Asfixia do parlamento
Podem até imaginar que com a
saída de Moisés Souza e Edinho Duarte da presidência e da secretária geral da
Casa e com a renúncia de R$ 24 milhões do orçamento a situação dos deputados
estaduais está tranquila Ledo engano.
O Ministério Público afirma serem
graves os desmandos acontecidos naquela Casa de Leis referentes ao desvio de
dinheiro através de recebimento indevido de dinheiro público. Uma das denúncias
é um contrato celebrado com uma agência de viagem sem licitação por mais de R$
6 milhões e gasto apenas R$ 1,5 milhão, o resto, alega o Ministério Público,
foi rateado entre os parlamentares.
Esses e outros crimes contra os
deputados estão sendo apurados com rigor pelo desembargador Constantino
Brahuna, relator do processo movido pelo MPE contra Moisés e Edinho. Brahuna
diz que todos os que se locupletaram com dinheiro público devem responder pelos
seus atos.
A Procuradora Geral de Justiça do
Estado, Ivana Franco Cei, está como uma Leoa a caça de suas presas. Ela separou
do “lote” duas vítimas e pulou no lombo dos dois e cravou, com a fúria felina,
suas presas nas jugulares deles e só soltará quando caírem inertes no solo. É
uma caçada implacável, sob a égide da moralização daquela Casa de Leis.
A partir da admissibilidade das
denúncias formuladas pelo Ministério Público pelo Tribunal de Justiça o
processo anda. O problema é que o relator, que questionou na sessão que
apreciava a aceitação das denúncias, à fundamentação das mesmas, inclusive
propondo que o Ministério Público fizesse o devido arrolamento de todos os
parlamentares que supostamente se beneficiaram do dinheiro público, cujas
provas o MPE alega serem robustas, entende que todos os que ainda estão fora
devam vir para lide como réus.
O folclórico Gilvan Pinheiro Borges,
que ocupou acento na Câmara Federal e no Senado, faz suas análises dos cenários
políticos usando máximas saídas da lavra de sua irreverência política. A
primeira vista elas parecem absurdas, sem nexo, mas se analisadas com a devida
atenção, logo se percebe que são profundas e verdadeiras. Uma delas é de que
“Catitu fora da malhada é mais fácil de ser abatido.” O que quer dizer o
senador Gilvan Borges? Experiência extraída da observação do mundo animal.
Assim é que caçam as Leoas. Ao avistarem uma manada de Búfalos, elas tangenciam
o bando com astúcia e protegendo-se por arbustos e vão
separando da manada suas vítimas. Ivana, mutatis mutandis, fez o mesmo na Assembleia.
Avistou a corrupção no parlamento estadual, separou suas vítimas e deu o bote.
Ainda não morreram, mas agonizam. No caso do mundo animal, o antídoto ou a
estratégia dos selvagens búfalos pra se livrar dos felinos é partir para cima em
bando e assim quando não matam os algozes pisoteados, os espanta.
Pelo silêncio da Casa a esperança
é que este comportamento silente lhes sirva de salvo conduto para sair incólume
da saia justa que o Ministério Público colocou no parlamento estadual. Até
agora a tática tem funcionado, Ivana Cei só vê Moisés Souza na sua linha de
fogo, quando amplia o foco enxerga Edinho Duarte, mas o relator vê todos e com
uma nitidez que vai buscar, inclusive legislaturas pretéritas.
Bem, como a temporada de
acusações foi aberta mais cedo, através do dossiê de Fran Junior, não se
espantem se governador Camilo Capiberibe for arrolado para explicar as
passagens que doou ao pai quando este estava fora do senado e se ele também não
recebeu dinheiro da Assembléia de forma indevida.
Isso é uma bola de neve, rolando
só vai crescendo. Onde vai parar? Só Deus sabe!
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