sexta-feira, 3 de maio de 2013

A ausência de uma rede de apoio ao diagnóstico na saúde estadual

No último artigo publicado neste espaço - "Saúde estadual: a modernização tecnológica adormecida", falamos do urgente e necessário investimento que a Secretaria Estadual de Saúde - SESA precisa fazer em tecnologia, sistemas de compras e de gerenciamento de informações para reduzir os custos de medicamentos e equipamentos médicos, evitar o desperdício, combater a corrupção e, conseqüentemente, melhorar a qualidade e acessibilidade aos serviços prestados à população na rede estadual de saúde.

Falamos também de três ferramentas tecnológicas que seriam a coluna vertebral dessa necessária e urgente modernização tecnológica da SESA: a) a "Solução Integrada para Gestão de Compras Públicas" da empresa Bionexo, uma solução eletrônica de gestão de compras hospitalares com uma comunidade de mais de 5.000 fornecedores especializados na área da saúde, o que, dentre várias vantagens, tornaria as licitações da SESA mais rápidas e competitivas, além de economizar recursos públicos; b) conectando-se com essa tecnologia, teríamos a segunda ferramenta, uma solução que viabilizaria a informatização de 100% do processo liticitário e do processo de pagamento dos fornecedores, acabando com a "papelada" e dando maior impessoalidade e transparência a esses processos; e c) por último, falamos do sistema informatizado de gestão hospitalar - o Tasy, da multinacional Philips, por meio do qual conseguiríamos controlar o estoque de medicamentos e gerenciar de forma on-line os hospitais da rede estadual de saúde, com a implantação do prontuário eletrônico dos pacientes, da regulação das urgências e emergências, das consultas, exames, leitos hospitalares e cirurgias, além de interfacear eletrônicamente as demandas e resultados dos exames laboratoriais e por imagem dos hospitais com o prontuário eletrônico dos pacientes, garantindo maior precisão no diagnóstico dos profissionais da saúde e, portanto, maior eficácia no tratamento das doenças.

Paralelamente à implantação dessas três ferramentas, ainda na nossa gestão e durante o processo de elaboração do planejamento da SESA de 2011-2014, os servidores apontaram como meta ter 100% dos hospitais de Macapá e Santana com apoio ao diagnóstico por exames laboratoriais, por imagem, por métodos gráficos, e exames de histopatologia e de citopatologia - estes dois fundamentais à identificação do câncer - devidamente reestruturados e equipados. Além dos hospitais de Macapá e Santana, o planejamento fixou como meta estruturar a rede de apoio ao diagnóstico em todos os hospitais e unidades mistas de saúde dos municípios amapaenses, com conectividade por rede lógica e por internet via rádio.

Executando o planejamento 2011-2014 da SESA, ainda nos primeiros quatro meses de 2011 modernizamos os laboratórios de análises clínicas do Hospital de Clínicas Alberto Lima - HCAL, Hospital da Criança e do Adolescente, Hospital Estadual de Santana, Hospital da Mulher, Hospital de Emergência e do Hospital Estadual de Laranjal do Jarí, colocando equipamentos automatizados e semi-automatizados de hematologia, bioquímica, coagulação, urina, imunologia e hormônios, oferecendo exames antes inexistentes na rede estadual e aumentando a quantidade de exames realizados por dia.

Quando de nossa saída da SESA, os laboratórios de análises clínicas desses hospitais já estavam prontos para serem interligados ao sistema informatizado de gerenciamento hospitalar, com interfaceamento dos resultados dos exames ao prontuário eletrônico dos nossos pacientes. Estava dado o primeiro passo para a implantação da rede de apoio ao diagnóstico.

O laboratório do HCAL já estava entregando o resultado da maioria dos exames dentro do prazo de 24 horas e também estava pronto para entregar os resultados via internet, dando mais comodidade aos pacientes usuários dos serviços de saúde.

Naquele momento, já tínhamos empresas interessadas em assumir emergencialmente a modernização e o funcionamento do laboratório de histopatologia e de citopatologia do HCAL, o que seria uma poderosa arma na prevenção e no combate ao câncer. Outros três passos na execução do planejamento seriam: 1) a modernização dos equipamentos de exames por imagem dos hospitais acima para o padrão digital, o que possibilitaria o interfaceamento da demanda e dos resultados dos exames com o prontuário eletrônico dos
pacientes; 2) a implantação de uma central de laudos, racionalizando a atuação dos nossos profissionais e criando uma alternativa de diagnóstico à distância para os municípios com carência de profissionais; e 3) finalmente, a estruturação da rede de exames laboratoriais e por imagem para apoiar o diagnóstico dos profissionais da saúde em todas as unidades de saúde da rede estadual, o que seria objeto de licitação, cujo processo já estava na fase de levantamento de dados.

Infelizmente, ao invés de dar continuidade na execução do planejamento que vinha sendo implementado, até hoje a SESA não providenciou sequer um link de internet que viabilize o acesso on-line dos resultados dos exames do laboratório do HCAL e, conforme informações constantes de processo judicial que tramita no Tribunal de Justiça do Amapá, toda a modernização alcançada pode ser desmontada, em razão de possíveis vícios na licitação que a SESA realizou recentemente, o que originará mais uma briga judicial interminável na área da saúde, com sérios e irremediáveis prejuízos à saúde dos cidadãos e cidadãs amapaenses.

É uma pena! Sem tecnologia de ponta para realização de exames, nossos profissionais da saúde ficam restritos à intuição e ao empirismo para fazerem seus diagnósticos, o que, em pleno século do conhecimento e da tecnologia, é inaceitável.

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