a semelhança desses nativos com os santos católicos, como por exemplo, esse Ogum parecido com São Jorge. Vamos abordar essa mística, esse poder, a relação do orixá com a natureza, essa energia que nos encanta e conduz".
Carnavalesco: Márcio Brandão.

"A escola está homenageando São Jorge, com um enredo muito bonito. A escola está preparada para fazer um carnaval belíssimo. Trazendo três casais de mestre-sala e porta-bandeira, a bateria estará vestida de soldados romanos, e com novidades distribuídas nas 8 alas. Da primeira ala, vamos descrever toda a vida e religião de São Jorge; além de elementos como as ervas, a lua cheia, as deusas e suas paixões. Toda a vida do orixá, e sua religiosidade dentro do Candomblé. Esse ano a escola está preparada com as fantasias e as alegorias, e vamos fazer 'bonito'".

História
O Soli pretende sacudir a avenida, e inovar
com as fantasias e alegorias em 2013
A Associação Recreativa Império de Samba Solidariedade foi fundada em 15 de janeiro de 1983, tendo como primeiro presidente, o Beloca; no famoso Bar da Tia Vilça, que depois se tornou a primeira antiga sede do Solidariedade, na Avenida Ana Nery, no bairro Jesus de Nazaré. Figuras como Manoel Nunes Ramos, Maria Vilça Nunes Nogueira, Raimundo Lino Da Soledade, Adelson Uchoa, Francisco Barriga Fortunato e Raimundo Nonato Nunes Da Soledade, formaram a equipe de fundadores da Escola.

"O símbolo da escola é um jacaré, Jacareacanga, um jacaré de cabeça grande; que, segundo a lenda, vivia nesses lagos do Jesus de Nazaré, e as pessoas temiam esse animal", explica o presidente. A lenda nomeou a escola de samba e, mais que isso, o bairro de Jacareacanga, onde hoje se situa o bairro Jesus de Nazaré. 

A agremiação está no Grupo de Acesso, e coleciona três títulos do Carnaval Amapaense, segundo o presidente Jair Sampaio. Em 2012, o "Soli", como popularmente é chamado, foi o Vice-Campeão no carnaval. Este ano a escola comemora seus 30 anos de fundação, entoando um enredo de homenagem à São Jorge Guerreiro, padroeiro da escola, resgatando a tradição e fé da comunidade do bairro Jesus de Nazaré.



Piratas da Batucada

A tradicional Associação Recreativa e Cultural Escola de Samba Piratas da Batucada, grande escola do bairro do Trem, será a terceira escola a entrar na avenida no dia 9 de fevereiro. A temática será uma homenagem ao cidadão brasileiro Janary Gentil Nunes, evidenciando o caráter dele como amante e habitante da Amazônia, sua sede de conhecimento, seu respeito pelos seres e pela cultura brasileira, sua ascensão no país, chegando à cargos importantes, e, ainda, uma comemoração ao centenário de Janary Nunes.


A Piratas da Batucada vai levar para a avenida 2200 brincantes, divididos em 18 alas e seis alegorias, sendo quatro carros alegóricos e dois tripés; e mais 200 ritmistas que compõem a Bateria, além da comissão de frente, baianas e destaques.


Tema: "Janary, sonhos e Amores do Mito Caboclo".

Compositores: Illan do Laguinho e Leandro Thomaz.
Intérprete: Meio-dia.
Cores: Amarelo, Azul, Branco e Vermelho.
Presidente: Reginaldo França.
Carnavalesco: Paulo Rodrigues.


"O Piratas da Batucada irá fazer uma grande homenagem a um notável brasileiro que se chama Janary Gentil Nunes, celebrando seu centenário. É uma justa homenagem que a escola está fazendo, a este homem que nos dá orgulho de ser nosso primeiro governador. Vamos contar essa história de acordo com a essência, da alma, do espírito guerreiro deste homem, e não como aquele que fez várias construções. Pra mim, ele era um guerreiro da era moderna, mesmo sendo militar, nunca precisou usar suas armas para vencer suas batalhas; a arma que ele mais utilizava era a sabedoria e a inteligência, fazendo dele um homem diferente dos outros. Essa história vai ser contada em quatro setores: no primeiro, falaremos dele na Amazônia, respeitando e convivendo com os seres místicos; no segundo, vamos falar daquele homem obcecado pela sabedoria, que sempre buscou o conhecimento; o terceiro setor vem falar de Janary na terra da esperança, Macapaba, quando ele vem destinado à ser governador, ladeado pela cultura amapaense; no quarto setor, a escola falará da glorificação nacional, quando ele se torna um verdadeiro patriota, sendo embaixador na Turquia, e presidente da Petrobrás; finalizando com o centenário desse homem que tanto nos orgulha. Vamos fazer um desfile extremamente técnico, mas sem deixar de ser uma grande homenagem à Janary Nunes". 



História

O "Piratão", como é chamada a escola, surgiu em 1962 em meio a um grupo de desportistas e carnavalescos, residentes no bairro do Trem, como Jeconias Alves de Araújo, Primeiro Compositor dos Sambas da Escola; Walber Damasceno Duarte, Primeiro Presidente; Antonio dos Santos Pinheiro, popularmente conhecido como "Pancho", e Raimundo Braga de Almeida (R. Peixe), líder do grupo, carnavalesco e renomado artista plástico. A estreia foi na Batalha de Confetes daquele mesmo ano, realizada no antigo Bar do Barrigudo.


A escola sempre se destacou pelas inovações que ousava colocar em seus desfiles, baseadas em ideias importadas do Rio de Janeiro. Apesar de tudo, o Piratão chegou a ficar 11 anos longe do Carnaval, por desentendimento dentro da agremiação.


Os ensaios do Piratão estão a todo vapor,
a população comparece em peso
Legalmente, a escola tem a data de fundação em 31 de março de 1973. E já levando novidades para a avenida do samba, apresentando: Desfile contínuo (sem paradas na passarela); Samba de Enredo cantado do início ao fim do desfile; Utilização de cores variadas, desde que compatíveis com o enredo; e Comissão de Frente fantasiada explorando tópicos do enredo, deixando de utilizar o tradicional fraque, o que era muito comum na época.


O primeiro título da escola foi em 1987, com o enredo "Biroba, o Maquinista do Trem da Alegria"; a partir de então, a escola foi também conquistando títulos nos anos seguintes, culminando no Penta Campeonato Recorde, no período de 1987 a 1991.



Piratas da Batucada tem como fato relevante, ser a única Escola a ter participado de todos os desfiles oficiais do carnaval amapaense, arrebatando 16 títulos: de 1987 a 1991, 93, 94, 97, 98, de 2000 a 2002, 04, 06, 09 e 10.



Em 2012, a escola não vingou a vitória, mas promete um grande carnaval em 2013.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...