sexta-feira, 19 de abril de 2013


Atleta do Passado



       
                                                           










Raimundo Braga, o Raimundinho



Moço pobre nascido no distrito de Fazendinha à 59 anos, veio para Macapá  com 14 anos acompanhando sua família passando a residir na Avenida Euclides da Cunha, bairro da CEA, hoje central. "Logo que aqui chegamos fizemos amizade com a molecada que já residia no local e um dos primeiros sinais de entrosamento da gurizada foi uma partida de futebol. E olha que a rua era só piçarra", narra o divertido Raimundinho.
Ele lembra que o futebol de rua era uma tradição em Macapá, pois em todos os bairros tinha uma área destinada as peladas. Quando não tinha, era na rua mesmo, tudo improvisado. "A bola podia ser qualquer coisa remotamente esférica. Até uma bola de futebol servia. No desespero, usa-se qualquer coisa que role. O gol pode ser feito com o que estiver à mão: tijolos, camisas emboladas, chinelos, os livros da escola. E era só partir para diversão".
Nessa época, os moleques da Euclides da Cunha que formavam os times da rua se profissionalizaram no futebol ou seguiram carreira na área como é o caso do Humberto Moreira radialista e narrador esportivo, Jango Moreira, Carlinho Moreira, Roberto Gato que era pequeno mais dava belos chutes. "Tivemos entre nós o finado Arnaldo Coelho, Pé de légua. E olha que tínhamos até lanche após as partidas. Os times eram cantados e o ruim ia para o gol".
A carreira do Raimundinho, só aconteceu em um clube o Oratório Recreativo Clube,  que foi criado no Bairro Santa Rita e a molecada do bairro corriam para  pertencer ao escrete oratoriano. "Um detalhe, era muito moleque, o Ordoval Moraes, tinha muito trabalho para escolher o melhor entre os melhores que disputavam uma vaga no Oratório. Tudo começava depois da missa na Igreja Nossa Senhora de Fátima, em seguida íamos para o campinho em frente da igreja e começava os jogos.E eu dei sorte de ser escolhido para compor essa grande equipe do futebol. Pois, dali saiu  grandes nomes do futebol amapaense, como foi o  caso do Roberto Gato que foi jogar no Clube do Remo. ".
Raimundo jogava como volante de contenção, antiga cabeça de área. "Joguei mais de dez anos no Oratório, fui um dos fundadores do clube, a equipe era da 2ªdivisão e conquistamos todos os títulos, até que conseguimos derrotar o 13 de setembro e o União e passamos a 1ª Divisão e não era fácil. No profissional joguei somente dois anos".


O cabeça de área relembra dos grandes nomes que teve como parceiros no Oratório, e procurou montar uma equipe de estrelas. "Kamecran e Paulinho, goleiros; Lateral direito Zacarias, Zé Airton e o Toco; zagueiros o Antonio Mendes, Sinval e Marlindo; no meio de campo, Raimundinho, Balalau, Roberto Gato, Lorico, Laercio; na frente Kazeca, Carlinhos Moreira, René. Eram muitos, peço desculpa aos que esqueci".
Na longa carreira oratoriano Raimundinho guarda uma lembrança que ate hoje não consegue esquecer . "Eu não consigo esquecer o jogo entre Oratório e Macapá que perdemos de 1 x 0 nos 45' minutos do segundo tempo. Foi a pior derrota da minha vida".
Tratanto do futebol amapaense atual ele fala que tem uma decepção pela tratamento que os clubes dão aos "prata da casa". "Eles trazem muita gente de fora e que não estão nem ai para o nosso futebol, não tem amor a camisa, são mercenários e nem são tão bons assim. Não vou mais ao estádio. Assisti o jogo do Oratório na Copa do Brasil pela Televisão foi horrível o despreparo técnico da equipe. Foi montado uma equipe em cima da hora, correu muito no primeiro tempo e no segundo tempo "abriu o bico". 
Raimundo relata que a situação do futebol amapaense é a falta de estrutura dos clubes. "Como falei no inicío dessa entrevista, em Macapá tínhamos locais para treinar. Hoje você não tem, e os clubes não possuem centro para esses treinamentos, com exceção do Trem Desportivo Clube e do Santos. O Macapá e o Amapá Clube os mais antigos do estado nem mais sede tem. Onde estão os estádios? O poder público não dá prioridade ao esporte e lazer dos jovens, pois as reformas e construção do Zerão e do Glicério Marques estão há mais de dez anos inacabadas. Como podemos ter um Amapazão digno do torcedor amapaense? Só o nome é grandioso pois no gramado, não temos nada e a torcida já se desacostumou  de ir ao estádio. Para assistir o que?".

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