sexta-feira, 29 de março de 2013


Editorial
Amapá precisa lavar sua honra


Os milhões de litros de água que a Companhia de Água e Esgoto do Amapá perde por desvio “gatos” e pelo desmantelamento da rede de água já estrangulada em muitos pontos da cidade, não seriam suficientes para lavar a honra do Estado do Amapá, enlameada pelos sucessivos escândalos de corrupção que se tem notícia através da mídia.
Parece que este desvio de comportamento está impregnado nas entranhas do Poder Público brasileiro. No Amapá ao que parece é que a anomalia econômica que se vivencia é uma das causas. O Estado possui uma base econômica fundada em verbas públicas, sobre tudo oriunda das transferências institucionais, como o Fundo de Participação dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Os setores, primário e secundário têm participação pífia na composição do Produto Interno Bruto amapaense.
No Amapá a cada dia uma maracutaia vem à tona. Algumas que aconteceram há alguns anos, mas que a Polícia Federal, Polícia Civil, Ministérios Públicos, Estadual e Federal, vêem investigando, outros casos mais recentes, ocorridos já nesta administração.
A prisão de dois promotores públicos do Estado e de um advogado trabalhista, que segundo inquérito policial desviou mais de R$ 40 milhões dos cofres do Estado pegou todo mundo de surpresa. A Secretaria de Estado da Saúde está com alguns servidores da atual gestão indiciados por crime de responsabilidade em virtude de estarem sendo acusados de terem feito pagamento de serviços sem a regular contratação. Ainda tem o escândalo capitular da Assembléia Legislativa, que a população vai tendo conhecimento em doses homeopáticas revelado após a realização da Operação Eclésia.
Está operação envolvendo o parlamento estadual, já culminou a priori com o afastamento do presidente da Casa, deputado Moisés Souza (PSC) e de Edinho Duarte (PP), da Secretária Geral. Porém as denúncias crime estão sendo apuradas no Tribunal de Justiça e, pelas constatações mais deputados deverão figurar no processo na condição de réu.
Outro fato que ganhou repercussão nacional foi a denúncia de Fran Júnior, ex-deputado e ex-presidente da Assembléia Legislativa, que rompeu o silêncio de anos e entregou na comissão de Ética do Senado um dossiê acusando o ex-governador e atual senador da República, João Alberto Capiberibe de ter pago propina aos deputados para ter facilidades no parlamento estadual no período em que foi governador do Estado e o senador Randolfe Rodrigues (Psol) foi acusado de ter sido beneficiado com o recebimento indevido do famoso “jaraqui”, o dinheiro que era repassado por fora para pagar os deputados que aproavam o esquema de corrupção.
Um escândalo, pois ambos os políticos apregoam a probidade e a transparência em suas atividades parlamentares, embora Capiberibe tenha sido cassado por compra de voto, pelo Tribunal Superior Eleitoral. Já Randolfe Rodrigues, que se notabilizou por ter sido o autor do pedido de instalação da CPI do contraventor Carlinhos Cachoeira.
Se cair em uma prova de concurso público quantas operações a Polícia Federal já realizou no Amapá, poucos conseguirão nominar. Foram tantas que a população perdeu a conta. Para os envolvidos fica o álibi de que no direito brasileiro ninguém pode ser considerado culpado até o transito em julgado e que até agora sequer foram indiciados. Na realidade esses argumentos servem para que não haja condenação antecipada, porém o fato é que onde a fumaça a fogo.
O Amapá está mal das pernas e sem uma perspectiva no horizonte de que as coisas possam mudar. A bola está literalmente nas mãos de Deus e da sociedade amapaense

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ARTIGO DO GATO - Amapá no protagonismo

 Amapá no protagonismo Por Roberto Gato  Desde sua criação em 1988, o Amapá nunca esteve tão bem colocado no cenário político nacional. Arri...