sexta-feira, 19 de abril de 2013



Luis Trindade: Sucesso nos palcos, Nezinho apresenta seus sucessores no humor amapaense.

Fabiana Figueiredo
fabianafb.ap@hotmail.com



É necessária muita coragem, 
força de vontade e satisfa
ção em fazer humor no Estado do Amapá; quem deseja ingressar nessa área como profissão de vida, deve saber que enfrentará muitas dificuldades pelo caminho. Assim como Luis Ferreira Trindade que logo na sua infância se deparou com o mundo das artes e os obstáculos do sucesso.

Luis Trindade, 53 anos, amapaense, casado, pai de quatro filhos, é formado em Economia e especialista em Marketing Político, pela Fundação Getúlio Vargas; entretanto ele atua como jornalista, apresentando o programa Câmera Livre, e como ator e humorista.

Lembranças da boa infância

Luis conta que a vontade de fazer humor veio logo quando criança. "Tivemos uma ótima educação, meu pai tocava, e, além disso, ele fazia o Palhaço Pimentinha, em escolas. Ele se chama Lolito, é um artista, ele foi a minha inspiração; e depois dele tem o meu tio Mané de Banda, que quando eu fazia escola técnica, estudava fora, e nas férias eu ia para o circo do meu tio, onde eu praticamente aprendi a fazer humor, aprendi a entreter o público".

O jornalismo humorístico

"Eu trabalhei em rádio lá em Belém, era um programa policial, eu era o repórter 'Amarelinho', eu dava matéria de polícia de qualquer ponto da cidade; nessas matérias eu colocava humor, por isso que à época o quadro era muito bem visto. Eu geralmente fazia briga de vizinhos, de marido e mulher; e depois fui fazer ele na televisão". O surgimento de um dos seus mais famosos personagens também aconteceu nessa época: "Eu fazia rádio de madrugada, no programa Acorda Cidade, na Amapá FM, com o personagem 'Zé da Cuia'; depois que mudei o nome dele para o Nezinho. Na rádio difusora, eu também fiz o jornalismo com humor, ao lado do jornalista Roberto Gato, ele fazia o lado sério e eu fazia o lado cômico; foi uma revolução, e no interior, principalmente".


O Nezinho do Porrudo

Segundo o próprio Luis Trindade, o Nezinho nasceu de uma pesquisa pelas comunidades ribeirinhas do Estado, tudo com o objetivo de fazer um comercial para a empresa que o contratou exclusivamente e está até hoje. "Passamos, mais ou menos, dois meses elaborando o Nezinho, e nessa pesquisa compusemos a fala dele, até porque a roupa já estava pronta; precisávamos de um bordão, e foi aí que achamos o 'porrudo', que é uma gíria falada em francês e português".
"Todas as outras frases, as sacadas que temos de texto pegaram muito bem, porque ele é um personagem muito leve, que não agride e é extremamente regional, ele tem a cara da gente". Afinal, são cerca de 25 anos de Nezinho do Porrudo, e no cenário do humor do Amapá, ele é um dos poucos que o compõe.

O ator e suas personagens

Além do Nezinho do Porrudo, Luis Trindade também interpreta: a senhora Neves, "uma lavadeira desbocada que lava roupa suja de todas as questões cotidianas, ela é uma analfabeta, mas uma sábia que consegue perceber o cotidiano político, institucional, fala absurdamente de sexo"; tem também o João, um caipira gago que mente, transformando os causos em coisas absurdas e grandiosas, "além da cacofonia, ele tem o defeito da mentira, ele aumenta tudo; então você ri porque ele gagueja e porque ele mente"; por fim, tem a Josefa, uma bicha caipira, que é metida a rica, mas é pobre. 
As parcerias também são recomendadas: Nezinho chegou a se apresentar com Otávio Cézar e Paulo Silvino, apenas no nordeste brasileiro, o que lhe rendeu um sucesso em âmbito nacional; apoio de Nelson Freitas; apresenta a peça "Caçando Muié", com o ator Alcemy Araújo; e, também, com o Sandro do Pará, humorista de stand up performático e que é o atual parceiro de Nezinho. O próximo empreendimento de Luis é a implantação do projeto "Nezinho procurando a vida", que pode não ser o nome definitivo: "Nesse projeto, eu levo novos comediantes para se apresentarem, eles querem participar e outros que querem ser humoristas, como o Jean Nogueira, o Edgar Rodrigues Júnior e o Luiz Fábio; o público gostou muito deles na apresentação que fizeram no ano passado, e ficamos de marcar outra data, que será em Julho".

O Humor no Amapá
Para Luis Trindade, o fazer humor no Amapá "é muito difícil, porque as pessoas acham que as piadas devem ser contadas de graça. Se eu chegar em qualquer lugar hoje, me abordam e pedem para eu contar piada; tudo bem que a abordagem é legal, mas é difícil entender que eu faço algo profissionalmente - que é o teatro -, e fora disso [...]. O que é mais difícil pra gente que faz esse tipo de trabalho é as pessoas darem o verdadeiro valor que tem; sinto falta desse reconhecimento, mas eu acho que nós vamos conseguir mudar isso", afirma.

Para 2013, Luis deseja ir participar - já que foi aprovado - do quadro Quem Chega Lá, junto com Sandro do Pará; e também fortalecer os laços com a Companhia do Humor, de Belém, que será uma espécie de agência para divulgação dos trabalhos de Trindade.

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