Thiago Gomes
Fabiana Figueiredo
fabianafb.ap@hotmail.com
Essa semana, você conhecerá um jovem que está iniciando sua carreira na poesia amapaense e mostrando-se como um poeta amoroso por sua terra e por seus amores. Thiago Gomes Soeiro, 24 anos, é metade paraense, metade amapaense, é, também, jornalista, blogueiros e se dedica a declamar poesias de maneira performática.
Thiago Soeiro possui, desde 2009, o Blog Amor Cafona, onde, como ele define, "no início era um blog misto, eu colocava músicas, textos de maneira corrida, nada dentro da forma poética; hoje ele já é um blog de poesia, com amplitude para outras redes sociais; ele existe desde 2011, quando eu tive um maior envolvimento com a literatura".
Conheceu a poesia após um trabalho da faculdade onde cursa Jornalismo. "Em 2010, surgiu a oportunidade de fazer uma crônica, e fui fazer sobre o Grupo de Poesia Boca da Noite; meu primeiro contato amplo com a literatura, onde me deu a possibilidade de conhecer várias pessoas, depois que fui fazer a matéria, comecei a participar dos encontros que eram todas as sextas-feiras", conta.
Um tempo depois, ele criou o grupo de poesia Poema de Quinta, com Janete Lacerda e Aline Monteiro, entretanto durou apenas seis meses, mas os escritores seguiram suas carreiras em outros grupos poéticos e lançando livros. "Era sempre depois das 20 horas, porque assim a gente poderia ler todo tipo de poema [...]. Eu escrevia por escrever, como um subterfúgio, queria desabafar e escrevia um poema. Com elas, pude ter outra dimensão da literatura".
Nessa trajetória, Thiago conta que conheceu o poeta Pedro Stkls, com quem criou o grupo poético Poetas Azuis, no ano passado. "É um grupo de performance poética, onde trabalhamos a poesia falada, tentando chegar o mais próximo da conversação. Foi onde eu comecei a me apaixonar mais pela literatura, em poder levar a literatura de forma mais compreensível [...]. Um poema bem dito, por mais arcaico que for, se torna interessante e atrai as pessoas".
O escritor
Soeiro é dividido entre o Jornalismo e a Poesia: "Hoje em dia a poesia ocupa uma grande parte da minha vida, significa muito, é uma coisa que eu faço e gosto bastante. Nesses últimos dois anos, eu dividi muito ela com o jornalismo, algo que eu também gosto muito de fazer. [...] Não tenho uma ilusão de viver de literatura, porque no Brasil isso não é possível ainda; tenho planos de lançar livros, mas infelizmente ainda é um custo muito caro, então isso fica mais para o futuro".
Sobre seus objetivos na carreira, ele afirma: "pretendo conquistar meu público, mostrar meu trabalho para fora do Estado. Isso é ambição de todo escritor, que quer ser lido e receber críticas, claro". Thiago também define que "a literatura é totalmente livre, você escreve sobre o que quiser, e tem pessoas que vão gostar ou não. Tem gente que não gosta do meu ultrarromantismo, mas é meu ponto de vista, como vejo algumas coisas".
No meio da entrevista, empolgado, Soeiro declama poesias; afinal, ele tem mais de 300 textos produzidos em três anos. Ele também confessa que não tem uma rotina para escrever. "Eu gosto mais de quando parte da inspiração, quando sinto algo e escrevo; mas quando sento para escrever, escrevo vários".
Para as inspirações, "um escritor que eu gosto de quase tudo que leio é Mario Quintana [poeta preferido de Thiago; segundo ele, porque escreve muito bem e de quem decorou seu primeiro poema "Bilhete", no livro Nariz de Vidro]; gosto também do Manoel de Barros, porque ele escreve de uma perspectiva muito diferente e me interessa; gosto de Adélia Prado, Elisa Lucinda, e da escritora amapaense Eliude Viana, que escreve muito bem".
Os Grupos Poéticos
Atualmente, Thiago Soeiro faz parte da Associação Literária Abeporá das Palavras, um grupo de ensino, produção e declamação poética. O jovem poeta comenta que, no Amapá, os grupos começaram a se engajar mais para poder mostrar o melhor da poesia amapaense. "Naquela época, o Boca da Noite era o que estava mais em evidência. A literatura ganhou um 'boom' e, de 2011 para cá, os grupos estão produzindo mais, se apresentam mais; como o Tatamirô, o Abeporá, o Pena e Pergaminho, o Boca Miúda, os Poetas Azuis. É uma explosão de literatura, mas mesmo assim ainda acho que é pouco reconhecido, as pessoas veem mais como teatro do que como poesia". Com esse grupo, Soeiro pretende participar Festa Literária Internacional de Parati (Flip), um dos eventos literários mais importantes do país.
A poesia já lhe proporcionou diversas experiências e resultados, como ministrar oficinas para crianças no bairro Perpétuo Socorro, e declamações de poemas na Ilha de Santana. "As pessoas te veem falando poesia e isso as envolve, como os meninos da Escola Almirante Barroso, em Santana, que ficaram tão envolvidos com a poesia, criaram um grupo e querem fazer um Sarau lá, estão bastante empolgados". Com isso, o poeta Thiago Soeiro conclui: "A poesia não te dá tantos luxos, mas ela te dá grandes prazeres".
Nenhum comentário:
Postar um comentário