Mais realista que o rei
A Tribuna Amapaense tem dado farto espaço para divulgar reportagens que atingem o senador Randolfe Rodrigues. Este jornal não faz oposição a este senhor, tão pouco será silente às denúncias que chegam à redação que dizem respeito a sua vida pública.
Na realidade estamos cumprindo o sacrossanto dever de informar a sociedade sobre o comportamento público de seus representantes. Randolfe foi denunciado como beneficiário do "jaraqui" do Capiberibe (Pai) quando governador. Dinheiro dado por fora à parlamentares que davam sustentação política ao governo da época na Assembleia Legislativa. Ricardo Molina periciou os recibos e disse que são verdadeiros. Um fato jornalístico de interesse da sociedade brasileira e, em especial, a amapaense. Nossa reportagem procurou o senador para lhe ouvir sobre o fato. Silêncio!
Nessa edição estamos mostrando ao leitor da Tribuna Amapaense que o senador Randolfe Rodrigues faltou com a verdade junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) quando fez sua declaração de bens para concorrer às eleições de 2010. Mas uma vez tentamos ouvir o senador e sua assessoria disse que era impossível o senador Randolfe falar com este jornal, pois estávamos fazendo matéria contra ele. Entendemos essas cabeças tacanhas. Afinal, são assessores dele, assim como Jorvel Veronesse, delegado que comandou a Operação Mãos Limpas no Amapá. Uma estranha coincidência, mas não vale suposição. O bom jornalismo se pauta em fatos concretos. Randolfe Rodrigues precisa explicar porque escondeu seu patrimônio da sociedade que o elegeu.
O jornal Tribuna Amapaense é um semanário, um jornal modesto e que sobrevive com muita dificuldade, talvez ai esteja a razão do grande senador Randolfe Rodrigues, homem requisitado pela grande mídia, sobretudo quando a pauta é moralidade e ética nos ignorar. Todos os amapaenses acompanharam com um baita orgulho o Amapá ter um parlamentar como referência num quesito em que os políticos amapaenses são tão criticados, mas não podemos compactuar com engodo. Não pode a Tribuna fazer de conta que as denúncias contra o senador não existem. Estaríamos embargando no trem da hipocrisia que passeia lotado pelas ruas e avenidas do Estado do Amapá.
Nos frustramos quando percebemos que nosso trabalho de apuração e divulgação desses fatos lamentáveis e graves caem num imenso vazio, pois os órgãos responsáveis pela formulação de denúncias se omitem. Não nos antecipamos em condenar, mas gostaríamos de ver tais fatos apurados e a verdade sendo posta às claras para os cidadãos que acreditaram num discurso e numa proposta de fazer política diferente.
Mas a frustração que nos acomete não será suficiente para recuarmos de fazer o bom jornalismo, o jornalismo que espõe a razão da sociedade, vítima maior das mentiras e dos "bons" moços.
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