sexta-feira, 29 de março de 2013


Caramujo Africano

A praga se alastra pelo Amapá



Iranilde Lobato
Da Reportagem

Há mais de 30 anos foi introduzida no território nacional uma espécie bizarra a fauna brasileira, aqui se fala do caramujo africano, que chegou ao Brasil na década de 80 trazido da África por empresários paranaenses que queriam que competisse com o “escargot”, espécie de caramujo de origem francesa. Diferente do verdadeiro escargot, que é bem menor e tem a concha quase redonda, o caramujo africano é estranho e chega a ser repulsivo. Ele é grande e escuro e quando adulto pode medir 15 centímetros de comprimento e pesar 200 gramas.

Não aceito na alimentação, os criadores soltaram os caramujos no meio ambiente, e o que seria uma alternativa gastronômica, se tornou um problema ambiental. A praga ataca e destrói plantações de várias espécies vegetais, causando danos econômicos, e, às vezes, prejudicando plantações de subsistência de famílias de baixa renda. Têm preferência por frutas e legumes alimentando-se de brotos e talos novos.


Em 2011 o deputado estadual Zezé Nunes (PV) membro da Comissão do Meio Ambiente da Assembleia já tinha proposto uma Audiência Publica sobre o Caramujo Africano. As autoridades sanitárias amapaenses já tinham conhecimentos da invasão dos moluscos e passaram informações publicadas pela imprensa de como combater o invasor do habitat natural amapaense e os cidadãos que dessem combate.
No mesmo período o Tribuna Amapaense publicou matéria de alerta da invasão dessa espécie exótica em Macapá, principalmente em locais abandonados onde o lixo predominava e um grande fornecedor alimentício e de local de desova.

Este ano mais uma Audiência Pública foi acionada pelo deputado Keka Cantuária (PDT) sobre o assunto. O evento realizado no plenário da Assembleia Legislativa Amapaense na última quinta-feira (21) com o tema “Combate ao Caramujo Gigante Africano”. O objetivo desta audiência foi o de discutir uma forma de combater esse caramujo, pois está comprovada sua ação nociva à saúde, à fauna e à flora, causando grave desequilíbrio ecológico. É uma oportunidade de reunir a sociedade civil organizada para discutir essa problemática e identificar os riscos e as formas de combater essa praga.
O deputado justificou a repetência do evento a incidência maior e o numero desses caramujos que se multiplicam. “A multiplicação da espécie que é invasora do habitat amapaense e assustadora.”, justificou o deputado.

Diversas autoridades que atuam no segmento do meio ambiente, se fizeram presente a proferiram palestras, como representantes da Secretaria de Saude (SESA) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A plenária contou com a presença de presidentes de associações de bairros e da associação de agricultores de Macapá.
O pesquisador da Embrapa Amapá, agrônomo Adilson Lopes Lima, enalteceu a iniciativa de se realizar um debate público sobre este tema e norteou sua palestra a partir da biologia, aspectos ecológicos e medidas de controle do caramujo gigante africano. “Atualmente não desenvolvemos pesquisa específica voltada para esta espécie, mas estamos abertos a esta possibilidade. O importante agora é abrir este canal de diálogo e parcerias”, acrescentou o pesquisador.
Sobre as medidas de controle, o pesquisador destacou a necessidade de limpeza total das áreas infestadas, como terrenos baldios, eliminação de entulhos, lixo, restos de culturas ou qualquer material que possa servir de abrigo ou alimento para o caramujo gigante africano. “No mundo todo, a catação manual seguida de incineração ainda é o método mais eficiente, com adesão da comunidade e execução regular”, disse Lima, lembrando que o sal não deve ser utilizado devido ao grande risco de salinização da área, podendo atingir o lençol freático.

Transmissor de doenças

Com relação à espécie, Adilson Lima falou sobre a classificação da taxonomia do caramujo gigante africano, sua origem e dispersão a partir da África. Trata-se de uma espécie exótica invasora, que foi introduzia no Brasil ilegalmente durante uma feira agropecuária em Curitiba (PR), no final dos anos 80. “As espécies invasoras exóticas são organismos que, quando introduzidos fora de sua área de distribuição natural, ameaçam ecossistemas, habitats e outras espécies. Atualmente são consideradas a segunda maior causa de extinção de espécies no planeta, afetando diretamente a biodiversidade, a economia e a saúde humana”, alertou o pesquisador da Embrapa.

Vale ressaltar que a ausência de inimigos naturais de espécies exóticas invasoras (como é o caso deste caramujo) aumenta as consequências negativas que estas espécies causam na biodiversidade.

Já com relação a implicações na saúde pública, o pesquisador citou que esta espécie de caramujo pode ser um hospedeiro intermediário dos vermes, causadores da meningite e distúrbios abdominais,(inflamação no intestino) é um sintoma assemelhado a apendicite. Mas no entanto, ainda não existem casos confirmados na América  que o caramujo africano seja o hospedeiro intermediário desse verme. “Gostaria de enfatizar, tem que se ter cuidado, mas não é de alarmar que ele vá transmitir doença pra todo mundo, porque não é verdade. Já foram registrados no país como em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, mas eram outras espécie de caramujo, mas no Brasil não existe nenhum registro de patologia, contendo o caramujo africano como hospedeiro intermediário.


Biologia do caramujo gigante africano:

Tamanho e peso da concha (adulto): 10 a 15 cm de comprimento e 200 g de peso;
Coloração da concha: mosqueada em tons de marrom e marrom escuro;
Hábito alimentar: herbívoro generalista (folhas, flores e frutos de diversas espécies vegetais – apetite voraz e forrageamento em períodos noturnos);
Maturidade sexual: atingida aos quatro ou cinco meses;
Longevidade: de três a cinco anos;
Potencial reprodutivo: até 4 posturas por ano, com 50 a 200 ovos por postura (indivíduos hermafroditas);
Tamanho e coloração dos ovos: de 5-6 mm de comprimento por 4-5 mm de largura, de coloração amarelo-creme;
Ocorrência: margens de brejos, capoeiras, hortas e pomares, plantações abandonadas, terrenos baldios, quintais, jardins...
Tolerância ambiental: alta adaptação e resistência a fatores abióticos como temperatura e umidade. Apresenta alta proliferação na estação chuvosa.


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