sexta-feira, 5 de abril de 2013




ENTREVISTA DA SEMANA



“Já discutimos algumas alternativas no sentido de não inviabilizarmos as atividades minerais do Estado. Se isso acontecer provocará o chamado efeito dominó: atingirá o Porto, a ferrovia, pois sem ter o que transportar pára toda essa cadeia, com exceção do ouro. No que concerne ao ferro, será um impacto que elevará a taxa de desemprego no setor de 2.000 a 3.000 empregos diretos e em torno de 10 mil empregos indiretos. E mais, os empreendimentos”. Reinaldo Picanço, secretário da Seicom






                                A Tribuna Amapaense nesta edição conversou com o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), José Reinaldo Picanço. Ele fala sobre a posição do governo diante do lamentável incidente que provocou o desmoronamento do porto locado para a Mineradora Anglo Ferrous, no município de Santana (AP). Explica sobre a implantação de novos Distritos Industriais no Amapá e o incentivo a industrialização amapaense, com a implantação do Linhão do Tucurui que solucionará a deficiência energética do Amapá.


Tribuna Amapaense – Sobre a queda da estrutura do Porto de Santana, ora administrado pela Mineradora Anglos Ferrous. Como a secretaria está atuando no problema?

Reinaldo Picanço -  O importante é destacar que desde que ocorreu o sinistro na madrugada do dia 28, estamos dialogando com a empresa Anglos Ferrous, com a Prefeitura de Santana e as outras empresas mineradoras envolvidas pelo acontecido e que utilizam os serviços do porto sinistrado para despachar seus minérios. Na manhã seguinte estávamos na comitiva do governador Camilo Capiberibe que conversou com os gestores da empresa e visitamos o local sinistrado e estivemos com familiares das vítimas. No mesmo instante o governador determinou a criação de um Grupo de Trabalho, composto por instituições governamentais e nos incumbiu para coordenar esta equipe. O governador Camilo ligou de imediato ao Ministro de Portos pedindo a intervenção e a cooperação do Ministério para viabilizar a recuperação do Porto.

TA – Quais foram às primeiras ações deste Grupo de Trabalho?

RP – Nós recebemos a determinação do governador Camilo Capiberibe para nos empenharmos em busca de alternativas que sejam viáveis para toda a população. Além disso, estamos estudando para dar continuidade à atividade minerária. Transportar o minério pela CDSA será prioridade neste momento, já que a paralisação desses trabalhos ocasionará uma grande perda de receita para todo o Estado, entre outros riscos. De imediato entramos em contato com o prefeito de Santana, Robson Rocha, com o diretor-presidente da CDSA, Edival Tork; o diretor de Desenvolvimento Operacional da Secretaria de Portos da Presidência da República, Wilson do Egito Coelho Filho; e com o gerente-geral de Suprimentos e Logística da  Anglo Ferrous, Mivaldo Paz. E juntos estudamos estratégias imediatistas para solucionarmos e diminuir o impacto econômico e social do sinistro.

TA – Qual serão as atividades a serem executadas já decididas e qual o conflito que as vias santanenses sofrerão com a mobilização, desses caminhões transportadores de minérios, já que elas se encontram em precária situação?

RP – Definimos abrir diferentes frentes de trabalho. Uma de imediata é a que se refere a socioeconômica e de infraestrutura, ou seja, fazer urgentemente uma pavimentação minimamente adequada e pensada na estratégia de viabilizar o trajeto dos caminhões até o Porto das Docas de Santana. Pois nesse momento deverá ser feito o embarque pela Companhia de Docas, foi o ficou pactuado pelo Grupo.
Iremos realizar uma pavimentação adequada para receber esses caminhões e carretas, criaremos uma via de rolamento exclusiva para eles. Agora, lógico, que haverá problemas paralelos, isso não podemos esconder, pois é uma situação emergencial e o cidadão santanense assim deverá entender.

TA – Com referencia ao Porto da Companhia Docas de Santana, ele tem estrutura e logística para receber e executar de imediato o embarque de minérios e mais os seus serviços (embarque de cavaco, contêineres)?

RP – Com referencia a capacidade do Porto das Docas de Santana, ele não tem a mesma do porto sinistrado, isso no que se refere à questão de minérios, ele não foi preparado para isso. O porto tem a demanda de cavacos da ANCEL, embarque e desembarque de contêiner e há uma terceira movimentação que ainda é pequena, é o embarque de minérios da Zamapá e da Unamgen. Assim está garantido esses serviços e o que sobrar dessa capacidade será aplicado no embarque da  Anglo.  A empresa está trabalhando com uma alternativa de operar com balsa fluente no que sobrou do seu porto.
Já discutimos algumas alternativas no sentido de não inviabilizarmos as atividades minerais do Estado. Se isso acontecer provocará o chamado efeito dominó: atingirá o Porto, a ferrovia, pois sem ter o que transportar pára toda essa cadeia, com exceção do ouro. No que concerne ao ferro, será um impacto que elevará a taxa de desemprego no setor de 2.000 a 3.000 empregos diretos e em torno de 10 mil empregos indiretos. E mais, os empreendimentos.

TA – O que o GEA está fazendo para evitar o desemprego e uma crise econômica no segmento mineral, principalmente nos municípios que dependem do repasse dos royalties, como Santana. Mazagão, Serra do Navio e Pedra Branca do Amapari?

RP – Um dos princípios é esse corredor para o escoamento dos minérios para que não paralisem os serviços e os servidores dessas empresas continuem exercendo suas funções. Quanto aos municípios o impacto será grande em seus orçamentos, a partir já desse mês a economia já começara sentir os efeitos da redução da transferência dos royalties.

TA – A  Estrada de Ferro do Amapá tem a  mesma idade do porto pois os dois se completam e ela já vem sofrendo descarrilamento e as pontes existentes em seus trajetos estão sem manutenção ou reforma há muitos anos. Existe trabalho de prevenção para que não aconteça o pior?

RP – Essa discussão já faz parte da pauta do Grupo de Trabalho. Iremos nos debruçar sobre o assunto. O governador no momento da criação do GT colocou como destaque essa situação e que não se repita o fato na Estrada de Ferro, pois é uma concessão do Estado. Já contatamos com a empresa para que ela nos apresente os investimentos realizados na ferrovia, pois no contrato tem um valor x fixado para serem investidos.

TA – Mudando de assunto, como está industrialização do Estado do Amapá?

RP – Estamos vivendo um momento histórico no Amapá, não existe indústria sem energia, hoje temos três unidades de produção energética sendo construída no estado. O Linhão do Tucurui está chegando assim como a Banda Larga. A partir de 2014 passará a ser gerador de energia. Olhando para isso, o GEA já tem estratégia pronta, uma delas é abrir uma frente de atração de investidores. A outra é e infraestrutura que o estado já está fazendo, investindo em rodovia para o Norte e para o Sul e a instalação de três Distritos Indústrias e fábricas de gelo. Uma é em Calçoene, o distrito Industrial Pesqueiro, uma em Oiapoque e outra em Laranjal do Jarí de estrutura portuária. A intenção é atrair os barcos que pescam na costa amapaense e que levam o pescado para outros estados (Pará e Nordeste). A partir dessa estrutura pronta aportarão aqui, pois teremos  condição portuária para atendê-los.

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