Editorial
Amapá precisa lavar sua honra
Os milhões de litros de água que
a Companhia de Água e Esgoto do Amapá perde por desvio “gatos” e pelo
desmantelamento da rede de água já estrangulada em muitos pontos da cidade, não
seriam suficientes para lavar a honra do Estado do Amapá, enlameada pelos
sucessivos escândalos de corrupção que se tem notícia através da mídia.
Parece que este desvio de
comportamento está impregnado nas entranhas do Poder Público brasileiro. No
Amapá ao que parece é que a anomalia econômica que se vivencia é uma das
causas. O Estado possui uma base econômica fundada em verbas públicas, sobre
tudo oriunda das transferências institucionais, como o Fundo de Participação
dos Estados (FPE) e o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Os setores,
primário e secundário têm participação pífia na composição do Produto Interno
Bruto amapaense.
No Amapá a cada dia uma maracutaia
vem à tona. Algumas que aconteceram há alguns anos, mas que a Polícia Federal,
Polícia Civil, Ministérios Públicos, Estadual e Federal, vêem investigando,
outros casos mais recentes, ocorridos já nesta administração.
A prisão de dois promotores
públicos do Estado e de um advogado trabalhista, que segundo inquérito policial
desviou mais de R$ 40 milhões dos cofres do Estado pegou todo mundo de
surpresa. A Secretaria de Estado da Saúde está com alguns servidores da atual
gestão indiciados por crime de responsabilidade em virtude de estarem sendo
acusados de terem feito pagamento de serviços sem a regular contratação. Ainda
tem o escândalo capitular da Assembléia Legislativa, que a população vai tendo
conhecimento em doses homeopáticas revelado após a realização da Operação Eclésia.
Está operação envolvendo o
parlamento estadual, já culminou a priori com o afastamento do presidente da
Casa, deputado Moisés Souza (PSC) e de Edinho Duarte (PP), da Secretária Geral.
Porém as denúncias crime estão sendo apuradas no Tribunal de Justiça e, pelas
constatações mais deputados deverão figurar no processo na condição de réu.
Outro fato que ganhou repercussão
nacional foi a denúncia de Fran Júnior, ex-deputado e ex-presidente da
Assembléia Legislativa, que rompeu o silêncio de anos e entregou na comissão de
Ética do Senado um dossiê acusando o ex-governador e atual senador da
República, João Alberto Capiberibe de ter pago propina aos deputados para ter
facilidades no parlamento estadual no período em que foi governador do Estado e
o senador Randolfe Rodrigues (Psol) foi acusado de ter sido beneficiado com o
recebimento indevido do famoso “jaraqui”, o dinheiro que era repassado por fora
para pagar os deputados que aproavam o esquema de corrupção.
Um escândalo, pois ambos os
políticos apregoam a probidade e a transparência em suas atividades
parlamentares, embora Capiberibe tenha sido cassado por compra de voto, pelo
Tribunal Superior Eleitoral. Já Randolfe Rodrigues, que se notabilizou por ter
sido o autor do pedido de instalação da CPI do contraventor Carlinhos
Cachoeira.
Se cair em uma prova de concurso
público quantas operações a Polícia Federal já realizou no Amapá, poucos
conseguirão nominar. Foram tantas que a população perdeu a conta. Para os
envolvidos fica o álibi de que no direito brasileiro ninguém pode ser
considerado culpado até o transito em julgado e que até agora sequer foram
indiciados. Na realidade esses argumentos servem para que não haja condenação
antecipada, porém o fato é que onde a fumaça a fogo.
O Amapá está mal das pernas e sem uma
perspectiva no horizonte de que as coisas possam mudar. A
bola está literalmente nas mãos de Deus e da sociedade amapaense
Nenhum comentário:
Postar um comentário