A cultura brasileira, ocidentalizada, está muito atrelada à civilização grega e romana. Daí a explicação semântica para o termo cidadania. A origem vem do latim, "Civitas", que significa cidade. Então cidadania é um conjunto de direitos e deveres no qual o homem e a mulher estão sujeitos, em relação à sociedade em que vivem.
Mas quando uma pessoa pode, então, ser considerada cidadã: quando vota? Apenas este ato que legitima o processo da democracia representativa é suficiente para que alguém possa ser considerado um cidadão? Claro que não! É necessário que esta pessoa consiga identificar, com clareza, seu papel dentro da sociedade, inclusive, tendo consciência de seus direitos e deveres. Não podemos atribuir ao voto compulsório, como ocorre no Brasil, um ato de democracia. A democracia pressupõe livre arbítrio. Votar ou não deveria ser uma faculdade do homem consciente.
Mas num país onde professores são tratados como cidadãos de segunda categoria, quando vamos ter o conjunto da sociedade compreendendo que é ele, o responsável por conduzir um bom cidadão ou cidadã para comandar o país, o estado ou o município? Impossível. Os incautos são vítimas fáceis para o fisiologismo e proselitismo dos maus cidadãos, que veem na representação pública, e nas três esferas de poder, uma forma para alcançar patamares privilegiados da sociedade através de comportamentos nada republicanos. E o que seria o bom? Óbvio, que aquele ou aquela que compreendesse que suas ações deveriam sempre estar direcionadas a atender a necessidade da maioria absoluta, e superlativa da sociedade, e não de grupos minoritários.
Essas figuras raras, muitas vezes se arvoram, de forma tímida e modesta, a colocar seus nomes a apreciação popular para cargos no executivo e legislativo, porém, o sistema corrupto os empana e, evidentemente, que a necessidade imediata dos ignorantes e excluídos os coloca fora do páreo. Daí, não raro acompanharmos parlamentares usando mandato para amealhar pequenas fortunas e consequentemente, fazer fundo de caixa para a próxima campanha.
No Amapá vivemos um exemplo clássico dessa prática nefasta que deveria ser varrida do país, como muitas doenças de contágio foram. Os professores no Amapá foram enganados pelo governador, que teve a colaboração direta de treze deputados, que aprovaram um projeto de lei dragoniano para a categoria, pois incorpora a regência de classe uma gratificação que corresponde a 100% do vencimento, para justificar o pagamento do Piso Nacional que foi uma lei aprovada pelo Supremo Tribunal Federal. No direito de protestarem, foram agredidos e espancados por seguranças da Assembléia Legislativa que trataram os professores como bandidos. Alguns, até detidos foram. Toda ação provoca uma reação em sentido contrário e com a mesma força e intensidade. Lei da Física. Camilo Capiberibe, o tirano, não gostou de ser agredido pelos professores, que lhe deram tratamento isonômico.
O governador tem prazo para rever o ato covarde, senão a educação pára, pois ela não é feita pelas paredes frias de concreto armado e, tão pouco, por carteiras e giz. São seres humanos, pessoas com o dom de ensinar, que fazem dessa profissão um verdadeiro sacerdócio.
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