Acordo
Brasil e França
É
retirado de pauta no Plenário da Câmara Federal
Reinaldo Coelho
Da Reportagem
Deputado Federal Bala Rocha(PDT/AP) |
Parlamentares e autoridades do Amapá fizeram duras críticas a um acordo
firmado entre Brasil e França sobre
fiscalização e repressão ao garimpo ilegal na fronteira do estado com a Guiana
Francesa. O acordo (Mensagem 668/09) foi assinado em 2008 para conter os danos
socioambientais da exploração de ouro ao longo dos cerca de 350 km em que o rio
Oiapoque separa o Amapá da Guiana Francesa. Texto assinado pelos ex-presidentes
Lula e Sarkozy, prevê regras mais rígidas para a pesquisa e a lavra de ouro na
fronteira entre o Amapá e a Guiana Francesa. Autoridades amapaenses dizem que a
medida resultará no enfraquecimento da economia local e na expulsão de
brasileiros que trabalham em garimpos no território francês.
Desembargador Gilberto Pinheiro, |
O Diretor-Geral da Escola Judicial do Amapá, Desembargador Gilberto
Pinheiro, participou na Câmara Federal, em Brasília, de audiência pública que
debateu os termos do acordo entre Brasil e França sobre a exploração ilegal de
ouro em zonas protegidas na fronteira do Amapá e da Guiana Francesa.
O magistrado destacou que o acordo, além de ferir a Constituição
Federal, a Declaração dos Direitos Humanos, vai criar uma zona internacional na
Amazônia. O magistrado disse
ainda que o acordo ofende a soberania nacional e o Brasil que não tem nenhum
problema de fronteiras, visto que o Barão do Rio Branco resolveu todos os
litígios envolvendo áreas fronteiriças, inclusive a questão do Contestado com a
França. “A criação dessas zonas protegidas ou de interesse patrimonial,
situadas nessa faixa de nossa fronteira, é na realidade a materialização de
zonas internacionais”, ressaltou o desembargador.
Como parte dessa fiscalização na fronteira ficaria a cargo do Exército
brasileiro, o Geólogo Antônio Feijão teme que haja uma submissão das
autoridades e da legislação nacional, caso o acordo seja aprovado. “A função
lamentável desse documento bilateral é transformar nosso Exército em uma
subpolícia da Guiana Francesa. Lamentavelmente, teremos mais uma lei para
criminalizar o difícil mundo da mineração garimpeira. A França, que tem a sua
Constituição embasada em igualdade, liberdade e fraternidade, traz para nós uma
ditadura, uma inibição da Constituição brasileira dentro do nosso território”,
sustenta.
CCJC aprova acordo
Deputada Janete Capiberibe (PSB/AP) |
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados
aprovou, nesta terça, 20, o Projeto de Decreto Legislativo 1055/2013, que trata
do Acordo entre os governos do Brasil e da França. A deputada Janete Capiberibe
(PSB/AP), no inverso das análises apresentados por autoridades amapaenses,
tanto Legislativo, quanto do Judiciário
que demonstraram tecnica e saocialmente o prejuízo político e social que
tal acordo trará para a soberania local, como relatora na Comissão da Amazônia,
avaliou que a demora prejudicou o Amapá e o Brasil e otou pela aprovação do
acordo e foi seguida pelos seus pares. A proposta, foi para votação no Plenário
da Câmara.
Porém, no Plenário da Câmara Federal, em clima tenso e de grande debate
o Acordo não foi aprovado e sim retirado da pauta de votações, após pressão dos
deputados federais Bala Rocha (PDT-AP), Dalva Figueiredo (PT-AP) e Davi
Alcolumbre (DEM-AP), o item foi removido e só deve voltar à pauta após acordo
para votação e alguma compensação para a região fronteiriça, prejudicada com a
rubrica.
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