sexta-feira, 19 de abril de 2013




Tomates não encarecem no mundo da lua

Algumas más notícias, pessoal. Como devem saber, nosso planeta vive em constante estado de tensão, mesmo nesses longos períodos de relativa paz. As provas de um terror iminente - e algumas vezes já presente - estão por toda parte. Começamos a ver isso logo a partir do Brasil.

O tomate, por exemplo. Entre os meses de março e abril, o preço do tomate aumentou cerca de 150%. Em São Paulo, diz-se, um quilo de tomate pode chegar a custar nove reais (em épocas favoráveis, o valor do quilo mantém-se na faixa de R$ 3). Há quem diga (o apresentador Gugu Liberato, por exemplo, que planta tomates em seu rico jardim) que a culpa é das chuvas intensas na região das plantações - localizadas mormente em São Paulo, no Sudeste.

Enquanto isso, no sertão nordestino, seca mais seca do que deveria ser permitido até pela geografia mais impiedosa. Os interiores vivem estiagem que é já considerada a maior dos últimos 40 anos. Mesmo nas cidades litorâneas, de clima mais ameno, a população tem sofrido com a falta de chuvas.
 Em Fortaleza, por exemplo, apesar do problema crônico dos bueiros entupidos e da totalidade de ruas inundadas ao menor sinal de chuva, clama-se por água dos céus. O calor urbano tem se tornado insuportável. Já não se fala em outra coisa que não seja "o sol que não esfria", desde cinco horas da manhã até as cinco da tarde.
É em Fortaleza também que encontramos ainda mais uma amostra de caso  dos problemas que temos enfrentado em todo o país, quiçá em todo o planeta. Trata-se do inchaço urbano; já nenhuma metrópole brasileira escapa à hiperlotação de automóveis. O trânsito dessas grandes cidades, as quais vão crescendo sem infraestrutura que suporte o poder de compra do consumidor que busca algum conforto, tornou-se, em todos os sentidos, inviável. 
Hoje, em Fortaleza, nos horários de pico (de manhã cedinho, no horário de almoço, e à noite, no encerramento da jornada de trabalho), uma viagem que, de ônibus, deveria durar não mais que 40 minutos, chega a duas horas (insiro aqui o atestado de uma experiência própria)!

Enfim, há ainda o medo constante, a violência, os assaltos em todo canto. Chegamos a um ponto em que, antes de sair de casa, logo se pensa em deixar na bolsa ou na carteira todos os pertences "roubáveis", e esconder nos bolsos aquilo que tem mais valor. Vamos à rua com a escolha consciente, ainda que não voluntária, daquilo que poderemos vir a abrir mão sem trauma. Parece que não há saída: compactuamos passivamente com o crime porque não nos resta outra alternativa além dessa; caso contrário, luta-se pelo direito de posse e perde-se a vida. 

E, nesse tão vasto mundo, há ainda a fome, a sede, a dor, a indiferença... E isso sem falar na ameaça de uma Terceira Guerra Mundial, com o fantasma coreano pairando no ar, enquanto um outro coreano, Psy (sim, o do "vírus Gangnam Style") lança seu novo clipe. Não tão contagiante quanto o anterior, mas há esperanças de que se viralize também. 

E Deborah Secco. Deborah Secco que, aparentemente, separou-se do marido, o jogador de futebol. Com isso, arremata-se o nosso desalento. Esses casais famosos... Criam-nos um ideal, alimentam-no, fazendo-nos crer que ali o amor eterno vingou e que jamais será enfraquecido. Vemos o casal perfeito desfilando, desmentindo boatos, calando rumores... E então, pum! Lá se vai o romantismo dourado que você tão carinhosamente projetou sobre outrem.

Mas... Bem, apesar de tanto desamor, de tanta dor e desnorteamento, de certo modo, também trago boas notícias. O propósito principal, desde o início, era dizer isto: acontece que, no mundo da lua, o preço do tomate não sobe. Não vê sentido no que digo? Já verá. 

Trata-se de lembrar a você que um pouco de escape faz bem. Não o escapismo alienante, a fuga sem volta da realidade. Não, porque isso é também nocivo. Mas é importante manter uma parte de si bem guardada naquele lugar ao qual só você tem acesso, encerrado com seus sonhos, anseios, metas... Escapar para lá, de vez em quando, ajuda a manter a sanidade.

Todos esses problemas despejados até aqui servem, afinal, para contrastar com o poder que tem o seu refúgio secreto. Você deve ter um. Pensar em alguém, lembrar-se de algo, conversar com Deus, ver seu filme favorito, ouvir sua banda mais amada, reler seu livro mais marcante, ou simplesmente fechar os olhos e suspirar. Seja como for, fuja para a colina, a sua colina pessoal. E, assim, enquanto o seu ônibus, num trajeto interminável de éons e éons, se arrasta feito lesma caprichosa pelas ruas da cidade, e um rapaz impaciente e um tanto bruto, atrás de você, grita contra o pobre motorista (que não pode fazer o coletivo criar asas), o seu coração estará protegido, guardado naquele lugar onde só a sua mente pode alcançar. O seu lugar feliz. Não o perca nunca.

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