“Trabalhar foi muito bom pra mim,
eu aprendi a viver, a tratar as pessoas bem. Convivendo com os outros se
adquire sabedoria, principalmente quem mora em casa de família”. Luiza do
Rosário Almeida.
Mais uma vez a editoria do
Pioneirismo foi resgatar seu personagem na Comunidade de Carmo do Macacoari, que
durante o verão em apenas duas horas e meia você chega nesta localidade, no
inverno esse tempo dobra, mas é lá que estão as raízes da nossa pioneira desta
semana. Luiza do Rosário Almeida. Filha de Joana do Rosário e João Sobrinho. Ama
á vida simples do interior, teve sua infância bem aproveitada, tomou muito
banho de rio, sempre comeu muito peixe, alimento que até hoje, não abre mão,
macaxeira, apreciadora de um bom vinho. Uma mulher religiosa, devota de São
José, e São João, e de dançar é uma das coisas da qual mais gosta.
Ainda
menina já tomava conta de crianças, função que exerceu até se casar. Fazendo
viagens periódicas para Macapá, com uma professora, numa dessas viagens
conheceu Lourenço Tavares de Almeida seu marido em uma das festas de São José.
Entre idas e vindas esse namoro à distancia durou cinco anos e três meses,
depois de tanto tempo, não tinha mais como adiar esse casamento. Que gerou 3
filhos e 5 filhas, são as cinco Marias: Maria Cristina, Maria das Dores, Maria
Goreth, Maria do Socorro e Maria Luiza do Rosário Almeida, os homens, Aristides José o Zezão, Arcangelo José o
Zezinho Macapá e Miguel Angelo. “Sempre gostei de criança, como gosto até hoje, ainda mais agora que tenho os meus netos e bisnetos.
Uma mulher que não teve tempo
para estudar, preferiu trabalhar como doméstica cuidando de crianças dos outros
, na hora de “tomar a lição” estava sempre ocupada. Seu pai era vaqueiro e
sempre teve uma vida boa no interior, sua família vivia da roça, nunca lhe
faltou nada. “A vida no interior era muito boa, andava descalça, comia peixe
pegado na hora, meu pai era caçador, comia caça, saia todo dia pra marisca, não
tinha geladeira, meu pai era vaqueiro também em uma fazenda, isso tudo foi muito
bom”.
Gosta muito de festas de
carnaval, Marabaixo e até hoje não deixa de ir nas festas do interior, claro que
com uma menor frequência. Alguns anos atrás sofreu um acidente de moto, que
bateu a coluna e passou muito tempo com dificuldade de andar e mesmo com a
idade já não pode pagar estrada. “A vida do interior é diferente da vida da
cidade. Minhas amigas estão todas velhas e doentes, eu também tô velha, mais
pela vida que eu tive acho que to melhor que elas, tenho muita saúde, não tomo
refrigerantes, bebo bastante suco”. Com 80 anos Luiza do Rosário está muito
ativa, este ano foi para o Rio de Janeiro viver a folia do carnaval carioca, “Foram
quatro noites de sono que passei, mas respeito minha idade”. Uma pessoa
autêntica, que está sempre de portas abertas, gosta muito de conversar, muito atenciosa,
com voz mansa e dócil.
Um alerta para as jovens mães de hoje
“O leite materno tem saúde paras
crianças, meus filhos eram todos grande, eu ganhei até prêmio de primeiro lugar,
por que o meu filho era bem cuidado. Quando eram pequenos todos foram
amamentados, e a comida deles era feijão com arroz todos os dias, como é
até hoje, Eu dava pra eles jerimum amassado. Eu criava assim meus filhos. Hoje
criança não come nada, a vida é diferente. Já nascem cheios de alergia, porque
não se alimentam do leite materno e não comem comida saudável”.
“A comida era natural. Minha comida é peixe,
eu como peixe todos os dias. Cozido, frito, banana assada, no feijão, gosto de
macaxeira, jerimum, galinha que eu como é do meu terreno em campina grande. Os
frangos de hoje são cheios de remédio, eu não como. Macapá era uma cidade
pequena todos se conheciam e pra você encontrar uma amapaense só indo pra uma
festa como a de são José, que eu
encontrei na missa deste ano, estão todos velhos. E tem gente que nem se conhece
mais, quando viemos morar no laguinho era tudo campo, havia uma ressaca aqui
embaixo que a gente lavava roupa, tomava banho, hoje Macapá, está desse jeito,
vem gente de todo lado que a cidade não da conta, de atender tanta gente. E a
vida está desse jeito”.
Mulher tem que ser independente
“Hoje graças as Deus as mulheres
estão mais independentes, elas tem vida própria, mulher tem quase os mesmos
direito que os homens. E tem mulher que não está mais perdoando nem traição.
Isso tá certo. Vão pra festa sozinha, bebem, e elas mesmas pagam suas contas.
Mas essa independência trouxe também algumas dificuldades porque hoje os
homens, não dançam, não namoram, e não casam. Hoje é diferente só se pensa em
sexo. Eu lembro, quando se ia para uma festa, era preciso se esconder pra não
dançar quando se estava muito cansada.
Tem lugar em casas de dança que se contrata até rapazes pra dançar. Hoje se uma
mulher senta numa festa, ela bebe até se embriagar e não tem um homem que se
aproxime dela pra dançar”.
Sua casa
“Gosto muito da minha casa sempre
foi cheia de amigos, na minha mesa nunca sentou menos de 16 pessoas”. Luiza está
viúva há 26 anos, mora com uma filha, e acolheu em sua casa a cunhada
professora Quiteria com 84 anos, que preferiu não casar, (mais essa é outra
história) e um casal de amigos que cultiva desde a infância, Luiza Costa Tolosa
76 anos, que carinhosamente chama de minha letra por ter o mesmo nome que o seu, e o esposo José Alves Correa 86 anos, estão desde 2006 morando com ela. Luiza conta que “Trabalhar foi muito bom pra
mim, eu aprendi a viver, a tratar as pessoas bem, convivendo com os outros se
adquire sabedoria, principalmente quem mora em casa de família”. A vida é
muito boa pra mim”, finaliza Luiza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário