sexta-feira, 29 de março de 2013

Iranilde Lobato
“Trabalhar foi muito bom pra mim, eu aprendi a viver, a tratar as pessoas bem. Convivendo com os outros se adquire sabedoria, principalmente quem mora em casa de família”. Luiza do Rosário Almeida.

Mais uma vez a editoria do Pioneirismo foi resgatar seu personagem na Comunidade de Carmo do Macacoari, que durante o verão em apenas duas horas e meia você chega nesta localidade, no inverno esse tempo dobra, mas é lá que estão as raízes da nossa pioneira desta semana. Luiza do Rosário Almeida. Filha de Joana do Rosário e João Sobrinho. Ama á vida simples do interior, teve sua infância bem aproveitada, tomou muito banho de rio, sempre comeu muito peixe, alimento que até hoje, não abre mão, macaxeira, apreciadora de um bom vinho. Uma mulher religiosa, devota de São José, e São João, e de dançar é uma das coisas da qual mais gosta.
Ainda menina já tomava conta de crianças, função que exerceu até se casar. Fazendo viagens periódicas para Macapá, com uma professora, numa dessas viagens conheceu Lourenço Tavares de Almeida seu marido em uma das festas de São José. Entre idas e vindas esse namoro à distancia durou cinco anos e três meses, depois de tanto tempo, não tinha mais como adiar esse casamento. Que gerou 3 filhos e 5 filhas, são as cinco Marias: Maria Cristina, Maria das Dores, Maria Goreth, Maria do Socorro e Maria Luiza do Rosário Almeida, os homens,  Aristides José o Zezão, Arcangelo José o Zezinho Macapá e Miguel Angelo. “Sempre gostei de criança, como gosto até hoje, ainda mais agora que tenho os meus netos e bisnetos.
Uma mulher que não teve tempo para estudar, preferiu trabalhar como doméstica cuidando de crianças dos outros , na hora de “tomar a lição” estava sempre ocupada. Seu pai era vaqueiro e sempre teve uma vida boa no interior, sua família vivia da roça, nunca lhe faltou nada. “A vida no interior era muito boa, andava descalça, comia peixe pegado na hora, meu pai era caçador, comia caça, saia todo dia pra marisca, não tinha geladeira, meu pai era vaqueiro também em uma fazenda, isso tudo foi muito bom”.
Gosta muito de festas de carnaval, Marabaixo e até hoje não deixa de ir nas festas do interior, claro que com uma menor frequência. Alguns anos atrás sofreu um acidente de moto, que bateu a coluna e passou muito tempo com dificuldade de andar e mesmo com a idade já não pode pagar estrada. “A vida do interior é diferente da vida da cidade. Minhas amigas estão todas velhas e doentes, eu também tô velha, mais pela vida que eu tive acho que to melhor que elas, tenho muita saúde, não tomo refrigerantes, bebo bastante suco”. Com 80 anos Luiza do Rosário está muito ativa, este ano foi para o Rio de Janeiro viver a folia do carnaval carioca, “Foram quatro noites de sono que passei, mas respeito minha idade”. Uma pessoa autêntica, que está sempre de portas abertas, gosta muito de conversar, muito atenciosa, com voz mansa  e dócil. 

Um alerta para as jovens mães de hoje
“O leite materno tem saúde paras crianças, meus filhos eram todos grande, eu ganhei até prêmio de primeiro lugar, por que o meu filho era bem cuidado. Quando eram pequenos todos foram amamentados, e a comida deles era feijão com arroz todos os dias, como é até hoje, Eu dava pra eles jerimum amassado. Eu criava assim meus filhos. Hoje criança não come nada, a vida é diferente. Já nascem cheios de alergia, porque não se alimentam do leite materno e não comem comida saudável”.

Lembranças da infância no Macacoari
 “A comida era natural. Minha comida é peixe, eu como peixe todos os dias. Cozido, frito, banana assada, no feijão, gosto de macaxeira, jerimum, galinha que eu como é do meu terreno em campina grande. Os frangos de hoje são cheios de remédio, eu não como. Macapá era uma cidade pequena todos se conheciam e pra você encontrar uma amapaense só indo pra uma festa como a de são José,  que eu encontrei na missa deste ano, estão todos velhos. E tem gente que nem se conhece mais, quando viemos morar no laguinho era tudo campo, havia uma ressaca aqui embaixo que a gente lavava roupa, tomava banho, hoje Macapá, está desse jeito, vem gente de todo lado que a cidade não da conta, de atender tanta gente. E a vida está desse jeito”.

Mulher tem que ser independente
“Hoje graças as Deus as mulheres estão mais independentes, elas tem vida própria, mulher tem quase os mesmos direito que os homens. E tem mulher que não está mais perdoando nem traição. Isso tá certo. Vão pra festa sozinha, bebem, e elas mesmas pagam suas contas. Mas essa independência trouxe também algumas dificuldades porque hoje os homens, não dançam, não namoram, e não casam. Hoje é diferente só se pensa em sexo. Eu lembro, quando se ia para uma festa, era preciso se esconder pra não dançar quando se  estava muito cansada. Tem lugar em casas de dança que se contrata até rapazes pra dançar. Hoje se uma mulher senta numa festa, ela bebe até se embriagar e não tem um homem que se aproxime dela pra dançar”.

Sua casa

“Gosto muito da minha casa sempre foi cheia de amigos, na minha mesa nunca sentou menos de 16 pessoas”. Luiza está viúva há 26 anos, mora com uma filha, e acolheu em sua casa a cunhada professora Quiteria com 84 anos, que preferiu não casar, (mais essa é outra história) e um casal de amigos que cultiva desde a infância, Luiza Costa Tolosa 76 anos, que carinhosamente chama de minha letra por  ter o mesmo nome que o seu, e o  esposo José Alves Correa 86 anos,   estão desde 2006 morando com ela.  Luiza conta que “Trabalhar foi muito bom pra mim, eu aprendi a viver, a tratar as pessoas bem, convivendo com os outros se adquire sabedoria, principalmente quem mora em casa de família”. A vida é muito boa pra mim”, finaliza Luiza.


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