Thais Pucci
Da Reportagem
Desativado desde o ano 2000 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais enováveis (IBAMA) por não ter conseguido se adequar as mudanças na legislação ambiental e aos padrões estabelecidos pelo órgão, o Parque Natural Municipal Arivaldo Barreto, mais conhecido pela população amapaense como Parque Zoobotânico, atendendo ao pedido do Instituto, funciona apenas de forma administrativa.
O antigo Parque Zoobotânico Municipal de Macapá, criado em 31 de março de 1997, ocupa uma área de 107,11 hectares destinados à pesquisa, recreação, cultura e lazer. Para ter uma noção da dimensão da grandeza do espaço, imagine que um campo de futebol tem aproximadamente um hectare.
O lugar contou com uma enorme diversidade botânica e um zoológico com cerca de 200 animais silvestres da Floresta Amazônica, de 25 espécies nativas, que foram apreendidos, doados ou recolhidos pelo IBAMA, como onças, antas, macacos e araras. Hoje, restam pouco mais de 60 animais presos em viveiros e soltos pelo Parque.
O parque já foi referência de três ecossistemas do estado: a floresta densa, o cerrado e a ressaca, e era uma zona natural preservada, com diversas árvores catalogadas, trilhas para caminhadas, e grandes exemplos da fauna e da flora da região. Ele já serviu de campus experimental da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, laboratório etnobotânico do Sacaca e muitos estudantes amapaenses tiveram suas primeiras aulas de educação ambiental no local.
Desativado para a visitação do público há mais de uma década, devido à má conservação, estrutural e dos logradouros para animais, além de ausência de segurança para os visitantes, atualmente, o local é vigiado por guardas ambientais e conta uma equipe de 16 funcionários no quadro efetivo, responsáveis pela conservação e manejo do parque.
Diversas visitas técnicas foram feitas desde a abertura do Parque, uma delas em 2006, durante a operação nacional e vistoria nos zoológicos brasileiros promovido pelo IBAMA, resultou no ano seguinte na assinatura do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC). O documento possui nove páginas sobre os deveres e responsabilidades da coordenação do Parque. Em 2008, mais uma visita feita por técnicos ambientais e representantes do Governo e Ministério Público estadual, avaliou o novo projeto de revitalização.
Em 2011, foi realizada na Justiça Federal uma audiência para discutir a situação de abandono do Parque e no ano seguinte, foi criada a Fundação Parque Zoobotânico Municipal Arivaldo Gomes Barreto, que garantida por lei, ficaria responsável pelo local em regime jurídico e financeiro. Entretanto, o trabalho de criação da fundação não foi concluído. No final do ano passado, o Avaaz (portal online de campanhas comunitárias de mudanças e preservação) propôs que duas mil pessoas assinassem a petição do projeto de revitalização do Parque, que aguardava a liberação de verba da Presidente Dilma para o início das obras. A presidência da república tinha até o dia 30 de dezembro para empenhar a verba necessária para o começo da reforma em 2013. Contudo, o mesmo só teve a adesão de 1.162 assinaturas.
A promessa é que o mesmo passará por reformas ainda este ano, objetivando readequar e ampliar os espaços onde, hoje, vivem os animais e reabrir para a visitação pública. O projeto de revitalização aguarda nova liberação de verba para o início das obras. Um recurso de R$ 15 milhões foi obtido junto ao Ministério de Meio Ambiente, entretanto, devido a problemas de administração, o prazo de uso venceu, e foi devolvido para a União.
O projeto atual prevê a recuperação de 27 hectares, incluindo a área de conservação dos animais e o paisagismo. Existe ainda a possibilidade de este projeto ser encaminhado ao Fundo Amazônia, programa do Governo Federal, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que capta recursos para projetos de conservação e preservação ambiental. Ele prevê conceitos modernos de arquitetura ecológica, são necessários alguns estudos, o detalhamento executivo, e a aprovação do IBAMA Amapá, para que o conjunto de obras seja executado.
Em janeiro deste ano a Prefeitura Municipal de Macapá e o Governo do Estado firmaram uma parceria com o intuito de garantir a segurança, o monitoramento e a fiscalização do Parque. Com o mapeamento da área para a descoberta de pontos de acesso, buscas na mata feita por cães farejadores e a realização de cursos de capacitação específicos para o Grupamento Ambiental, os órgãos pretendem impedir a entrada de caçadores, sumiço e morte de animais e a entrada indevida de pessoas. Nesta parceria, não estão inclusos processos para a recuperação do espaço e reabertura para os cidadãos tucujus.
Segundo a Prefeitura, teve início em maio a realização de serviços de capina, varrição, poda e conserto da parte hidráulica, como parte das medidas de recuperação do Parque. "As passarelas estavam cheias de entulhos, com árvores caídas, as galerias apresentavam uma vegetação serrada e densa", comentou o diretor de Arborização da Semam, Carlos Éden.
Ainda segundo a PMM, a proposta é elaborar ou adaptar um projeto que capte recursos para execução das medidas de readequação às leis ambientais, incluindo a renovação da flora com mudas de plantas ornamentais, para que o Parque possa reabrir para o público nos próximos anos.
Um dos principais pontos turísticos da cidade, e único ponto de preservação ecológico na zona periurbana de Macapá, por mais que esteja limpo, ainda não está recuperado e não está nas prioridades do Poder Público. E de nada adiantam as constatações do estado preocupante em que se encontra o Parque. Os governantes precisam olhar com carinho para este que é um patrimônio de todos os amapaenses, e a grande parte deles nunca teve a oportunidade de conhecê-lo. Todas as ações para salvar a vida dos animais em extinção existentes no local e a pronta reabertura do Parque devem ser feitas de imediato, para que as novas gerações se orgulhem em morar na cidade que é o portão de entrada do Estado mais preservado do Brasil.
Enquanto isso no Rio de Janeiro...
Um verdadeiro santuário ecológico!
Localizado no bairro do Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro, seus 54 hectares contemplam cerca de 6500 espécies raras da flora brasileira e estrangeira (algumas ameaçadas de extinção), ao ar livre e em estufas, e serve como opção de lazer para os moradores e turistas da cidade. Em meio ao canto de curiós e sabiás, garças, bem-te-vis e borboletas, o espaço possui um violetário, uma coleção de plantas medicinais, e a maior coleção dos cactos do Brasil.
Uma das mais belas e bem preservadas áreas verdes da cidade, abriga monumentos de valor histórico, artístico, cultural e arqueológico, possui 8200 exemplares da coleção viva do jardim, 3300 plantas desidratadas, uma carpoteca (coleção científica de frutos) com 5800 frutos secos, uma xiloteca (arquivo de madeiras) com 8000 amostras de madeira e a mais completa biblioteca de botânica do país com cerca de 66000 volumes e 3000 obras raras.
Aberto a visitação pública em horário restrito de funcionamento e mediante cobrança de taxa, o visitante pode passear utilizando o mapa informativo, ou "Guia de Visitação", e há também guias credenciados e informações em diversos idiomas. Os pequeninos podem andar descalços e brincar com conforto e segurança em um parquinho ao ar livre, que conta com casinha de madeira, escorrega, gangorra e balanço. O espaço dedicado a eles possui banheiro infantil, areia limpa e um quiosque com cardápio próprio para crianças, onde aprendem a respeitar e amar a natureza desde cedo.
Na última semana, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou que o perímetro do Jardim Botânico, será estendido e ocupará uma área de 132,5 hectares, com o objetivo de transformá-lo em um centro de referência internacional em botânica. O projeto prevê a expansão da coleção de plantas brasileiras de Mata Atlântica na área do Jardim Botânico, além de incentivos à Escola Nacional de Botânica Tropical, expansão na área de biotecnologia, estruturação de laboratório para sequenciamento molecular, ampliação de viveiros de espécies nativas e consolidação do complexo sociocultural do parque.
O Ministério do Meio Ambiente montou um escritório dentro do próprio Jardim Botânico para que seja feito o recadastramento das 525 famílias que possuem casas dentro dos limites e mais de 200 delas em áreas de risco, que terão que ser removidas. Em seguida, serão construídas soluções habitacionais para estas famílias.
Momentos Históricos
Fundado em 13 de junho de 1808 por D. João VI, príncipe regente na época, sua origem remonta à transferência da corte portuguesa para o Brasil. Foi criado com o objetivo de aclimatar as especiarias oriundas das Índias Orientais, como noz-moscada, canela e pimenta-do-reino. As primeiras plantas que o integraram, vieram das ilhas Maurício, do jardim La Plampemousse, oferecidas a D.João, por Luiz de Abreu Vieira e Silva. Entre elas estava a Palma Mater, uma das palmeiras imperiais mais antigas do Jardim. A primeira muda de sua espécie a chegar ao Brasil foi plantada pelo príncipe-regente e derrubada por um raio em 1972, quando possuía mais de 38 metros. Cerca de 140 exemplares estão enfileirados numa extensão de 740 metros, na entrada do Jardim.
Com a proclamação da independência do Brasil (1822), o Real Horto foi aberto à visitação pública como Real Jardim Botânico. Mais tarde, passou a se chamar Imperial Jardim Botânico, quando foi feito um catálogo das plantas ali cultivadas. Com a proclamação da república brasileira, passou a ser denominado Jardim Botânico, e a partir de então, receberia diversos visitantes ilustres, como Albert Einstein e a rainha Isabel II do Reino Unido.
Em 1991, o jardim passou por dificuldades de manutenção e conservação, porém um grupo de empresas públicas e privadas formou-se para auxiliá-lo. No início do século XXI, o muro do jardim na Rua Pacheco Leão foi demolido, dando lugar a uma grade, melhorando a sua integração paisagística com o bairro.
*Chafariz Central ou Chafariz das Musas, está posicionado no ponto de encontro das aléias (ruas), foi fabricado na Inglaterra, e possui em uma de suas duas bacias, quatro figuras que representam a música, a poesia, a ciência e a arte.
*Solar da Imperatriz, associado ao primeiro engenho de açúcar na então capitania do Rio de Janeiro, possuiu no pavimento térreo, uma senzala, onde eram mantidos os escravos da propriedade. Em 2001, após ser restaurado, ganhou a Escola Nacional de Botânica Tropical - a primeira no gênero na América Latina.
*Casa dos Pilões, constitui-se em núcleo arqueológico representativo da atividade da antiga fábrica de pólvora.
*Aqueduto da Levada, tombado pelo IPHAN em 2005, o monumento tinha o objetivo de ordenar o curso das águas pluviais para o jardim botânico. Passou por uma reintegração ao espaço por meio da recuperação paisagística e da sua articulação com o "Caminho da Mata Atlântica" e outros acessos.
*Caminho da Mata Atlântica, com aproximadamente 600 metros de extensão, é um caminho aberto num fragmento preservado da Mata Atlântica.
*Memorial Mestre Valentim é uma homenagem ao autor das primeiras obras em metal fundidas no Brasil, abrigando peças provenientes da demolição da antiga fonte das Marrecas, no Passeio Público (1905).
*Lago Frei Leandro, é uma homenagem ao primeiro diretor do Jardim Botânico, de 1824 a 1829. Com vitórias-régias e ninfeias em seu espelho d'água, é decorado por uma escultura da deusa Tétis em ferro.
*O Cômoro, possui uma grande mesa de granito, onde, primeiro dom Pedro I e, mais tarde, dom Pedro II, faziam os seus lanches, e um relógio de sol. Ele é encimado por um caramanchão, chamada "Casa de Cedros".
*Orquidário, é uma estufa construída no final do século XIX, que abriga mais de três mil exemplares de 600 espécies diferentes de orquídeas, além de plantas ornamentais como antúrios, filodendros, avencas e samambaias, em um conjunto de dois mil vasos. Desde 1996, o joalheiro Antônio Bernardo adotou a coleção, assumindo a responsabilidade pela recuperação e manutenção das plantas.
*Bromeliário, o maior do Rio de Janeiro, com 1700 exemplares das Américas do Sul e Central, entre as encontradas na Amazônia e Mata Atlântica.
*Insetívoras, estão em uma estufa, onde capturam e digerem insetos, atraindo a atenção do público infantil.
*Jardim Sensorial, destina-se particularmente à apreciação pelos deficientes visuais, pois foi criado de maneira a que suas plantas, aromáticas e de diversas texturas, possam ser tocadas e cheiradas pelos visitantes, além de identificadas por placas em braille.
* Região Amazônica, com diversos exemplares em extinção, entre seringueiras, babaçus, andirobas, cacaueiros e pau-mulato, esta última espécie que chama a atenção pela mudança de cor a cada época do ano, este trecho ainda possui uma cabana de sapê e a estátua de um caboclo da região.
*Jardim Japonês, criado com 65 espécies de plantas típicas do Japão, doadas pela Missão Econômica Japonesa, ele possui um jardim de pedras, bonsais, bambus, cerejeiras, buquês de noiva e salgueiros-chorões, além de dois lagos com carpas e flores de lótus.
*Arboreto, nove mil espécies vegetais representam ecossistemas brasileiros e de outros países, com 197 canteiros de coleções de plantas, quatro lagos com vitórias-régias, além de seis jardins temáticos: roseiral, medicinal, sensorial, bíblico, japonês e beija-flores.
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