segunda-feira, 11 de março de 2013

Artigo do Gato - Talvez quando o sol chegar


A marcha do General Mourão Filho de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro no dia 31 de março de 1964 precipitou uma decisão que a cúpula militar e a ala política de extrema direita já vinham entabulando. Os motivos da época eram óbvios. A discordância com os rumos que a política nacional vinha tomando. No dia primeiro de abril de 1964 foi instituído o golpe militar, junto com o golpe a ditadura. O regime endureceu e foi-se a liberdade de expressão. Um céu púmbleo se instalou por sobre esta nação. Foram vinte e cinco longos anos de opressão e de imposição de vontades. Um retrocesso democrático para o Brasil.

O poeta disse que tudo passa, tudo passará e este regime de exceção passou. Voltou a brilhar em nosso País um céu azul varonil. Aos poucos a normalidade foi sendo restabelecida e a democracia plena implantou-se neste rincão com as eleições diretas para presidente do Brasil. O Congresso voltou a funcionar e os parlamentares puderam usar a tribuna para defender, sem mordaça e amarras o interesse da sociedade brasileira e quem não age assim, não o faz por ser um bandido de paletó e gravata, encastelado no Congresso Nacional e nos parlamentos estaduais, com o disfarce de Senador, Deputados, Federal ou Estadual e Vereador.

Mas este Sol que viceja forte no Brasil que começa do lado direito do rio Amazonas, aqui do lado esquerdo está encoberto por densas nuvens negras. As mesmas que um dia empanaram a democracia brasileira. O amapaense tem um olhar descrente, distante. Quando fita o infinito não há horizonte.

Não há crença de bons tempos, os ventos estão parados e as densas nuvens estacionadas sobre nosso céu provocam sombras permanentes neste solo.

 O povo cá embaixo anda assustado e atônito, não consegue vislumbrar mudanças.  A situação é de acefalia, não há respeito, não há comando, não há planejamento. O pior! Não há Estado Democrático de Direito. Vivemos um estado anárquico, que ignora a justiça e subverte a ordem. Chega-se a conclusão que o regime ditatorial que foi tão cruento e de difícil convivência tinha como razão o restabelecimento da "ordem" para dar ao País o progresso. Mas e aqui? O que nos move?

Os áulicos que se encastelaram no Setentrião não contribuem com o governo do jovem governador Camilo Capiberibe. Politizam tudo e todos. É a política da fuxicaria, da derrubação.. A estratégia desses é manter todos bem distantes do governador. Governador, antes que seu governo naufrague em função dos maus conselheiros e dos incompetentes que se mantém a transitar pelos corredores palacianos por conta do puxa saquismo, nefasto e consequente tome uma atitude que os mantenha por perto, mas longe dos seus ouvidos.

A política tem prazo para começar e terminar. Vencidos e vencedores, passada a eleição devem descer do palanque e arregaçar as mangas e começar a trabalhar. Os adversários não são parceiros, mas até os presos de guerra quando são capturados por soldados merecem respeito. Aqui no Amapá os adversários são considerados inimigos viscerais por aqueles que se acham arquitetos e construtores de um mandato que todos no Amapá sabem como foi conseguido. Por obra e graça de uma operação da Polícia Federal.

Para o governo Estadual poderíamos considerar que o aconselhamento de arregaçar as mangas e meter a cara no trabalho seja tardio, mas não é. Para o governo está em plena vigência, pois quando se busca encontrar atos que justifiquem os dois anos de comando do PSB eles são risíveis, porém fartos são os fatos que desabonam um governo que surgiu com redentor e restaurador da moralidade da coisa pública. Sorte tem o governo e seus secretários e assessores que o Ministério Público não vai para dentro dessas ações para investigar e responsabilizar gestores e assessores pelas improbidades cometidas as escancara.

A diferença e os diferentes devem ser respeitados e a lei e a ordem devem pautar atitudes e ações de quem tem a obrigação de respeitar o Estado Democrático de Direito. Temos leis, não vivemos a margem dela. A justiça amapaense precisa se impor e colocar o governo do Estado no seu devido papel. O de administrador da coisa pública. Impessoalidade, legalidade, publicidade, razoabilidade e moralidade são princípios que devem balizar as ações do Estado. Ninguém está acima da lei. Quem define esse procedimento ao gestor e ao cidadão é a Carta Magna deste País.

O governador Camilo Capiberibe pleiteia um segundo mandato. É justo, legal e moral. O Código eleitoral brasileiro lhe garante esse direito, mas, precisa ter o referendo do povo e para tanto precisa se aproximar do povo e governar para o povo. Não é protegendo a ilegalidade e protegendo apaninguados que se consegue respeito e credibilidade. As urnas em 2011 foram duras com o Partido Socialista Brasileiro e sua candidata sequer foi para o segundo turno. Se o resultado pífio da eleição municipal majoritária não foi entendida como um sinal de que a relação governo/povo não anda boa, então... Boa Sorte!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...