Reinaldo Coelho
Da Editoria
Uma escola de grande importância econômica e educacional cai
no esquecimento da sociedade e dos parlamentares amapaenses. O então senador
Papaléo Paes deu entrada, há sete anos em um Projeto de Lei nº 341, de 2007, no
Senado Federal, autorizando o Poder Executivo a criar a Escola Técnica Federal
do Município de Santana, no Estado do Amapá. O Projeto de Lei n.º 2.517, de 2007, foi iniciado no
Senado Federal, onde tramitou como Projeto de Lei do Senado (PLS) n.º 341.
A importância do projeto está na criação de uma escola
formadora de técnicos na especialidade de construção naval, ofício tradicional
de muitos artesãos da cidade santanense.
A relatora do projeto na Câmara Federal, na época, Deputada
Ângela Portela, e no Senado Federal, o senador Paulo Paim (PT/RS), justificou o
voto alertando para a escassez de oferta de educação profissional no município.
“O avanço tecnológico demanda que os profissionais dessa área tenham uma
formação atualizada para atender competitivamente a clientela”.
No que se refere aos
educadores, o Ministério da Educação deveria agraciar com um amplo esquema de
apoio educacional, melhorando instalações à beira rio como inovação educativa.
Esse seria o grande diferencial para os que ainda constroem
embarcações amazônicas de maneira artesanal, e infelizmente a profissão dos
grandes Mestres Carpinteiros Navais está em extinção.
Desde os tempos da colonização portuguesa, a partir do século
XVI, a indústria naval da região amazônica tem sido um importante fator de desenvolvimento
econômico regional, ao lado do extrativismo, da agricultura e da indústria
manufatureira.
Essa região foi colonizada e explorada pelos europeus, os
quais, para tanto, valeram-se da atividade náutica. As técnicas navais
europeias trazidas pelos colonizadores e integradas às técnicas indígenas
resultaram em embarcações de diversos modelos adaptados às condições de
navegabilidade local, cujas soluções originais vêm sendo transmitidas por
gerações aos construtores navais.

De acordo com um deles existe pouca gente construindo, pouca
comprando e ninguém aprendendo. “E a regulamentação é cada vez mais apertada,
metem regras em tudo, muitas delas sem sentido, e isso não ajuda nada. Esta
arte está condenada, dura poucos anos mais”.
O mestre Ambrósio, que trabalhava na Vila do Elesbão, situada
às margens do canal norte da foz do rio Amazonas e próxima ao porto de Santana,
tinham recebido nos anos 60 da Capitania dos Portos a concessão para a
instalação de um estaleiro – o primeiro do município – e, a partir de então,
começaram as construções genuinamente produzidas em Santana.
O Governo do Estado vai aumentar os investimentos na base do
setor pesqueiro do Amapá para fortalecer a economia amapaense. Este ano, a
aplicação de recursos na indústria naval subirá para R$ 3 milhões - aumento de
15,38% em relação a 2013. O anúncio foi feito pelo governador Camilo
Capiberibe, durante visita aos estaleiros onde são fabricadas embarcações
financiadas pelo Fundo de Desenvolvimento Rural do Amapá (Frap), que fomenta os
pequenos produtores.
Em 2012 foram investidos recursos na ordem de R$ 1,6 milhões
que financiaram 120 embarcações pesqueiras, aquecendo não só o segmento da
construção naval, mas a economia no entorno dos estaleiros e propiciou a geração
de emprego.
Segundo Camilo Capiberibe, o governo estuda a liberação de
uma linha de crédito, por meio da Agência de Fomento do Amapá (Afap), para a
modernização dos estaleiros. As solicitações mais evidentes dos donos de estaleiros são com relação à
madeira usada na construção das embarcações.
"O setor pesqueiro é uma cadeia. Antes do peixe vem o
barco, o carpinteiro naval e a madeira", observou Antônio Marreiros,
empresário da construção naval, que elogiou a iniciativa do Governo Estadual de
se reunir com os trabalhadores do segmento. "Eu trabalho a 33 anos fazendo
barcos aqui no Amapá. Esta é a primeira vez que um governador vem até a gente
para escutar os nossos problemas".
A segunda solução é em longo prazo. Segundo o governador, o
edital de concessão para exploração madeireira na Floresta Estadual do Amapá
(Flota) vai prever que parte da produção seja comercializada no Estado, com
certa fração destinada diretamente à construção naval. "Esta será a nossa
saída no futuro para sanar a escassez de matéria-prima para a produção de
barcos. Ela nos proporcionará madeira de qualidade e legalizada", ponderou
Camilo.
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