sexta-feira, 16 de agosto de 2013

EDITORIAL=====================================================

O Estado parado no tempo

O Amapá ainda é um Estado que parou no tempo. Vive no Brasil agrário do começo do Século XX até o fim da década de 50, e que Juscelino transformou com os primórdios da industrialização. No entanto, ficamos no tempo da enxada do caboclo da roça, da casa de sapê, que planta para comer. Nossos setores primários nem de longe significam um alavanque econômico. Na verdade, nem chegam a 5% por um único motivo: a falta de visão e consequentes investimentos. Enquanto o restante do País se sustenta com sua agricultura, nós, com solo propício ao plantio, compramos tudo de fora pois o que produzimos, devido à falta de incentivo, fica mais caro. Temos inúmeros búfalos nos pastos em número suficiente para ocuparmos a segunda colocação em rebanho. Mas não podemos lucrar um quilo sequer desta carne quando o assunto é exportação. Nosso gado é de alto risco, ninguém quer. No rios a pesca enfrenta a mesma falta de ação. Burocracia e falta de estrutura encarece o que é trazido para as feiras e mercados. No balcão, resta ao consumidor apenas reclamar do preço de um peixe fisgado a poucos quilômetros. Para se ter uma ideia, o frango trazido do Sul do País e que atravessou inúmeros Estados até aqui chega a ser mais barato que nosso peixe regional. Esta é a terra do contra senso. Estamos parados no tempo, como em uma fotografia amarelada que governos que entram e saem se recusam a ver. No atual contexto, o pensamento sobre agricultura e apoio ao produtor se resume em realizar feiras no meio da rua e a pagar caminhões para transportar estes produtores até a capital, o que compromete quase todo o orçamento da Secretaria da Agricultura. Enquanto isso, a tecnologia de ponta já eleva safras, gera renda, emprego, fixa o homem na terra, aumenta o PIB de outros Estados. E nós no cabo da “enxada”, com aspas destacadas. Filhos do atraso em uma época onde o mundo não para. O que somos para o resto do Brasil enquanto o resto do Brasil produz e é industrializado? Somos o retrato do atraso, fossilizado, congelado na foto amarela de álbum antigo empoeirado e esquecido no fundo da gaveta trancada de um armário no fundo do quarto. Torçamos para que algum dia alguém com outras ideias resolva abrir a fechadura e nos mostrar o mundo lá fora.

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