
Onde posso me
debruçar sobre os números que retratam os vários cenários do Amapá? Certamente,
fica difícil alguém me recomendar um local, um centro de estudos ou até mesmo
um endereço virtual. Simplesmente porque os números do Amapá são invisíveis,
esta lacuna está vaga, ainda está por fazer. Não é possível ver esta
fotografia. Para dispormos dela, será
necessário começarmos um grande quebra-cabeças, montando peça por peça, e ainda
assim não vamos ter um fotografia com a qualidade que queremos.
Sabem por que?
Porque os
números que retratam os vários cenários do Amapá, são lançados na imprensa
apenas de forma midiática, sem o devido tratamento e estudo metodológico,
fundamentado na pesquisa, para que possa se transformar em diagnósticos e
relatórios, com o objetivo de se tornar uma ferramenta para implementação de
políticas públicas.
A produção de informações é fundamental
para que a sociedade possa acompanhar as ações desenvolvidas pelos gestores nas
diversas áreas de atuação, em especial no
serviço público, e que elas sejam elaboradas de forma transparente. A
transparência não é somente apresentar os dados finais, mas sim mostrar como
eles foram construídos a cada etapa. É preciso ter validade científica, e,
portanto, um registro oficial.
Atualmente, nos
deparamos, aqui no Amapá, com fontes de informações das mais diversas,
mostrando a evolução de números nos diversos cenários envolvendo a nossa
população, muitos deles produzidos pela máquina oficial, outras por estudiosos,
jornalistas que vivem o cotidiano local e a imprensa de forma geral. Porém,
tudo acaba se transformando em um nada, pois não há por parte do Estado um
aproveitamento do que é produzido ou debatido, visando transformar o quadro
atual.
Resta-nos, ao
final, mostrar as informações que dispomos e que retratam a realidade de
gestores pouco comprometidos, com planejamentos imediatistas, nanicos,
idênticos a um voo de galinha. Então, nos transformamos nos que pregam a
desgraça do "quanto pior melhor". Mas quando se trata de alguém que
não é daqui das terras tucujus, apresentando
um trabalho de qualquer área, mesmo que seja copiado e mal adequado às
necessidades locais, este é visto de outra forma e ganha robustez.
Leio hoje nos
jornais, e escuto também os debates pelo rádio, sobre a redução em 34,48% no
índice de homicídios em Macapá. Não se sabe como o Governo do Estado chega a
estes números, também não sabemos como os dados são levantados e analisados,
mas temos a certeza de que a nossa capital, Macapá, está ficando cada vez mais
violenta. São assaltos, assassinatos e já se fala em crime por encomenda, coisa
incomum anteriormente.
Analisando os
dados contidos no Mapa da Violência 2012 (www.mapadaviolencia.org.br), as
informações lá contidas indicam que o último ano estudado foi 2010. Os dados
foram os únicos que encontrei disponíveis, abordando a violência no Amapá. O
objetivo é bem claro: confundir a população e provocar manchetes nas primeiras
páginas.
Com relação a
este tema, a obra "Introdução à Estatística" de Thomas H. Wannacott e
Ronald J. Wannacott, é iniciada com a seguinte frase de Andrew Lang: "Use a Estatística do
mesmo modo que um bêbado usa os postes - mais pelo apoio do que propriamente
pela iluminação".
O estado do
Amapá deve ser o único a não possuir um órgão produtor de informações
estatísticas, porém, na década de 1980 existia a Divisão de Geografia
Estatística - DGE, vinculado a Secretaria de Planejamento, que depois foi
engolido por gestor com pouca visão para o futuro.
Há necessidade
que o Governo do Estado do Amapá, avoque para si a responsabilidade pela
produção e coordenação de informações estatísticas, associadas à cartografia e
ao geoprocessamento, com profissionais treinados e capacitados, com
investimento em tecnologias e com convênio de cooperação técnica com
instituições de excelência. Estaria com
isso, dando um grande salto ao desenvolvimento ao invés de patinar e não sair
do lugar.
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