Saúde no Amapá
Malabarismo comercial engessa CAF/SESA
Malabarismo comercial engessa CAF/SESA
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Prateleiras vazias nas farmácias hospitalar não é só culpa do GEA, os fornecedores não vem cumprindo os compromisso contratuais e deixam de entregar os medicamentos nos prazos estabelecidos |
Reinaldo Coelho
Da Editoria
Nosso País é refém do folclórico jeitinho brasileiro. Este
modus operandi pode ser facilmente encontrado em todas as esferas da
administração. Mas vamos falar do jeitinho que manobra uma das leis que mais
clamam por mudanças: a Lei das Licitações 8666/93. Os argumentos explícitos
nesta legislação não só deixam expostas as brechas como também muitas vezes são
ignorados. Portanto, para que as licitações no Brasil ganhem o caráter oficial
que merecem não basta apenas mudar a carta que rege o segmento. Mas seguir seus
parâmetros. Agir de acordo com o que reza a legislatura.
Hoje o que mais se houve nas redes de noticias é a falta de
medicamentos desde ao pequeno Posto de Saúde aos grandes Hospitais de Alta
Complexidade em todos os recantos do país. Fizemos uma pesquisa nos sites de
outras unidades da federação e a reclamação é a mesma dos gestores de saúde, as
empresas não cumpre o prazo de entrega dos medicamentos.
Na edição 349 deste semanário foi publicada uma
matéria-denuncia onde é narrada a falta de medicamentos importantíssimos para o
tratamento de quimioterapia dos portadores de Câncer, ao procurarmos os
protagonistas desta situação caótica, onde a vida do cidadão estava em jogo,
verificamos que acontecia realmente a falta de medicamentos, porém na
declaração do secretario adjunto da Saúde, Robério Monteiro, que nesta primeira
quinzena de março, ocorreu realmente a falta de medicamentos. “Faltaram
cinco medicamentos oncológicos na rede em razão das duas empresas que prestam
serviços para a SESA, a Expressa e Oncoprod, mesmo tendo o empenho nas mãos há
30 dias, não o cumpriram. A serem acionadas, elas providenciaram a entrega de
quatro medicamentos e esta em falta um deles que é o Oxiliplatina que deverá
ser entregue nesta sexta-feira (15)”, explicou o secretário.
E ai que entra o jeitinho brasileiro, colocado na abertura
dessa reportagem, as empresas não cumpriram o prazo, porém ao serem pressionadas
deram um “jeitinho”, entregaram partes dos remédios que deviam, há muito terem
entregues.
Licitação
O caminho de uma empresa que ganha uma licitação para
fornecer medicamentos exclusivamente no critério menor preço é similar: após
ganhar a concorrência – e já sabido que com aquele valor não conseguirão
entregar um produto que prime pela qualidade – ou descarregam qualquer quantidade
sem qualidade para o desavisado comprador ou não cumprem o prazo ou
simplesmente não entregam. Em muitos casos as três alternativas podem ocorrer.
Com o nome maculado no segmento após esta lambança, o fornecedor sai de cena
trocando apenas de nome. E segue sua rotina de ludibriar seus crédulos compradores.
Alternativas
Hoje existem os Pregões eletrônicos aonde há uma modalidade
de compras e licitação. Isso oferece uma transparência para aquisições. Dando oportunidade a todos os fornecedores do
Brasil de participarem de aquisições de medicamentos. O pregão eletrônico é um
portal do Banco do Brasil, que fica aberto durante uma semana a 15 dias,
dependendo da quantidade de itens, e todos fornecedores do Brasil têm direito
de participar. O que acontece é que uma empresa, que está com sua documentação
toda legalizada, participa da licitação, ganha o produto e, muitas vezes, não
entrega o produto e acaba prejudicando o abastecimento.
O chefe da Unidade de Contratos e Convênios da SESA, Ivaldo
Pimentel, explicou que os serviços contratos pela secretaria têm processo
interno e externo e que depois de concluso todo o tramite processuais ele e
encaminhado para a Unidade de Contratos. “Aqui já recebemos o resultado das
Licitações e Pregões e chamamos as empresas vencedoras para assinarem os
respectivos contratos. Destaco que como é grande a diversificação de segmentos
atendidos, principalmente os de medicamentos, cada contrato tem procedimento e
suas clausulas especificas”.
O chefe da UCC/SESA destaca também que as clausulas de não
cumprimento do estabelecido nos contratos tem punições que vão da multa de 10% sobre o valor global
a suspensão do direito de licitar e
contratar com a administração pública que chega a dois anos”.
Voltamos mais uma vez a legislação. No artigo 87, da lei de
licitações, o texto fala das sanções estabelecidas para punir empresas que não
cumprem o contrato licitatório, declarando que ela não estará apta, nos termos
da lei, para licitar após ter infringido as regras em contrato anterior. Porém,
o parágrafo 3° deste artigo estabelece que “a sanção (...) é de competência
exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou Municipal, conforme
o caso”.
Dessa forma, uma fabricante que cometeu infrações na entrega
de um pedido para a secretaria de Saúde do Amapá, ainda assim estará apta a participar
de licitação no município de Macapá ou em São Bernardo do Campo. Porque sua não
conformidade fica restrita à cidade ou órgão na qual houve o problema de
fornecimento pós-licitação. Fica fácil trabalhar assim.
Culpa do poder publico?
Secretário Adjunto da SESA, Robério Monteiro |
E a sociedade e os órgãos não governamentais começam a
colocar a culpa totalmente no poder publico. O secretario adjunto da SESA,
disse que não irão mais permitir que o governo acabe pagando, por não conseguir
atender bem aos pacientes da rede pública e se ver diante de ações judiciais
por falta de medicamentos, em função de práticas alheias. Robério Monteiro,
fala que a Secretaria tem enfrentado dificuldade na questão do fornecimento de
medicamentos. “O grande problema é que nas contratações diretas ou nas licitações,
os fornecedores têm feito às entregas de forma parcial", diz ele.
O secretário afirma que já foi decidido pelo ajuizamento de
ações com cominação de multas por descumprimentos,
contra fornecedores que não cumprirem o contrato de entregar o medicamento num
prazo de cinco dias, sejam empresas de dentro ou de fora do Estado.
“Após esgotar todos os recursos administrativos legais iremos
inscrever a empresa no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF)
que proíbe a empresa em participar de licitações no estado e após 90 dias é
declarada inidônea. Tivemos um entendimento com o Procurador Geral do Estado
que tomaremos uma atitude linha mais dura, iremos publicar no Diário Oficial
Estadual e da União a relação das empresas inadimplentes com a secretaria e
encaminharemos correspondência a todas as secretarias estaduais, essa será uma
maneira de driblar as falhas da lei e tirar esses mal intencionados do
sistema”.
Os fornecedores
Cabe a quem compra valorizar a aquisição e vasculhar o
histórico desta empresa: para quem já forneceu? Cumpriu prazos? Que tal a
qualidade do material? Não é difícil. São empresas de fundo de quintal. E devem
ser tratadas como tal nos processos licitatórios.
Um empresário do ramo de venda de medicamento, e que não quis
ser identificado, informou que muitas vezes o pagamento é empenhado através do
Fundo Estadual e que leva meses para ser resgatado. “É preferível que seja
feita a venda através do de verbas do SUS, que tem mais de R$ 5 milhões mensal,
e do Fundo Rotativo Hospitalar que é pago em “espécie”, pois é um recurso para
aquisição emergencial. E funciona assim faltou, procura um fornecedor, compra e paga na hora”, explica o empresário.
O secretario respondeu que essa é outra situação, os Fundos Rotativos
que são destinados aos hospitais são para aquisições emergenciais e alguns
distribuidores vendem diretos para esses fundos pela rapidez que com que é executado. “Os hospitais fazem uma cotação
de três empresas que tiver o menor preço leva. E os empresários estão
preferindo vender assim. O sistema é pernicioso ele é injusto, o empresário
vende ao hospital por um preço maior em vez de vender para a SESAS por um preço
menor, pois é grande a concorrência e demora a receber”, analisa.
Umas das opções para não onerar os cofres estaduais colocaram
as licitações de medicamentos na fonte do SUS. “Assim todo o medicamento tem
recursos garantidos. E conseguimos pagar
de imediato os nossos fornecedores, não ficando com a imagem de mau pagador”,
finaliza
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